Sob a autorização da Capcom e da Sunsoft, a WayForward e a Limited Run estão lançando Clock Tower: Rewind para as plataformas atuais. Quase 30 anos após seu lançamento original para o SNES, o primeiro game da franquia finalmente está disponível de forma oficial para os jogadores de todo o mundo, em um pacote aprimorado e repleto de conteúdos bônus.
Desenvolvimento: Human Entertainment, Limited Run Games, WayForward
Distribuição: WayForward, Limited Run Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox Series X|S, Switch
Duração: 3 horas (campanha)
Fugindo de um perseguidor
Produzida originalmente pela Human Entertainment, a campanha de Clock Tower retrata o terror de Jennifer Simpson, uma garota de 14 anos que cresceu em um orfanato e foi adotada junto com seus amigos por Bobby Barrows, um ricaço que vive em uma mansão localizada em uma região misteriosa. Ao chegar no casarão, que impressiona por sua grandiosidade e por sua torre do relógio, todas as pessoas desaparecem repentinamente enquanto Jennifer passa a ser caçada pelo Scissorman, um residente malvado dessa mansão que carrega uma enorme tesoura.
Clock Tower é praticamente um slasher cujo objetivo é sobreviver às tesouradas do perseguidor, e como é preciso apontar e clicar em itens, personagens e objetos na tela, o título é ideal para ser jogado com um mouse. Contudo, a jogabilidade é limitada, permitindo apenas mover a protagonista para diferentes lados dos cenários e usar o cursor nas interações. Como Jennifer é uma pessoa comum em uma situação de extremo estresse, ela não tem habilidades suficientes para enfrentar o vilão diretamente, precisando vencê-lo com inteligência. Se Jennifer for pega pelo perseguidor, ela pode morrer ou entrar em pânico, sendo necessário acalmá-la pressionando um botão rapidamente.
Ficar constantemente em situações de perigo é normal, especialmente porque todo o design do jogo é bastante obtuso. Clock Tower mantém a tradição da época de não explicar nada a seu respeito e deixar que o jogador se vire e descubra tudo por si só. Isso, claro, preserva a mística do survival horror de uma forma satisfatória, mas pode não agradar a todos os jogadores, que podem preferir uma experiência mais acessível, talvez limitando um pouco o público em potencial dessa remasterização.
Aprimoramentos e adições
A edição Rewind traz vários aprimoramentos ao clássico, permitindo que a jogatina seja salva a qualquer momento e também retrocedida, facilitando a reversão de movimentos errados. Além disso, os desenvolvedores restauraram todo o material da edição First Fear, a conversão do jogo para PlayStation, e adicionaram um reprodutor da trilha sonora, materiais de divulgação, animações especiais e até quadrinhos que aprofundam a narrativa e lore de Clock Tower. O relançamento também inclui uma interessante entrevista com Hifumi Kono, diretor do jogo original, na qual ele reflete sobre o título e especula sobre um possível futuro da franquia.
A versão original do Super Nintendo também está disponível para ser jogada, mas considerando a presença de uma edição notavelmente superior no mesmo pacote, existem poucos motivos para optar por ela. Entretanto, independentemente da versão, o título não possui dublagem (natural para época), e embora os produtores tenham preparado várias localizações adicionais em adição aos textos em japonês, o português não foi um dos idiomas contemplados.
Em geral, o jogo não foi bem adaptado para resoluções maiores, havendo apenas um filtro de TV de tubo que é insuficiente para representar os visuais em uma qualidade aceitável para telas modernas. Apesar da equipe de desenvolvimento ter acertado em relação ao conteúdo, o lado técnico deixa a desejar – ainda assim, essa é a versão definitiva do título, que felizmente está disponível oficialmente, que é o mais importante.
O primeiro medo, mas outros melhores vieram depois
Clock Tower: Rewind, apesar de ser competente no que se propõe, é somente mais uma versão de um jogo que tem uma gameplay limitada e que envelheceu bastante, valendo a pena conferir o pacote por seu valor antropológico na história do terror interativo. Todas as mecânicas apresentadas aqui foram aprimoradas nos lançamentos subsequentes da franquia, que, infelizmente, não alcançou um sucesso comercial duradouro, mas que rendeu obras excelentes, como Clock Tower 3 e Haunting Ground, seu sucessor espiritual. Como as atuais donas da propriedade intelectual parecem dispostas a retrabalhar a série, seria excelente ver remasterizações dos outros títulos da saga.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno