A desenvolvedora Level-5 retorna com mais um capítulo da sua franquia acolhedora com Fantasy Life i: The Girl Who Steals Time, um JRPG que mistura combate leve, simulação de vida e um sistema de profissões flexível. Com uma estética charmosa e uma infinidade de atividades, o jogo promete ser o ápice do gênero cozy gaming. Mas nem tudo são flores, especialmente quando se trata do modo multiplayer, que pra mim era o ponto alto do game.
Desenvolvimento: Level-5
Distribuição: Level-5
Jogadores: 1-2 (local) e 1-4 (online)
Gênero: RPG, Ação, Aventura
Classificação: 12 anos (Linguagem Imprópria, Interação de Usários)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Switch, Switch 2, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 25 horas (campanha)
Um mundo de possibilidades e profissões

Em Fantasy Life i, o jogador assume o papel de um avatar personalizável que chega a uma ilha misteriosa após um encontro dramático com um dragão negro e um fóssil que ganha vida. A partir daí, o enredo se abre para uma jornada repleta de exploração, coleta, combate e construção.
O grande diferencial está no sistema de “vidas” — ou profissões — que permite alternar entre 14 ocupações distintas, como caçador, lenhador, carpinteiro, pintor e fazendeiro. Embora apenas quatro dessas vidas sejam voltadas ao combate, as demais são essenciais para a progressão, seja criando equipamentos, coletando recursos ou completando missões secundárias.
Combate simples, mas funcional

O sistema de combate é direto, com foco em esquivas e contra-ataques. Embora não seja profundo, ele cumpre seu papel dentro da proposta relaxante e te permite escolher entre diferentes “classes” com mecânicas levemente diferentes.
Cada profissão de combate possui uma árvore de habilidades própria, permitindo personalização e progressão constante. O nível máximo pode chegar a 200, o que garante longevidade para quem busca dominar todas as vidas.

A exploração foi significativamente aprimorada nessa nova versão, se comparada à de 3DS. Aqui, é possível usar montarias, nadar, escalar e até realizar pequenos saltos pra alcançar locais mais altos. O mundo é vasto e recheado de segredos: criaturas escondidas, receitas raras, tesouros e pontos de pesca.
Além disso, é possível personalizar sua casa e até mesmo a ilha inteira, criando um espaço único que reflete seu estilo pessoal. Crafting também ajuda a aumentar o leque de itens disponíveis para fins de decoração, o que expande o fator personalização.
Um visual encantador, mas borrado no Switch

Como é tradição da Level-5, o visual é encantador. Personagens fofos, mascotes carismáticos e um mundo colorido criam uma atmosfera acolhedora. A trilha sonora suave e os tutoriais constantes ajudam a manter o ritmo leve e acessível, ideal para sessões curtas ou longas, além de relaxantes.
Porém, não vá com expectativas tão grandes para a versão de Switch. Na TV, os gráficos ficam bastante borrados (joguei numa 41 polegadas), enquanto que na tela do próprio Switch é possível ignorar imperfeições do port pro hardware da Nintendo.
Cooperação com restrições

Apesar de ser promovido como uma experiência que pode ser compartilhada com amigos ou parceiros, o modo multiplayer de Fantasy Life i apresenta limitações importantes a serem consideradas:
- Multiplayer local (couch co-op): