Como iniciante no gênero rogue-lite, tive minhas dúvidas se Fury Unleashed conseguiria me entreter ao ponto de eu não me importar com as sucessivas mortes e retornos ao início do jogo que são característicos do gênero. Posso afirmar que, apesar de não ter me tornado uma fã do gênero, Fury Unleashed conquistou um lugar muito especial em meu coração.
Desenvolvimento: Awesome Games Studio
Edição: Awesome Games Studio
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Plataforma, Ação
Classificação indicativa: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, PC, Xbox One, Nintendo Switch
Duração: 8 horas (campanha)
Fúria Liberada
Desenvolvido e publicado pelo estúdio indie Awesome Games Studio, Fury Unleashed nos coloca na pele de The Fury, personagem principal de uma HQ, que com a ajuda do guru Mr. Doodle embarca em uma aventura para ajudar seu criador, John Kowalsky, a superar as péssimas críticas que vem recebendo nas últimas edições de seu maior sucesso, Fury Unleashed.
Com uma narrativa simples, porém envolvente, cheia de metalinguagem e quebras da quarta parede, Fury Unleashed entretém ao mesmo tempo que mostra as batalhas enfrentadas por escritores e produtores de conteúdo, em um mundo no qual uma opinião cruel está a apenas um clique de distância.
Fury Unleashed é um rogue-lite de plataforma com mecânicas de combo – cada inimigo derrotado aumenta o combo e isso se traduz em menor dano recebido no personagem e aumenta a probabilidade de receber itens de cura ao eliminar inimigos. Como todo rogue-lite, repetidas mortes são inevitáveis e não importa o avanço no jogo, ao morrer o jogador voltará do início.
Confesso que nas primeiras cinco ou seis mortes me peguei aborrecida em ter de voltar do primeiro capítulo, mas por volta da vigésima morte compreendi que a derrota apenas tornava meu personagem mais forte e liberava mais habilidades na árvores de skills do jogo. Portanto, na próxima partida Fury estaria melhor equipada para lidar com os desafios nos quais falhara anteriormente.
No menu de upgrade do herói, o jogador pode personalizar Fury e escolher aparência masculina ou feminina, diversos tons de pele e de cabelo e acessórios. Ao longo do jogo, outras aparências podem ser desbloqueadas, como alguns modelos de esqueleto, robôs e até mesmo aliens, de acordo com os diversos temas dos mundos do jogo.
Mestre dos Quadrinhos
O jogo é ambientado nas páginas de uma história em quadrinhos na qual cada página aberta corresponde a um capítulo, e o visual dos mapas de baseia nessa estrutura, cabendo ao jogador decidir se irá explorar a página por completo ou tentar descobrir o melhor e mais rápido caminho até o final da fase.
Cada fase é um capítulo e cada revista é formada por três capítulos. O jogo completo traz três revistas diferentes, cada uma com sua temática específica e o caderno de esboços do autor é apresentado como o último desafio.
Ao terminar uma revista, o jogador enfrentará um dos três chefes disponíveis em cada capítulo. Em uma forma de amenizar o aspecto de permadeath, caso derrote os três chefes principais disponíveis em uma revista e morra na próxima, não precisará retornar do começo do jogo e sim da revista subsequente a que foi completada.
Os inimigos, localização de itens e os cenários são gerados de forma aleatória, o que faz cada partida ser diferente da próxima, embora os elementos principais e a localização do final da fase permaneçam as mesmas. Ao matar inimigos, ganhamos dois tipos diferentes de tinta, que é utilizada como moeda no jogo.
A tinta nanquim é a mais comum, que é usada para evoluir o personagem no menu de upgrade do herói no final de cada partida e a tinta especial dourada, que pode ser trocada por itens durante a partida com os NPCs do jogo, todos com nomes muito bem bolados como o “Mestre das Tintas” e a “Ordem da Tinta Eterna”, que trocam as tintas douradas por itens e armas melhores ou “Vlad, o Pacífico” que troca uma porcentagem de seus pontos de vida por itens raros e lendários.
Além de funcionar como lojinhas durante a partida, os NPCs podem oferecer mini side quests que costumam render bons itens – e muitos itens ganhos nessas missões ficam em seu inventário para sempre, podendo trazer uma boa vantagem nas próximas partidas.
Os gráficos cartunescos são lindos, e fica evidente o cuidado e o carinho com o qual o game foi desenvolvido e aprimorado durante cinco anos pela Awesome Games Studio. Inspirados em clássicos do run-and-gun como Metal Slug e Contra, o jogo apresenta o visual característico das histórias em quadrinhos de maneira extremamente competente.
Dificuldade Balanceada
Fury Unleashed apresenta dois níveis de dificuldade, o Difícil, modo que o jogador é incentivado a escolher de maneira nada sutil, e o modo Fácil, que é sugerido para streamers.
No modo Difícil o jogo é bem balanceado, embora em alguns momentos o combate escale de forma muito rápida e o jogador pode morrer sem fazer a menor idéia de onde veio o dano fatídico.
Além disso, não há punições no progresso caso o jogador decida por diminuir a dificuldade a qualquer momento do jogo, mas alguns troféus não podem ser desbloqueados no modo Fácil.
Um ponto negativo é a falta de localização para o português. Fury Unleashed não traz legendas nem menus em Português, um empecilho para que todos os jogadores tenham a experiência completa de Fury Unleashed, pois a narrativa do jogo é exposta em forma de texto ao longo dos capítulos e apesar de usar um vocabulário simples, exige um certo domínio da língua inglesa – ou polonês, que é a outra opção de idioma.
Para os jogadores que gostam de uma jogatina a dois no sofá de casa, Fury Unleashed apresenta o modo co-op local, que infelizmente não pude testar. Faz falta um modo cooperativo online, especialmente nos tempos atuais.
Fury Unleashed é frenético, viciante, envolvente e acima de tudo um jogo divertidíssimo. Os fãs de títulos como Metal Slug ou amantes do gênero rogue-lite devem dar uma chance a grande aventura de Fury Unleashed, na certeza de uma experiência autêntica, empolgante e recompensadora.
Esta review foi feita com uma cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Bia Bock