Ed & Edda Grand Prix tenta seguir a fórmula clássica dos jogos de kart baseados em filmes: personagens conhecidos, pistas inspiradas no universo original e uma jogabilidade acessível para todas as idades. Inspirado no longa Ed & Edda, o jogo procura transformar o carisma da animação em corridas cheias de personalidade. Mas enquanto alguns elementos até remetem ao filme de forma simpática, a experiência geral acaba mais parecendo um produto licenciado apressado do que uma celebração divertida para fãs e jogadores de kart.
Desenvolvimento: Tivola Games, Funatics Software
Distribuição: Tivola Games
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Plataforma, Aventura
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox Series X|S,
Duração: 2 horas (campanha)
Um começo promissor com trilha e fidelidade visual

Logo de cara, o destaque vai para a trilha sonora. As músicas parecem extraídas diretamente do filme e ajudam a dar uma sensação de familiaridade para quem já conhece a obra. A ambientação sonora realmente coloca o jogador no universo de Ed & Edda, criando um clima energizante e envolvente durante as corridas.
Outro ponto positivo é que os personagens são fielmente representados em termos de visual e identidade — ao menos nas escolhas de design e trajeto narrativo. Mesmo que o carisma não se traduza tão bem no jogo (e falaremos disso já, já), a adaptação do elenco principal respeita as proporções e traços originais do filme, o que ajuda a manter essa conexão emocional para os fãs.
Além disso, o sistema de customização é um dos acertos mais modernos do jogo. Ao progredir e vencer corridas, você desbloqueia novas peças, cosméticos e acessórios para seu kart. Esse tipo de progressão é essencial em jogos do gênero hoje em dia, e aqui ela ajuda a motivar o jogador a continuar jogando, mesmo quando a gameplay em si não empolga tanto.
Jogabilidade inconsistente e física duvidosa

Infelizmente, tudo começa a desandar assim que você tenta realmente controlar o kart. A dirigibilidade é dura, imprecisa e sem fluidez. Os veículos têm uma sensação desconfortavelmente esponjosa, como se demorassem a responder a qualquer comando. Tentar fazer curvas rápidas é um pesadelo, e o drifting — que deveria ser a alma de qualquer kart racer moderno — parece completamente deslocado, como se as pistas não tivessem sido criadas com esse recurso em mente. O resultado? Você derrapa para fora do circuito com facilidade, perdendo ritmo e imersão.
Essa falta de sinergia entre mecânicas e level design cria frustração mesmo em pistas simples. Num gênero tão competitivo e já estabelecido, isso é praticamente um erro capital.
Falta de vida e personalidade nas pistas

Mesmo baseado num filme com potencial estético, o jogo falha feio ao tentar transmitir o charme do universo de Ed & Edda. Apesar dos personagens jogáveis terem modelagem fiel, eles são totalmente sem expressão durante as corridas, parecendo bonecos de cera animados.
Os NPCs que aparecem nas laterais das pistas — geralmente para dar ambientação — são literalmente figuras 2D estáticas, como cartazes de papelão colocados às pressas. Isso gera um sentimento de vazio, como se o mundo fosse artificial e inacabado, sem nenhuma energia ou dinamismo.
É um contraste gritante com o filme original, que se apoia em expressões e movimentação carismática para contar sua história.
Câmera fixa e mal posicionada prejudica ainda mais

Se o controle já é ruim, a câmera consegue piorar ainda mais a experiência. Ela é fixa e não pode ser ajustada pelo jogador. O maior problema é que seu posicionamento padrão não ajuda nem a visualizar o kart com precisão nem a enxergar com clareza o caminho à frente. Isso dificulta a leitura das curvas, torna desviar de obstáculos mais complicado do que deveria e mina a sensação de velocidade ou controle — dois pilares essenciais de jogos de corrida.
Os power-ups seguem a cartilha dos kart racers, mas sem personalidade. Tirando o escudo, que é um dos poucos itens facilmente compreensíveis, os outros efeitos não deixam claro seu propósito ou impacto nas corridas. Eles são genéricos, pouco satisfatórios de usar e não adicionam nenhuma camada estratégica significativa ao gameplay.
Um kart racer com boas intenções, mas pouca alma
Ed & Edda Grand Prix tem lampejos de um projeto que queria respeitar seu material de origem, mas não consegue transformar essa intenção em uma experiência divertida e envolvente. Há uma boa trilha, customização legal e personagens reconhecíveis — mas a jogabilidade problemática, a falta de carisma nas pistas, a câmera ruim e os power-ups sem identidade transformam a experiência em algo facilmente esquecível.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores




