Primeiro jogo da desenvolvedora Yellow Brick Games, Eternal Strands se inspira em títulos modernos da franquia The Legend of Zelda, além de jogos como Monster Hunter e Shadow of the Colossus. Com um jogo robusto e bem-acabado, a desenvolvedora entra com o pé direito na indústria, apesar de algumas pequenas falhas.
Desenvolvimento: Yellow Brick Games
Distribuição: Yellow Brick Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 12 anos (linguagem imprópria, violência)
Português: interface e legendas
Plataformas: Xbox Series S|X, PS5, PC
Duração: 11 horas (campanha)/18 horas (100%)
Liberdade criativa

A jogabilidade de Eternal Strands remete, à primeira vista, a The Legend of Zelda: Breath of the Wild. O jogo apresenta um personagem em um mundo semiaberto (no caso, dividido em áreas) onde completamos missões e enfrentamos monstros que deixam espólios ao serem derrotados. Esses materiais podem ser usados para aprimorar equipamentos e habilidades.
A maior diferença de Eternal Strands, no entanto, é a interação entre o combate e o cenário. Além das mecânicas básicas de ataque, defesa e esquiva, a protagonista pode utilizar três tipos de magia: fogo, gelo e cinética. Com isso, o jogador tem diversas opções para abordar nos confrontos, como congelar inimigos, incendiá-los ou jogá-los para longe com magia cinética.
O cenário também responde dinamicamente às ações do jogador. Se uma magia de fogo for usada, por exemplo, o ambiente pode se incendiar, causando dano ao próprio jogador e deixando marcas de queimadura no solo. Também é possível interagir com diversos elementos do mapa para usá-los como armas improvisadas. Essa liberdade torna a jogabilidade mais rica e divertida.

As batalhas contra chefes também são um destaque. Fortemente inspiradas em Monster Hunter e Shadow of the Colossus, essas lutas envolvem criaturas imensas que exigem estratégia e atenção aos padrões de ataque. Portanto, derrotá-los da forma correta permite melhorar suas habilidades mágicas e equipamentos.
Os problemas de jogabilidade são poucos, mas notáveis. A física pode ser inconsistente em batalhas contra chefes, resultando em situações em que o jogador é arremessado para longe sem uma explicação clara. Além disso, apesar de haver poucos bugs, o backtracking excessivo nas missões secundárias pode tornar a experiência cansativa.
Por fim, os cenários possuem um ecossistema dinâmico, mudando conforme são revisitados. Algumas vezes, o ambiente pode estar congelado, enquanto em outras pode estar seco e desolado, exigindo que o jogador adapte sua estratégia. Embora Eternal Strands não traga muitas inovações, ele usa muito bem mecânicas de outros jogos, o que é louvável considerando seu escopo e o fato de ser um título de estreia da Yellow Brick Games.
Direção de arte mediana

No quesito técnico, Eternal Strands apresenta um desempenho sólido, com poucos bugs gráficos e raros problemas de performance. O design dos personagens é variado e bem executado, conferindo personalidade tanto aos protagonistas quanto aos coadjuvantes.
Os cenários são diversos e complementam bem a narrativa. No entanto, os inimigos menores são genéricos e pouco inspirados. A modelagem dos personagens e do ambiente, embora funcional, não traz nada de inovador. As cenas renderizadas na engine também apresentam inconsistências, prejudicando a imersão em alguns momentos.
Tecendo um novo mundo

A história acompanha Brynn e sua caravana de aventureiros, que buscam desvendar os segredos de um cataclismo que destruiu sua cidade. Durante sua jornada, eles enfrentam diversos perigos enquanto tentam compreender o destino de uma civilização desaparecida.
A trama principal é mediana e carece de momentos verdadeiramente empolgantes. Entretanto, o jogo compensa isso com histórias pessoais bem desenvolvidas, reveladas por meio de diálogos e missões específicas que aprofundam a personalidade de cada personagem.
A construção do mundo também merece destaque. Porém, fica evidente que os desenvolvedores investiram bastante tempo na criação de um universo rico e cheio de intrigas. Portanto, para explorar essa lore, o jogador precisará dedicar tempo à leitura de documentos dentro do jogo, o que pode afastar parte do público.
Um bom início na indústria
No geral, Eternal Strands não assume grandes riscos, mas entrega um jogo competente, robusto e bem-acabado, feito impressionante para uma desenvolvedora estreante. É uma excelente opção para fãs de jogos de ação e aventura que apreciam títulos modernos, com mecânicas bem implementadas.
Revisão: Julio Pinheiro