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Review Paper Mario: The Origami King (Switch) – Um mundo de papel dobrado

O primeiro Paper Mario – conhecido no Japão como Mario Story – foi lançado em 2000 para Nintendo 64. Muitos o consideraram o sucessor espiritual do clássico Mario RPG do SNES que foi fruto de uma parceira da gigante japonesa com a Square. Com Paper Mario, a Nintendo apresentou ao mundo um estilo visual bem diferente do que os fãs estavam acostumados nos jogos da franquia. Toda a turminha do encanador bigodudo foi transformada em simpáticas figurinhas de papel. Além do visual diferenciado o jogo trouxe novos elementos a jogabilidade do mundo de Mario, misturando a já consagrada aventura em plataforma com elementos de RPG. No último dia 17 o sexto capítulo dessa série chegou ao Nintendo Switch. Trata-se de Paper Mario: The Origami King.

Desenvolvimento: Intelligent Systems
Distribuição: Nintendo
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, ação, plataforma
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: 25 horas (campanha) / 40 horas (100%)

O tal rei origami

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O jogo começa com Mario e Luigi viajando juntos para participarem de um festival em Mushroom Kingdom. Chegando lá os irmãos – estranhamente – se deparam com ruas vazias. Os dois seguem caminho rumo ao castelo da Princesa Peach mas, no meio do caminho, Luigi percebe que esqueceu o convite para o festival. Enquanto seu irmão vai atrás do convite, Mario resolve entrar sozinho no hall do castelo. A princesa o recepciona, porém, ela está diferente, apresentando um formato de origami ao invés de uma linda e lisa princesa de papel. Após uma série de perguntas sem muito sentido de Peach, ela joga Mario em seu calabouço. Lá ele acaba encontrando uma personagem feita de origami de nome Olívia que passa a ajudá-lo.

Juntos acabam descobrindo que o irmão de Olívia, Olly, se declarou rei e está transformando todos os amigos (e inimigos) de Mario em origamis malvados. Além de envolver boa parte do mundo e o castelo da princesa Peach com serpentinas coloridas gigantes. Cabe agora ao nosso herói encanador e Olívia resgatarem seus amigos do domínio do rei origami Olly.

Nem só de realismo vive um game

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Estamos vivendo já há algum tempo um momento na indústria de games que a comunidade cada vez mais faz uma verdadeira ode aos gráficos realistas. Muitos acreditam que um jogo só pode ser verdadeiramente bom se apresentar esse realismo em tela. A Nintendo com seus jogos sempre foi na contramão dessa tendência. A proposta é fazer games atrativos tanto para crianças que nem chegaram aos dez anos, quanto para adultos beirando aos quarenta como eu. E jogo após jogo a gigante japonesa vem provando que nem só de realismo vive um bom game.

O level design e o visual de Paper Mario: The Origami King são belíssimos. O jogo conta com lindos gráficos, super coloridos, que misturam cenários tridimensionais com personagens bidimensionais. Desde o primeiro título da série “paper”, o mundo de Mario e sua turma passou por um processo de reimaginação. Assim, todos os elementos em tela – assim como Mario e sua turma – foram transformados em papel. O diferencial de The Origami King está na transformação desses personagens de papel em origamis. Algo que foi muito bem implementado, diga-se de passagem, já que nenhum deles perdeu sua identidade visual.

A trilha sonora não é tão memorável como em Mario Odyssey, por exemplo, mas trás vários remixes de músicas clássicas da franquia em meio à composições originais para o jogo. As agitadas músicas das batalhas são divertidas, assim como algumas melodias da vitória que vem acompanhada de uma dancinha marota de nosso herói encanador.

Desbravando um mundo de papel dobrado

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Explorando os cenários, Mario vai descobrindo uma onda de destruição. Rasgos que deixaram buracos nas paredes e no chão impedindo a passagem e acesso a itens. Esses caminhos devem ser consertados jogando confete de papel colorido, com os botões ZR ou ZL. No canto superior esquerdo temos uma sacolinha que indica o nível de confete que temos. Caso a sacola esteja vazia, é preciso martelar troncos de árvores, flores ou batalhar para conseguir os papeizinhos e arrumar o cenário.

Círculos mágicos também aparecem vez ou outra, dando início a um puzzle que esconde objetos importantes ou passagens. Ao apertar o botão X sobre eles é concedido um poder especial a Mario. A solução dos enigmas do círculo mágico usa o sensor de movimento do controle e são muito divertidos de usar. Mais à frente o sistema é implementado nas lutas concedendo, agora a Olívia, um poder especial durante as batalhas.

Temos ainda que salvar os Toads espalhados pelo cenário. Os simpáticos baixinhos com cabeça de cogumelo estão escondidos nos mais diversos lugares. Após serem salvos, os pequenos reabrem as lojinhas que nos permitem comprar itens e acessórios, além de passar a compor a plateia na arena de combate durante as batalhas. Eles ainda ajudam Mario durante as lutas – em troca de moedas – acertando um golpe nos inimigos ou jogando itens que podem nos ajudar.

