Review Darksiders 3 Capa

Review Darksiders 3 (Switch) – Revisitando o apocalipse

No início, Darksiders apresentou Guerra como um cavaleiro do apocalipse brutal, assim como o princípio do Hack n’ Slash. Em seguida, seu sucessor trouxe Morte e demonstrou o porquê ele é um cavaleiro tão temido e frio. Mesmo mantendo a jogabilidade de seu antecessor, naquele momento a série ampliou os elementos de RPG, com escolhas de diálogo, diversos itens e seus muitos atributos complementares. Agora, Darksiders 3 nos coloca sobre a pele de Cólera (Fury, no original) ou, simplesmente, Fúria. Então quais foram as mudanças nesse novo título? E será que ele ainda é um Hack n’ Slash?

Desenvolvimento: Gunfire Games

Distribuição: THQ Nordic

Jogadores: 1 (local) 

Gênero: Ação, Aventura

Classificação: 14 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, Switch, Xbox One

Duração: 14 horas (campanha)/29 horas(100%)

Os famosos pecados

Um resumo da história dos cavaleiros do apocalipse.

Acredito que não é novidade para ninguém, mas Darksiders traz uma narrativa baseada em muitas crenças. A mais notória delas é, com certeza, a cristã, já que controlamos os Quatro Cavaleiros do Apocalipse no meio do cujo dito. A explicação sobre a criação desses seres e a toda mitologia da série é bem grande, pois conta também com HQs além dos outros dois jogos. Porém, por sorte, Darksiders 3 se passa antes do segundo jogo da franquia, e faz uma pequena recapitulação de aspectos necessários para sua compreensão.

Darksiders 3 começa com o Conselho das Chamas, uma entidade feita para comandar os cavaleiros, punindo Guerra por seus erros. Já que Morte está desaparecida e Conflito está em uma missão a sós, Fúria é quem sobra. Após o Apocalipse prematuro, os selos que prendiam os 7 Pecados Capitais foram destruídos, e se refugiaram na Terra pós-apocalíptica. O objetivo é bem simples: derrote e prenda todos novamente.

Fúria irritada com a apresentação.

O interessante de toda essa confusão, são os desdobramentos na narrativa e como eles modificam Fúria com o tempo. De início, o cavaleiro é uma bomba extasiada pela matança, combinando bem com o nome. Entretanto, esse é o seu maior problema, pois não resiste à confusão, dificultando ainda mais a missão. E, conforme revelações sobre o destino são descobertas, Fúria ainda é explosiva, mas toma controle de sua paixão pela destruição. Para quem acompanhou os cavaleiros antecessores, é divertido conhecer a personalidade distinta dos irmãos e entender porque Fúria é tão cheia de si.

Perdendo a essência

Fúrias derrotando múltiplos inimigos no metrô.

É inegável que, conforme novas fórmulas de sucesso apareçam na indústria, ela é replicada de todas as maneiras. Não é muito distante do que Darksiders 3 fez, pois mesmo mantendo a ação frenética de um Hack n’ Slash, o título se reabilita com mecânicas vistas em títulos recentes da famigerada From Software. No entanto, é previsível quem consegue o melhor resultado nessa fórmula.

Sem um mapa aparente e só com uma bússola indicando onde o próximo pecado está, Fúria percorre áreas interconectadas com alguns deles sendo escondidos. Andar por eles é um afronto, já que estão cheios de monstros, tornando-se o maior desafio do game. A variedade é média e a quantidade não é muito grande, porém, é aqui onde o Hack n’ Slash raiz se esvai.

O combate permanece rápido e frenético, sendo bem recompensador caso o reflexo esteja em dia. Fúria carrega consigo como arma principal as Correntes do Desprezo, um chicote que dá um ar de Castlevania durante as lutas, principalmente por conta de seus sons. Fora os golpes normais e os muitos combos existentes, caso Fúria desvie no momento exato de um ataque, um golpe arcano é desferido, dando dano bônus. 

