Deadly Premonition 2 capa

Review Deadly Premonition 2: A Blessing in Disguise (Switch) – Orgulhosamente tosco

Deadly Premonition é uma série completamente bizarra, cheia de diálogos interessantes, acontecimentos estranhos e um protagonista bem nonsense que proporcionaram à série a fama de cult. Deadly Premonition 2 tem início com uma das “metades” do personagem principal, a entidade misteriosa Francis Zach Morgan, sendo investigado pela agente Aaliyah David, que é quem está cuidando do caso do aparecimento do corpo de uma garota de 16 anos chamada Lise Clarkson em 2005, uma investigação onde o próprio Morgan estava como responsável na época antes de sua aposentadoria.

Aaliyah tem uma conversa dura com Morgan até fazer com que o ex-agente do FBI resgate suas memórias e comece a contar a história sobre como tudo aconteceu na cidade de Le Carré durante sua investigação. E então tudo começa, em eventos de mais de 10 anos atrás.

Obs.: Esta análise foi feita com a versão 1.0.2 do jogo.

Desenvolvimento: Toybox
Distribuição: Rising Star Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: 20 horas (campanha)/ 37.5 horas (100%)

Dualidades

Entre bizarrices e falações

Deadly Premonition 2 é um jogo de investigação e tiro em terceira pessoa, com um foco bastante alto em narrativa, diálogos e interação entre os personagens. Para quem entende o idioma inglês, é divertido perceber o quão bem trabalhado foram as conversas dos personagens e principalmente a atuação das vozes por trás de cada um.

Nos primeiros momentos reais de jogo, você controla a outra metade de Morgan – sim, é confuso e bizarro -, o excêntrico Francis York Morgan, que acaba por conhecer Patricia, uma garotinha pré adolescente filha do xerife local, Marvin, que a acompanha durante boa parte do jogo como sua assistente autoproclamada. York é basicamente o personagem real “oficial” e dono do corpo, vamos dizer assim, enquanto Zach é alguém – ou algo – que fica dentro da mente do protagonista dando dicas e conversando com ele em todo o tempo. Por isso é comum momentos em que York estará falando supostamente sozinho (citando o nome de Zach) e causando estranheza nas pessoas à sua volta. Confuso? Sim, e bastante bizarro.

A jogabilidade de Deadly Premonition 2 oferece um mundo aberto na cidade de Le Carré, um local relativamente grande que, felizmente, permite com que o jogador transite rapidamente entre pontos específicos através de balões usados como viagem rápida que é liberada mais à frente. Até lá, sua única forma de locomoção será à pé e um skate que foi deixado no lugar do carro roubado de York, segundo relatos do personagem durante o café da manhã.

Bizarro é pouco

Na cidade podemos entrar em estabelecimentos e adquirir missões primárias ou secundárias, estas últimas ficando disponíveis no quadro de avisos do departamento de polícia local. Além disso, um relógio digital no HUD também está presente para servir como base para que algumas missões dependentes de horários sejam ativadas ou cumpridas.

Deadly Premonition 2 tem várias decisões acertadas, como um menu onde podemos recapitular os eventos do jogo caso fiquemos perdidos sem saber o próximo passo. Também é possível ver uma lista com todas as missões ativas adquiridas até o momento, como seus objetivos e o que falta para finalizar. Muitas das vezes York receberá tarefas bastante bobas, as quais foram inseridas propositalmente no jogo com uma intenção de fazer piada de si mesmo, porém chega a ser irritante receber mensagens na tela em formato de missões para ações absurdamente simples como “atenda a porta”.

Em alguns locais surgirá a jogabilidade de investigação do cenário, que infelizmente nada mais é do que uma espécie de interação no pior estilo point ‘n click completamente linear que permite apenas interagir com pontos de interação “errados”, ou o aquele que justamente encerra a cena ao ser escolhido – sem consequência caso erre.

Além disso, momentos de organização das evidências também dão uma recapitulada para testar sua atenção até aquele momento do caso que foi resolvido, porém mais uma vez sem uma consequência caso você escolha a opção errada.

Cena de investigação

Para dar uma variada nas coisas, existem missões onde York entrará em um mundo obscuro, onde surgirão monstros bizarros e criaturas diversas para serem enfrentados. As mecânicas de batalha são bem básicas, num estilo Resident Evil 4, com salas sendo disponibilizadas após derrotar as criaturas daquele local, uma prática bastante comum na geração PS2. Lutas com chefes também são bem equilibradas, mas longe de serem desafiadoras ou exigirem muita estratégia. Facilmente você consegue um rank S no final do capítulo

Falando dos problemas técnicos, o jogo de Swery (o criador do jogo) sofre demais com quedas de quadros por segundo e loadings intermináveis que tiram a paciência e dão a impressão de que tudo travou. Felizmente o jogo foi atualizado depois de algum tempo do lançamento, melhorando de forma bem superficial a baixa performance durante a exploração no mundo aberto da cidade de Lé Carré beirando agora os 15 fps.

Visualmente, os gráficos quase cel-shading servem para disfarçar uma qualidade que beira gerações anteriores de videogames, além de animações inconsistentes e terrivelmente vergonhosas, dando a impressão de terem sido trazidas de versões beta do jogo, como a agente Aaliyah David que mexe apenas a boca ao falar e mantém o corpo ridiculamente imóvel – parecendo um robô. Pra completar, alguns bugs como personagens deslizando do mais absoluto nada e modelos 3D congelando sem motivos plausíveis são presentes em alguns momentos do jogo, mais uma vez transmitindo a sensação de algo inacabado ou não testado.

Mas com tantos problemas, vale a pena?

Por mais estranho que isso possa parecer: Deadly Premonition 2 vale a pena. Claro, isso pode ser subjetivo, gosto é gosto. Mas sua história e seus diálogos são os principais pontos que me fizeram ter a diversão que procurava. E como sou amante de jogos investigativos com um aspecto voltado ao terror e mecânicas de tiro, posso até ser suspeito de afirmar – por mais que DP2 aborde o terror de uma forma bem “filme B”.

Dito isso, apesar da obra de Swery ser completamente tosca, ter gráficos muito ultrapassados, animações vergonhosas e muitos, mas muitos problemas técnicos mesmo, é curioso o quanto o jogo consegue cativar através da história e personalidade. É um grande problema ele estar na eShop brasileira e não possuir o idioma português, cujo entendimento é primordial para compreender os eventos e o humor besta de Deadly Premonition 2.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

Deadly Premonition 2: A Blessing in Disguise

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Atuação excelente
  • História bastante curiosa
  • Tiro simples e eficaz
  • Personagens únicos
  • Humor tosco ao extremo

Contras

  • Loadings muito longos
  • Bastante diálogo
  • Frame rate deplorável
  • Game design ultrapassado
  • Sem idioma português