Ao longo de nossa jornada, outros personagens passam a compor nossa equipe e nos ajudam nas batalhas. Porém, infelizmente esses personagens são controlados automaticamente pela CPU. Conforme avançamos vamos encontrado amigos e rivais que sempre tem uma historinha engraçada para compartilhar. Uma pena que o jogo não tenha legendas em português.

Conteúdo que não está no papel

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Mario Paper The Origami King conta com inúmeros itens e colecionáveis que podem ser acessados num museu que fica em Toad Town. São troféus, músicas, galeria de artes, modelo de inimigos, entre outros. Alguns desses itens integram objetivos que podemos ou não concluir durante a jogatina: Toads resgatados, buracos reparados, tesouros colecionáveis coletados e blocos de interrogação socados. Nosso percentual de progresso, com as informações desses objetivos, é mostrado no mapa que pode ser acessado no menu do jogo a qualquer momento.

Por falar em menus, além do mapa das fases, eles apresentam informações sobre o status de Mario, nossas armas, acessórios e itens. As diferentes botas e marretas que equipamos possuem um tempo de vida útil, com exceção da bota e marreta padrão.

Paper Mario: The Origami King, infelizmente, é uma experiência solo. Os mapas são interligados para dar a falsa sensação de “mundo aberto” aos caminhos lineares do jogo. O game pode ser salvo pulando em blocos coloridos que contém a letra S, e em algumas áreas podemos sentar em banquinhos que permitem que Mario recupere a energia. O jogo conta ainda com os clássicos canos que nos possibilitam vagar para outras áreas do mapa com facilidade, assim como o impagável sistema de “fax travel”.

Sistema de batalhas

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Chegamos ao ponto mais controverso do jogo! Em The Origami King temos a opção de evitar os confrontos com os origamis malvados, apesar de alguns acabarem nos pegando de surpresa numa árvore, escondido em um armário ou embaixo de uma moita. O sistema de batalha acontece por turnos, como os clássicos RPGs japoneses, e possui duas etapas.

Na primeira temos que resolver uma espécie de puzzle cronometrado para perfilar os inimigos. Se resolvermos de forma correta esse quebra-cabeça, nosso multiplicador de recompensa ao final de batalha aumenta, assim como o dano que causamos. A segunda etapa consiste em atacarmos seja com nossa marreta, pulando sobre os inimigos e por aí vai. Se pressionarmos o botão A no tempo certo de ataque, o dano será maior. Nas batalhas dos chefes a dinâmica do puzzle que antecede nosso ataque sofre uma ligeira modificação em comparação aos confrontos comuns. Nesse caso, devemos indicar corretamente o caminho que Mario deve percorrer até o boss para, aí sim, podermos golpeá-lo.

A implementação do puzzle que antecede a batalha é interessante por criar um desafio maior ao jogo, mas foi mal executado. Se você errar pode sofrer ataque de vários inimigos. Algo bem provável de acontecer pois, como tudo é cronometrado, temos que pensar rápido. Jogando Paper Mario fiquei me perguntando o motivo deles manterem as lutas por turnos. Digo isso porque não há um senso de progressão de status do nosso personagem nas batalhas. Mario não ganha experiência e nem sobe de nível batalhando. Não precisamos perder tempo “farmando”(fazer ações especificas e repetitivas a fim de estocar recursos ou pontos de experiência) nosso personagem. As lutas só servem para ganharmos moedas que podem ser usadas para comprar armas, itens de cura, acessórios, entre outros. Com o tempo – com exceção das lutas com os chefões – você vai acabar querendo fugir desses confrontos, e só irá entrar em batalha caso esteja sem moedas o suficiente para comprar um item ou outro que possa te ajudar no jogo.

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O game pode afastar os fãs mais puristas

No ano em que nosso herói bigodudo completa 35 anos, Paper Mario: The Origami King veio para somar. Mas, não tem o mesmo brilho de outros jogos da franquia. Mesmo assim, o jogo é um verdadeiro passeio, com desafio leve, muito conteúdo para descobrir e cheio de easter eggs. O sistema de progressão, no entanto, retirou a essência clássica de um RPG e o aproximou do controverso Super Paper Mario, do Wii. A mudança no sistema de batalhas talvez faça parte da estratégia da empresa em tornar ainda mais democrática a experiência com o jogo. Mas, pode acabar afastando os fãs mais puristas que estavam esperando uma pegada parecida com o de Paper Mario 64. De toda forma, estamos diante de um bom e divertido jogo de aventura, ambientado num belíssimo e colorido mundo feito de papel.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming

Paper Mario The Origami King

8.5

Nota final

8.5/10

Prós

  • Lindos gráficos
  • Mundo Mario de papel
  • Muito conteúdo
  • Diversão na medida

Contras

  • Sistema de batalha
  • Pouco desafiador