Control é baseado na SCP Foundation, um projeto online colaborativo que criar estórias sobre objetos paranormais. Aqui, você é Jesse Faden, uma personagem que, para ir atrás de seu irmão Dylan, toma a incentivada decisão – por uma vez em sua mente – de entrar em um prédio chamado The Oldest House, da Federation Bureau of Control (FBC), uma agência secreta do governo norte americano. Jesse e Dylan foram separados ainda crianças por membros da FBC, assim que encontraram um projetor de slides em meio a um lixão e liberaram uma força paranormal. Desde então, Jesse recebeu uma entidade – de nome Polaris – em sua mente, que constantemente a guiou durante sua vida toda.
Desenvolvimento: Remedy Entertainment Plc.
Distribuição: 505 Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Tiro
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Switch
Duração: 12.5 horas (campanha)/37.5 horas (100%)
Objetos de poder e habilidades paranormais
Ao chegarmos em FBC, já no controle de Jesse, somos recebidos pelo curioso faxineiro do local, que menciona algo sobre a protagonista ser a assistente de faxina dele. A misteriosa figura nos diz para subir de elevador e, assim que o fazemos, temos acesso ao andar da sala de diretoria da Federation Bureau of Control. Ao entrar no local, damos de cara com o atual diretor Zachariah Trench caído no chão em uma cena de aparente suicídio, com uma estranha arma ao seu lado. Jesse resolve pegar o objeto e, com isso, acaba se tornando a diretora da FBC de maneira involuntária e todos os funcionários do local parecem agir naturalmente em relação a isso.
Logo somos apresentados à Emily Pope, líder do departamento de pesquisa da FBC, que conta para Jesse sobre um tal de Ruído (no inglês, Hiss) que invadiu o local, graças ao ex-diretor Trench, cujo fantasma passa a assombrar a mente da protagonista após o recente ocorrido. Nossa missão passa a ser o extermínio do Ruído, ao mesmo tempo que Jesse ainda busca o paradeiro de Dylan.
A jogabilidade de Control é basicamente a mesma vista em vários jogos de tiro em terceira pessoa. Jesse consegue pular, atirar e se agachar mas, infelizmente, não estas duas últimas ao mesmo tempo, o que é uma grande falha, principalmente considerando armas que “carregam” o tiro. Sua principal arma é a Arma de Serviço, coletada no corpo do ex-diretor, que faz parte do grande grupo de Objetos de Poder confinados na FBC – para a segurança de todos.
Objetos de Poder são itens – muitos deles até considerados comuns – que abrigam forças sobrenaturais e concedem as habilidades de Jesse ao longo de sua jornada dentro da Federation Bureau of Control assim que a protagonista os purifica com suas mãos. Por conta da invasão do Ruído, estes objetos começam a ter comportamentos agressivos, fazendo com que muitos deles ataquem membros da própria FBC. Dentre as várias habilidades possíveis de adquirir, estão a de arremessar diversos itens destacados no cenário e até mesmo pedaços da parede ou chão, uma esquiva que pode ser usada tanto em superfícies quanto no ar, empurrão com um impacto de energia, um escudo formado de estilhaços, levitação, etc.
Ao eliminar inimigos podemos coletar Origem, itens que são utilizados para realizar melhorias e construção de modificações. Já os upgrades de habilidades, como aumento da saúde e aprimoramento da quantidade de dano que seus golpes causam, fazem com que novos slots de arma sejam liberados para tornar possível a adição de modificações em sua arma principal ou a equipagem de um segundo formato dela – como a escopeta de mão ou uma arma de perfuração.
Todas essas melhorias e modificações precisam ser adquiridas em Pontos de Controle, locais passíveis de purificação por Jesse, que servem como viagem rápida, além de um hub com vários menus disponíveis. Nestes menus, existe o Contramedidas do Conselho, que nada mais são do que missões secundárias que dão recompensas aleatórias como materiais comuns ou incomuns, modificações para a personagem e para as armas.
Inimigos surgem das mais variadas formas, desde os mais comuns e vulneráveis, os que ficam pairando no ar e até os que possuem um campo de energia produzida pelo Ruído para sua proteção. Jesse precisa fazer uso de sua arma para deter todas essas ameaças e tirar vantagem de suas habilidades para eliminar as proteções, tornando estes inimigos passíveis de receber ataques.
Problemas fora de controle
O mapa, de longe, é o aspecto mais grotesco do jogo como um todo. É impossível saber exatamente em qual andar estamos de acordo com a representação visual das conexões e andares. Até existem cores diferentes para representar o nível em que estamos, porém, teria sido uma ideia bem melhor destacar com cores mais claras no andar atual, ativando suas respectivas passagens possíveis. Ou talvez uma espécie de GPS indicando a direção em que se encontra o próximo destino ajudaria bem mais, já que tive que fazer uso, muitas vezes, das placas nas paredes para me situar onde um corredor específico iria me levar.
Algumas vezes é possível ver o indicador do seu destino através da Polaris, momento em que surge um efeito visual na tela simbolizando para onde devemos ir. Porém, são situações extremamente específicas, e este recurso podia ter sido usado com mais frequência e de maneira inteligente – ao menos com o Modo Assistido ligado.
