No fim de 2021, Hiro Mashima, criador de Fairy Tail, anunciou um concurso para a produção de jogos independentes baseados em sua franquia. Uma das propostas que chamou a atenção do mangaká e da Kodansha, editora da obra, foi Fairy Tail: Dungeons. O título foi criado por Ginolabo, um desenvolvedor indie conhecido por Soulvars, um RPG com mecânicas de card games – conceito esse que também faz parte da proposta desse novo jogo, que transforma essa ideia em um roguelike.
Desenvolvimento: Ginolabo
Distribuição: Kodansha
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: Sem registros
Explorando uma masmorra
Com uma trama que não se preocupa em introduzir o universo de Fairy Tail para quem nunca ouviu falar da obra, o jogo começa com Natsu e Happy encontrando uma porta misteriosa que apareceu na sede da guilda deles. Dentro dela, há uma masmorra labiríntica que tira todos os poderes mágicos de seus invasores, e depois de entrarem na porta, eles se perdem até que um Exceed (uma espécie de gato mágico) chamado Labi aparece para ajudá-los. Após a revelação de que um amigo de Labi desapareceu nesse labirinto, Natsu e Happy decidem partir em uma jornada em busca de respostas e de uma maneira de recuperar seus poderes – descobrindo que, enquanto isso, é possível utilizar cartas com ataques.
Cada andar dessa masmorra é um labirinto repleto de inimigos e chefes. Como o jogo representa esses andares através de um tabuleiro, é necessário se movimentar com cuidado em direção aos objetivos, que são os adversários que precisam ser eliminados. No meio do caminho, é possível encontrar surpresas que podem (ou não) melhorar as habilidades do protagonista, como encantamentos aleatórios, por exemplo. Natsu Dragneel, o personagem principal da narrativa apresentada pelo RPG, não é o único jogável, porque também é possível controlar Lucy e Gray. Com eles, podemos explorar andares ainda mais profundos da masmorra como uma equipe, ao mesmo tempo em que se completa missões adicionais para obter itens melhores para os confrontos.
Combatendo com cartas
Fairy Tail: Dungeons tem um combate baseado em turnos com cartas. Em cada duelo, é necessário retirar cartas do baralho e usá-las em uma ordem específica para atacar os oponentes, além de escolher cartas para bloquear golpes e aprimorar as habilidades dos protagonistas. Esse sistema é simples, mas bastante estratégico, uma vez que é preciso usar combinações específicas de cartas para obter vantagens especiais nas batalhas – e, por conta da aleatoriedade típica de um card game, as lutas são dinâmicas, divertidas e inesperadas.
Como o RPG é um roguelike, os personagens perdem todos os poderes que vão recuperando ao longo das tentativas caso morram, recomeçando sempre do primeiro andar, mas liberando amuletos que podem facilitar rodadas posteriores. Os labirintos de cada fase da masmorra, naturalmente, mudam a cada tentativa, garantindo uma jogabilidade que dificilmente se tornará repetitiva. Fairy Tail: Dungeons conta com tutoriais bem explicados, que ensinam os detalhes da gameplay de forma interativa, tornando o RPG fácil de entender.
Bons visuais e trilha sonora
Fairy Tail: Dungeons tem uma boa direção artística, com visuais em uma pixel art detalhada com ótimas animações. As representações dos personagens e de seus ataques funcionam nesse formato, embora os cenários aparentam ser repetitivos e pouco distintivos. Isso, no entanto, não chega a ser um grande detrimento ao game, mas é certamente um aspecto que poderia tornar o RPG em uma experiência ainda mais chamativa do que já é.
O jogo está em um estado bem polido, mas há vários erros em relação à posição dos textos em inglês na interface, pois eles não são exibidos corretamente em alguns casos. Adicionalmente, há algumas linhas que são parcialmente exibidas em japonês, prejudicando a compreensão em certos momentos da jogatina. Esses são os únicos problemas do RPG, que conta com uma trilha sonora assinada pelo lendário compositor Hiroki Kikuta, responsável por clássicos como Secret of Mana e Koudelka. As faixas possuem um ótimo tom de música celta, conferindo ao game uma atmosfera mágica e fantasiosa que se encaixa perfeitamente com as aventuras dos personagens.
Legal e divertido
Fairy Tail: Dungeons é um RPG relativamente simples, mas com uma boa jogabilidade e uma história divertida para os fãs, não sendo recomendado para quem não tem um conhecimento extensivo sobre a série. É interessante notar que Fairy Tail é uma das poucas obras que conseguiu evitar de se tornar um jogo de luta genérico, especialmente considerando que há até mesmo um outro RPG baseado em turnos feito pela Koei Tecmo, que ganhará uma sequência em breve. Esse projeto foi uma excelente ideia do criador da saga, dado que é sensacional ver a franquia recebendo experiências únicas e cativantes como essa.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno