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Review Desperados 3 (Xbox One) – Ação tática de alto nível

Algumas obras conseguem nos surpreender tanto que acabam superando todas as expectativas, por mais altas que estivessem. Não esperava que isso fosse acontecer com uma série que nem conhecia, ainda mais em um subgênero que quase não tive contato. Mas Desperados 3 foi lançado e conseguiu me conquistar de um jeito único.

Desenvolvimento: Mimimi Games
Edição: THQ Nordic
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Simulação, Estratégia
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4 e Xbox One
Duração: 23 horas (campanha)/ 37 horas (100%)

Cooper conhecendo o Doc McCoy

Conhecendo um novo mundo

Desperados 3 é um prequela, ou seja, uma história que se passa antes dos primeiros jogos, e se você conhece alguns desses personagens já sabe o que esperar, mas em nenhum momento joguei os anteriores. Nunca tive um computador bom para jogar, pois aqui na minha casa ele sempre foi destinado para tarefas administrativas, então nunca pude experimentar Comandos, Desperados ou qualquer jogo tipicamente de PC.

Ele executa um bom trabalho na apresentação de personagens e de mundo, me fazendo gostar de tudo nele. Talvez seja essa temática de velho oeste que na maioria das vezes me conquista com facilidade, mas ele de fato realiza muito bem as caracterizações de todas as partes – por mais que algumas sejam clichês.

Reunião após uma missão muito difícil

Quando joguei as primeiras missões estranhei um pouco, parte por conta da jogabilidade no controle – é boa, só tem que acostumar – parte é a forma pela qual a história é contada. Antes de cada missão temos sempre uma cena explicando o contexto e durante as fases os protagonistas vão tendo as suas linhas de diálogo.

Isso pode parecer básico de videogames, mas para esse tipo de jogo a qualidade das conversas e as atuações me impressionou bastante, por isso estranhei. Não é algo necessariamente novo, mas é muito bem executado.

Esses diálogos que ocorrem durante as fases são só um exemplo da atenção aos detalhes, pois elas são únicas e condizem com a situação da missão. Mas onde o jogo realmente se destaca é na jogabilidade.

Final da fase do Trem, uma das melhores

Um quebra-cabeça diferente

Desperados não é só mais um jogo de estratégia onde controlamos um determinado número de personagens e temos que vencer os inimigos. Ele é um quebra-cabeça complexo e muito bem desenvolvido, não existe somente uma solução certa e você provavelmente vai resolver as fases de um jeito totalmente diferente do meu.

O modo como os desafios estão dispostos no mapa te deixam pensando por muito tempo, as vezes achando que é impossível de se resolver – mas não é. O raciocínio mais fácil quase sempre não vai dar certo e isso é muito interessante, porque o desenvolvedor sabe a maneira mais simples de resolver a fase e decide complicar. 

Segunda fase, onde conhece o McCoy

Teve cenários que demorei 3 horas ou mais para resolver e me diverti muito experimentando as mecânicas. Poderia ter demorado mais, mas a forma como salva é inteligente, deixando manualmente. Ser assim é melhor e te deixa mais seguro, pois ao finalizar qualquer ação incerta é só salvar. Inclusive o jogo estimula a fazer isso.

O level design das fases é fixo, então sempre quando avançamos temos que aprender os novos padrões, mas as nossas ações podem variar, pois os personagens tem habilidades únicas e junção delas fazem que a resolução do desafio sejam diferentes. Isso dá mais variedade a esse quebra-cabeça e estimula a repetição do jogador.

Isabelle indo matar um Pocho

Bom fator replay

Em cada área a sensação é de descobrir pequenos mundos abertos. Todos têm sua rotina muito bem estabelecida e planejada de um jeito muito detalhado. Me sentia em um mundo vivo onde eu posso escolher a melhor abordagem para as missões, ainda mais por ter diversos objetivos secundários que enriquecem ainda mais esse universo.

Muitas vezes ficava somente andando e pensando nas possibilidades, pois os cenários são bem variados. E é claro que eu iria refazer algumas fases, principalmente a que ensina como fazer os inimigos pegarem fogo, cheguei a jogar umas 4 vezes. 

Conhecer uma nova região é sempre interessante, aprendemos todos os padrões, rotinas e sabemos onde é o melhor local para agir. Mas rejogar é muito fascinante, pois já sabemos os objetivos principais e como fazer, e podemos brincar mais com os seus sistemas – que são extremamente polidos.

Somente ao encerrar a missão pela primeira vez podemos ver todas as conquistas que existem, por isso rejogar é uma excelente forma de aproveitar tudo que a fase tem a oferecer. Tem umas conquistas que são muito avançadas pra mim, tipo passar sem matar ninguém. Por mais que não seja o melhor jogador de Desperados, eu continuo me divertindo muito nele e isso é o que importa.

Primeira vez que usa a mecânica do McCoy

Um novo amor

A minha expectativa para Desperados 3 já estava alta, pois ouvia falar muito bem do trabalho anterior da desenvolvedora. Mas ele superou tudo e ainda criou barreiras bem grandes do que um jogo tático em tempo real (RTT) tem que ter. Combater os inimigos é muito bom e mais satisfatório ainda quando consegue fazer uma tática de ataque simultâneo.

Essa foi a minha primeira experiência nesse subgênero e parece que ele foi pensado para mim, tudo que existe nesse jogo me agrada. Não sentia algo por videogames nesse nível desde de 2016 com The Witness, agora eu só quero mais desse estilo na minha vida. Até o momento é jogo do ano, sem nenhum concorrente, vamos ver se os competidores vão facilitar pra ele ou não.

Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

Desperados 3

9.5

Nota Final

9.5/10

Prós

  • Mecânicas muito bem balanceadas
  • Variedade na resolução das missões
  • Personagens únicos
  • Diversidade nos cenários
  • Repetir as fases é muito divertido

Contras

  • Sem localização para português
  • Duração de algumas missões