Um outro ponto, como citado anteriormente, é o fato de não ser possível atirar enquanto estamos abaixados. Jesse se mantém em pé cada vez que a arma é ativada, e isso causa um mal enorme no quesito cobertura. A personagem fica à mostra mesmo utilizando-se de tiros que exigem um tempo de carregamento para serem disparados, deixando seu corpo completamente exposto aos inimigos.
Por fim, é simplesmente inadmissível não podermos usar o mesmo save da versão padrão de Control. Tive que começar o game pela segunda vez e digo com certeza de que não há diferenças de narrativa ou qualquer coisa no ambiente que justifique o impedimento de continuar o progresso do jogo lançado em 2019.
Otimização para a nova geração
Control Ultimate Edition foi otimizado recentemente para a geração atual de consoles, que contempla o PlayStation 5, o Xbox Series X e o S. As versões para PS5 e Xbox Series X possuem um modo extra de renderização, que adiciona Ray Tracing, recurso que, geralmente , trabalha com reflexos de alta fidelidade e qualidade visual. Em contrapartida, esse modo derruba o framerate para a casa dos 30 fps, porém a resolução consegue atingir até 4k.
Já no Series S, console que foi utilizado para esta análise, Control Ultimate Edition não possui outra forma de renderização a não ser performance que, apesar de não ser selecionável e muito menos ficar explícito nos menus, é uma informação oficial. Com isso, o jogo roda em 60 fps com raríssimas quedas, porém a resolução fica em 900p. Sinceramente, não consegui notar tanta diferença para o 1080p, já que não é um valor tão distante assim. Mas, é verdade que podemos notar um leve “embaçado” nos visuais do Series S ao colocar lado-a-lado todas as versões.
Por fim, a experiência de jogar Control novamente, mas desta vez em 60 fps, passa a sensação de que é outro jogo. Tudo é mais fluido para controlar, a mira fica mais fácil e responsiva, os comandos parecem responder mais rapidamente, entre outros fatores menos perceptíveis. A única profunda decepção é em relação ao tempo de carregamento, coisa que foi apenas amenizada em relação à versão original.
Control no Xbox One possui loadings extensos demais, e toda vez que “despausamos” o jogo tudo congela por alguns segundos. Em Control Ultimate Edition de Xbox Series S, as telas de carregamento costumam durar até 10 segundos a cada viagem rápida realizada, e o congelamento ao fechar o menu ainda ocorre, porém, em menor escala (cerca de 1.5 segundos, apenas).
Conteúdos adicionais significativos e fanservice
Control Ultimate Edition vem acompanhado de seus dois DLCs lançados separadamente: The Foundation e AWE. Em The Foundation, precisamos acessar uma “caverna” que é liberada apenas a partir da missão 7, cuja passagem se dá através de uma porta no misterioso lugar pertencente ao zelador Ahti. Neste conteúdo, Jesse precisa impedir a invasão do Plano Astral, local abstrato em que a protagonista adquire seus poderes após tocar em Objetos de Poder, que começou a tomar a federação juntamente ao Ruído. Além disso, uma nova habilidade ou arma também pode ser obtida a partir do momento que entramos neste local.
Já o segundo (AWE) coloca Jesse em uma ambientação bastante similar a vista em Bright Falls (local em que o jogo Alan Wake se passa), mas dentro da própria estrutura da Federation Bureau of Control. Porém, para a tristeza da maioria, em nenhum momento é possível jogar com o próprio Alan ou, ao menos, encontrá-lo de corpo presente nas entranhas do Setor de Investigação – local onde se passa o conteúdo. Neste DLC Jesse precisa lutar contra seres provenientes da Escuridão, assim como no jogo de 2011, fazendo uso de fontes de luz para atingir inimigos e liberar passagens bloqueadas por um composto de massa escura.
Além disso, elementos do jogo de 2010 da Remedy também surgem sutilmente, como rádios e TVs cheias de ruídos. De alguma forma, a narrativa tenta conectar os mundos de Control e Alan Wake, deixando uma brecha de que, talvez, futuramente algo envolvendo diretamente estes universos possa se tornar realidade. Será que a Escuridão e o Ruído tem alguma ligação? Quem sabe.
Um jogo de altíssima qualidade, envolto em polêmicas e melhorias básicas
Fato é que Control, por si só, já é um excelente produto. O pacote Ultimate Edition feito pensando na nova geração é uma grata surpresa, mas poderia ter sido bem menos alvo de polêmicas se tivesse sido anunciado bem mais cedo. Com isso, muitas pessoas compraram o jogo no lançamento ou poucos meses depois, sem saber que apenas uma versão completa seria compatível com os consoles Xbox Series X/S e PS5. Fora que houve até mesmo um evento em que, acidentalmente, a 505 Games transformou a versão de muitos donos de Control na Ultimate Edition, contradizendo de maneira indiscutível a resposta dada pela empresa na época sobre “ser impossível fazer o jogo base de Control ser otimizado para a próxima geração”.
Com isso, espero que a publisher tenha aprendido a lição e passe a ser mais empática e verdadeira para com seus consumidores, já que tem em suas mãos uma obra tão grandiosa como Control e uma desenvolvedora tão competente como a Remedy. Por fim, Control Ultimate Edition vale a pena se você se importa muito com 60 fps e altas resoluções – ou Ray Tracing, no caso do Xbox Series X e PS5 -, já que não existem grandes mudanças em relação àquilo que vimos em 2019 ou qualquer bônus adquirido no pre-order da versão Deluxe.
Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami