Conheci a série Disgaea originalmente no PS2, mas nunca tive a chance exatamente de pôr as mãos no jogo. Como havia assistido apenas trailers de sua jogabilidade e os tempos eram difíceis para adquirir algum jogo para o console na época, sempre tive em mente algo como um Final Fantasy Tactics da vida ou similar. Porém, como primeiro contato através de Disgaea 4+ Complete para o Nintendo Switch, agora consigo dizer que é uma franquia que me deixou querendo mais por causa da história e bom humor, ao mesmo tempo que afasta por ser um título relativamente complexo.
Desenvolvimento: Nippon Ichi Software
Distribuição: NIS America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação, Estratégia
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PS4 e Switch
Duração: 47 horas (campanha)
Cheio de personalidade
Disgaea 4 gira em torno de Valvatorez, um vampiro obcecado por sardinhas que trabalha como um instrutor de Prinny no submundo. Pelo próprio conceito de enredo é perceptível que o jogo não se leva a sério em nenhum momento, e sendo também fácil de encontrar sátiras de clichês dos videogames ao longo das cenas e elementos quaisquer.
Os personagens e os diálogos de Disgaea 4+ Complete me fisgaram logo de cara, já que o tom de humor escolhido para o jogo foi o mais pastelão possível. Sei que muita gente fica sem paciência para piadas que seguem esta vertente, mas para alguém, como eu, que passou a infância e adolescência assistindo desenhos animados da Cartoon Network e, mais recentemente, A Hora da Aventura, digo com tranquilidade que Disgaea soube arrancar minhas risadas.
São brincadeiras simples que os diálogos apresentam, algo como quando o protagonista Valvatorez diz “vim aqui pedir algo educadamente para você: devolva meus malditos Prinny!”, com o outro personagem dando a resposta “não dou dar coisa nenhuma. E isso por um acaso é perguntar educadamente?”. Coisas deste nível são presentes em basicamente todo o jogo, mas também é plenamente possível aproveitar apenas o gameplay e deixar a história de lado – não faça o mesmo com os tutoriais.
Táticas e micro gerenciamentos
A história de forma geral se desenrola através do hub do jogo, que é um local onde existem as lojas, NPCs e missões a serem adquiridas. É onde acontecem todas as ações e micro gerenciamentos possível dentro de Disgaea, como a compra de itens, equipamentos, habilidades e afins, além de missões principais e secundárias numa espécie de “praça” do mundo inferior.
Disgaea 4+ Complete é um jogo bastante detalhista quando se trata de suas batalhas, diria até que meio complexo. Inicialmente apanhei um pouco tentando entender como funcionavam as mecânicas, já que, como muitos, resolvi puxar os tutoriais e ir direto pra ação. Dito isso, é possível concluir que o sistema tático de Disgaea 4 não é tão intuitivo assim, e muitas vezes me peguei confuso sobre o que um comando ou botão fazia exatamente.
Não é tão claro você entender que depois de posicionar e selecionar a ação de cada personagem é necessário acionar a função “executar”. Também é estranho o fato de ser permitido voltar algum personagem à posição inicial do turno pressionando o “B” para cancelar aquele movimento, o que deixa de ser possível caso você se arrependa de ter feito isso caso mude o cursor para outro personagem.
Por outro lado, mecânicas interessantes como arremessar um colega de equipe em um local mais alto para atacar inimigos em outro nível de relevo são muito bem-vindas. Como também zonas coloridas onde podem haver desvantagens ou vantagens para qualquer um dos lados em uma batalha, sejam os membros da equipe ou os inimigos que estão ali. A personalização de sua party também é outro recurso que apenas soma ao gameplay geral, já que conseguimos montar uma equipe com a nossa cara e classes de personagens bastante batidos em um RPG.
Adicionalmente, skills e equipamentos podem ser adquiridos ao longo do jogo, mas infelizmente nada que você equipar em qualquer personagem será visível em qualquer momento, se limitando apenas em ser algo que funciona para mudar os status por trás dos panos.
Qualidade de vida
Felizmente os desenvolvedores do jogo parecem entender bem as dores de quem é apaixonado por jogos do gênero e dá valor ao seu tempo, os famosos aspectos que podem ser chamados pelo termo quality of life. São coisas simples, mas que quando empregadas em um gameplay desse tipo de jogo dão um ganho enorme e sensação de controle total.
São recursos como o fast forward, onde é possível acelerar as ações dos personagens e inimigos deixando o ritmo das batalhas na mão do jogador. Ou então a rotação de câmera para uma visão no eixo horizontal e vertical, já que o jogo se passa em uma perspectiva isométrica e muitas vezes controlar o cursor de forma diagonal usando botões físicos se torna um pouco impreciso e irritante.
Não é para todos
Para quem já conhece o gênero tático por turno, Disgaea 4 pode ser muito bem-vindo, já que reúne o melhor do gênero e adiciona pequenos insights que melhoram a vida do jogador.
Por outro lado, um sistema de batalha não tão intuitivo e elementos que parecem ser complexos demais, e dão medo pelo simples ato de olhar, podem afastar os iniciantes. Por isso, não é um título que agradará a todos, e sim provavelmente apenas os mais adeptos aos Final Fantasy Tactics e afins – e pessoas quem tem paciência para ficar lendo.
Obs.: O jogo não contém o idioma português Brasileiro ou o espanhol, contendo apenas o inglês, francês e japonês.
Esta review foi feita com um código de Switch cedido pelos produtores