Só que nem tudo é porradaria pura, pois Darksiders 3 tem uma pitada de Dark Souls, então, morrer é uma constante. Semelhantemente ao dito cujo, quando Fúria morre, suas almas são deixadas no lugar – sim, aparentemente tudo é sobre almas. A diferença é que o checkpoint e a loja são o mesmo lugar: o mercado do velho amigo Vulgrim. Nele, é possível usar as almas para comprar itens, fazer viagens rápidas e subir o nível de Fúria.

O cavaleiro do apocalipse aqui não requer muitas melhorias. Ao subir de nível, um ponto de atributo é conquistado, sendo possível colocá-lo em vida, força ou poder arcano. Esse último aumenta o dano do já citado golpe, mas também da forma do caos. Nela, Fúria se transforma em sua forma suprema, ficando invencível e causando dano massivo. Há também um poder de fúria em que habilidades podem ser utilizadas, mas dependem de qual arma Fúria está utilizando no momento.

Não me vejo como um sommelier de Souls-like, mas muito da forma como consegue me vidrar ao desafiar minhas habilidades. Porém, ver essa fórmula sendo utilizada em Darksiders 3 é entristecedor. Não por não ser igualmente visto nos títulos da From Software, mas sim por embaçar a identidade da série. Mesmo mantendo poções regulares, cometer um erro é punitivo e, consequentemente, “descer o chicote” em monstros não é tão prazeroso pelo receio.

Além dessa fórmula má aplicada, outro aspecto desagradável foi o ritmo que tudo ocorreu. Achar aprimoramentos para melhoria de armas demora demais. O arsenal é grande, sem dúvidas, mas até conquistar as armas mais divertidas leva muito tempo de gameplay. Depois de umas 5 horas, Darksiders 3 deslancha sem dó e nem piedade, mas o início chega a ser muito monótono.

Pelo menos roda, né?

A Terra após o apocalipse.

Foi uma grande surpresa descobrir que Darksiders 3 iria chegar para o Switch, e não em uma versão de nuvem. O título lançado em 2018 consegue manter uma performance fixa durante grande parte do tempo, mas é notório o custo disso. O downgrade feito é grande, mesmo para um jogo que não utilizava todo potencial dos consoles da 8º geração. Ainda sim, em locais mais detalhados e repletos de monstros, quedas de quadros ocorrem, o que é um frustrante problema para um jogo que recompensa os reflexos de quem joga.

Os momentos de plataforma são quase um terror por conta da diminuição dos detalhes nas texturas. Fúria pode utilizar das suas correntes para se locomover à la Tarzan. Para conseguir tal feito não é muito simples, mas poderia. Há locais específicos, indicados por uma tora com panos, em que é necessário pular e estar a uma distância certa para utilizar as correntes com o botão de ataque. Porém, a aparência desses locais nem sempre é bem visível e a escolha do comando para isso é péssima. Em muitos momentos me vi atacando ao ar e depois caindo para morte, pois nem sempre a distância era a correta.

Um apocalipse fraco

Darksiders 3 me fez questionar se realmente estava jogando um game da franquia, pois ao utilizar de tendências de sucesso, a essência já vista em antecessores é perdida. Contudo, ele ainda é um Hack n’ Slash, só não na sua forma pura e consolidada. Os problemas encontrados no porte para o Switch dificultam ainda mais essa apreciação, já que há um receio em momentos mais complexos que o game sofra de quedas que podem comprometer a gameplay. Porém, isso será apenas presenciado caso consiga resistir ao começo lento e um pouco confuso. Portanto, se espera ação e combates frenéticos raiz, eles estão bem fracos nesse apocalipse.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Darksiders 3

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Funciona no Switch
  • Continua a trama apocalíptica
  • Grande arsenal desbloqueável

Contras

  • Novas mecânicas
  • Ritmo estranho
  • Momento de plataforma sofríveis
  • Essência um pouco perdida