Os anos 1990 foram uma época muito frutífera para os games, trazendo consigo uma infinidade de títulos que se tornaram clássicos e arrebataram uma legião de fãs, sejam nos fliperamas de cada esquina ou nos consoles que começavam a habitar cada vez mais casas. Mesmo assim, muitos títulos ficaram só no papel e nunca viram a luz do dia, como é o caso de Clockwork Aquario.
Este título seria lançado originalmente em 1992 para a placa System 18 da Sega, que foi responsável por levar aos arcades clássicos como Shadow Dancer e Michael Jackson’s Moonwalker e serviu de base para o projeto do Mega Drive/Sega Genesis. Entretanto, a ascensão dos jogos 3D e das máquinas com jogos de luta fez com que Clockwork Aquario fosse engavetado de vez.
Em 2017, a Strictly Limited Games comprou os direitos deste título, que seria o último da lendária Westone para a Sega. Assim, a ININ Games, empresa-irmã da Stricly, se reuniu com membros da Westone daquela época, inclusive com seu co-fundador Ryuichi Nishizawa e o compositor Shinichi Sakamoto, para retirar esta pérola noventista do universo do “e se…” e colocá-la em seu devido lugar de destaque.
Desenvolvimento: Westone
Distribuição: ININ Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Arcade, Aventura, Plataforma
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: PS4, Switch
Duração: 30 minutos (campanha)/1 hora (100%)
Clássico e nostálgico
Como um produto da sua época, o que podemos esperar de Clockwork Aquario é algo simples, divertido, bastante colorido e, infelizmente, curto. Nessa aventura, devemos optar entre os protagonistas Huck Londo, Elle Moon e Gush, um robô gigante. O nosso escolhido deverá percorrer cinco fases para impedir os planos malignos de dominação mundial do Dr. Hangyo.
Apesar de todos terem a mesma base de movimentos, que consiste em pular, bater e agarrar, eles apresentam leves diferenças entre si. Hack é o mais balanceado, Elle é mais veloz e Gush é mais lento, mas ataca muito melhor. A melhor parte de Clockwork Aquario é que ele pode ser jogado por duas pessoas localmente e os personagens podem interagir entre si, um arremessando o outro. Isso é ótimo para superar obstáculos ou para pentelhar quem está no outro controle.
Os jogadores mais novos podem estranhar um pouco a maneira que os pulos são longos, mas isso era algo comum na época em que o título foi projetado e foi mantido da mesma maneira. Sem contar que, mesmo com essa “estranheza”, os controles respondem muito bem, mesmo para um jogo de quase 30 anos. O visual de Aquario também é um belo atestado de como era a arte das décadas passadas, com cores vibrantes e um ambiente vivo e alegre.
A trilha sonora também dá seu show, através de composições cheias de energia e que combinam perfeitamente com cada uma das cinco fases. Pois é: o maior defeito de Clockwork Aquario é ser extremamente curto, podendo ser concluído em 30 minutos – ou menos. Quem quiser alcançar o almejado troféu de platina vai gastar em torno de uma hora, ou talvez um pouco mais, mas nada que dure uma tarde inteira de jogatina.
Um embrulho modesto, mas bem bonito.
Quem ficou de olho nos lançamentos dos últimos meses, reparou que a ININ Games, fazendo um trabalho conjunto com a Ratalaika, fez o port de alguns outros títulos mais antigos para os dias atuais, como Gynoug, Gleylancer, 100% Cotton e Panorama Cotton. Nesses quatro, inclusive, foi utilizado o mesmo modelo de menu e incrementos, como filtros de tela, para deixar a jogatina com um visual mais retrô, um botão para voltar alguns segundos enquanto a partida estava rolando e um menu de trapaças. Infelizmente, estes trabalhos anteriores não traziam nada além disso, como uma galeria ou algo que brindasse os entusiastas com algumas curiosidades sobre suas produções.
Essa falta foi reparada em Clockwork Aquario, mas com ressalvas. Em primeiro lugar, podemos curtir o jogo principal de cinco maneiras diferentes… mas iguais. Como assim? Eu explico. Para que haja uma variação de dificuldade baseada em habilidade, já que a aventura em si é bem simples, cada modo diferente dispõe de uma quantidade fixa de continuações: o Fácil possui 9; o Médio tem 5; e o Difícil apenas 3. Se elas acabarem é game over, sem choro.
Há também o Arcade tradicional, que é a mesma coisa que os outros três, mas podemos colocar “fichas” e assim aumentar o número de chances infinitamente. Por fim, existe o Treino, que podemos morrer livremente também, mas só é possível jogar as duas primeiras fases. A cereja do bolo está na possibilidade de poder experimentar separadamente um minigame que só aparece comumente entre a terceira e a quarta fase com dois jogadores juntos.
Os filtros de tela foram mantidos, e é possível jogar com o ecrã em tamanho normal, ampliado (mantendo o formato 4:3, mas ocupando as extremidades superior e inferior) e a esticada, em que a disposição é alongada para o formato widescreen 16:9. Porém, não incluíram o botão de rebobinar ou a opção de salvar a qualquer momento para continuar depois. Por mais que eles não combinem de fato com a proposta original, não seria ruim incluí-los aqui, já que os outros títulos citados mais acima ganharam esses recursos.
Por fim, uma ótima adição foram as versões com novos arranjos das canções originais. O trabalho, que contou tanto com a participação de Shinichi Sakamoto quanto de outros músicos, ficou excelente. Mas, como nem tudo são flores, só é possível escutá-las pelo menu, não podendo usá-las durante o jogo. Não chega a ser uma mancada grave, mas também não custava nada fazer esse agrado, não é mesmo?
O resgate de um tesouro
Esse resgate de Clockwork Aquario é muitíssimo bem vindo, pois trata-se de um título que tinha tudo para ser um clássico dos 16-bits, mas que ia acabar ficando apenas pela história. Para quem é fã, entusiasta ou apenas curioso para conhecer um pouco mais de como eram os jogos mais antigos, sem ter que recorrer a um emulador, Clockwork consegue aliar a sensação de nostalgia com o frescor de ser uma novidade.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Clockwork Aquario
Prós
- Não deixa de ser um título inédito
- Visuais vibrantes e coloridos
- Excelente trilha sonora
- Jogabilidade simples e divertida
- Interação bacana entre dois jogadores
Contras
- O jogo em si é muitíssimo curto
- Não é possível salvar e nem rebobinar
- As músicas remixadas só podem ser ouvidas pelo menu
- Muitos modos de jogo sem variação alguma