Começo essa análise com uma polêmica: Pokémon é muito tedioso. Batalhas aleatórias e desnecessárias com monstros e pessoas estranhas é algo que me dava muito sono, pois só queria chegar no meu destino. Quando vi Coromon, pensei que seria uma experiência diferente, visto que o título possui suas singularidades interessantes. Porém, nem tudo foi as mil maravilhas dado a falta de algumas opções que fariam toda diferença na jogatina.
Desenvolvimento: TRAGsoft
Distribuição: Freedom Games
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Aventura, Puzzles, Luta
Classificação: 10 anos
Português: Legenda e interface
Plataformas: Android, iOS, PC, Switch
Duração: 27 horas (campanha)/39 horas (100%)
Especialista em monstrinhos
O sonho de toda criança em Velua é tornar-se um Pesquisador de Batalhas na empresa Lux Solis. Finalmente esse dia chegou para você! Vista-se com sua melhor roupa, pegue suas coisas, despeça de sua mãe e parta para o mundo selvagem dos Coromons.
A sua tarefa é bem simples: pesquisar sobre as Essências dos Titãs, Coromons lendários que criaram a região de Velua e estão estrategicamente espalhados pelo continente. Porém, logo em seu primeiro dia, alienígenas invadem os laboratórios de pesquisa em busca dessas essências e raptam um cientista. Desta forma, seu dever é ser o melhor pesquisador, encontrar todas as essências e impedir que isso aconteça.
Para cumprir com essa obrigação, você deverá escolher um deles: Toruga (fogo), Nibleggar (água) e Cubzero (gelo). Eles são importantes para sua sobrevivência e avanço acadêmico como pesquisador. No entanto, além deles, também há conquistas únicas que lhe darão experiência e itens bem necessários para sua jornada. Indo de 1 a 50, todo o progresso pode ser visto a qualquer momento no menu, assim como os desafios que precisam ser feitos.
Além dos problemas, também iremos encontrar pessoas boas e más. Normalmente, é difícil classificar em quais cada uma delas se encaixa, visto que todas irão te desafiar para uma batalha ou pedir alguma outra coisa.
Embora tenha gostado de algumas figuras que encontrei pelo caminho, a história geral de Coromon não foi um grande atrativo. Há sim algumas reviravoltas em missões primárias e secundárias e elas podem te surpreender, porém, não passam disso. O meu apego real com Coromon foram os monstrinhos e sua evolução, e nada além disso.
Monstrinhos atípicos
Antes de falar das coisas mais irritantes de Coromon, gostaria de falar sobre os monstrinhos fofos e como eles são inventivos. Há 114 Coromons, sendo eles divididos entre 7 tipos. Existem também outros 6 tipos, mas que são apenas de habilidades. Por exemplo: Buzzy, um Coromon que parece um zangão, é do tipo normal, mas pode aprender habilidades do tipo ar, venenoso e corte.
Assim como em outros “pokémon-like”, Coromon também tem sua efetividade entre os tipos. Fogo é bom contra gelo, água é bom contra fogo, elétrico é bom contra água, entre outras efetividades. Um aspecto muito positivo em Coromon é que, caso queira que um monstrinho aprenda uma habilidade nova, a antiga não é esquecida para sempre. É possível a qualquer momento alterar qualquer um dos quatro movimentos de um Coromon, dando mais liberdade para testar builds novas.
Outra grande diferença em Coromon é que os monstrinhos possuem duas barras de experiência. Uma delas é a de nível padrão que, ao ser preenchida, faz com que o Coromon passe de nível e aumente algumas características como força, defesa e velocidade. Diferente dessa, há também a barra de potencial. Quando preenchida, o Coromon recebe pontos de atributo bônus que podem ser distribuídos por você.
Como todos nós, os monstrinhos de bolso também contém potenciais diferentes e podem preencher a barra rapidamente dependendo do seu potencial. Segundo cientistas da Lux Solis, o potencial de um Coromon varia entre 1 a 21 e podem existir 3 tipos distintos deles: normal, potente e perfeito. Encontrar um potente ou perfeito é muito difícil, mas, às vezes, eles possuem uma aparência diferente do normal. Por sorte, há ferramentas específicas que nos ajudam a identificá-los.
Obstáculos muito tediosos
A maior problemática de jogos como Coromon é o combate, coisa que acreditei ser muito melhor nele, mas não é. O padrão é o mesmo visto em Pokémon: as batalhas são na maioria aleatórias e ocorrem em “matinhos”. No início senti uma dificuldade maior do que o normal até mesmo para subir de nível, tendo que voltar algumas vezes para o “hospital de Coromons”. Porém, a dificuldade diminui drasticamente do meio para o final, exatamente por conta do grinding feito no começo.
Para se ter uma ideia, cheguei no primeiro titã com meu Coromon principal no nível 50, sendo que ele era nível 25. Talvez seja porque saí fazendo muitas secundárias e andando por muito mato? Talvez sim, mas não deixa de ser um problema. Na manopla que todo pesquisador usa para carregar seus Spinners com Coromons, também podem ser instaladas ferramentas que servem para passar de obstáculos. Uma delas é um fedor que faz com que os Coromons fujam daquele mato e não te ataquem. Isso é maravilhoso, mas demora muito para poder usar novamente.
Outro grande problema do sistema de batalha são aqueles treinadores chatos que ficam parados na estrada querendo batalhar. Não teve um que encontrei que não estava com Coromons mais fracos que os meus, fora que são muitos deles. A falta que um aumento de velocidade das batalhas faz aqui é gigante, tanto que dormi jogando Coromon pois, para encontrar o primeiro titã, é necessário passar por uma área cheia de puzzles e enfrentar dezenas de cientistas. Não existe nenhuma forma de escapar deles e um ataque dos meus monstrinhos acabava com qualquer adversário.
Coromon me frustrou muito na questão combate. Ainda que exista toda a parte do uso de habilidades corretas com a efetividade de cada tipo, algo que acredito ser interessante, a estratégia não existiu muito para mim. Turnos aleatórios são algo que já está ultrapassado, não há como negar e, felizmente, Coromon me fez perceber isso. É triste como agilizar lutas ou até pular algumas delas faz falta para mim.
Um continente enorme
Velua é um continente enorme com todo tipo de vegetação. Nele, você irá encontrar ambientações relativamente semelhantes aos titãs, uma vez que eles são usados para bens humanos. Por exemplo, Voltgar do tipo elétrico permanece fornecendo energia em uma companhia de eletricidade. Ainda que seja uma área vasta, Coromon facilita o transporte com uma mecânica muito interessante: o teletransporte. É possível viajar entre cidades importantes ou voltar direto para o Centro de Pesquisa da Lux Solis com um item de bolso.
Tratando-se de gráficos e arte, Coromon me lembra bastante os Pokémon do Nintendo DS: Diamond/Pearl e Black/White. De qualquer forma, eles são bonitinhos e também trazem um ar nostálgico com a pixel art, pois este já não é mais o estilo utilizado nos Pokémon atuais.
Erros semelhantes e frustração
Coromon, em minha opinião, tinha tudo que era preciso para ser meu “Pokémon-like” favorito, o que não seria muito difícil. Porém, ele comete o erro que continua me afastando dos jogos sobre monstrinhos de bolso: batalhas aleatórias. Pode parecer pouco, mas, em uma jogatina voltando para casa depois de um dia cansado, Coromon não me animou e me fez dormir exatamente por conta de batalhas fáceis demais e monótonas.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong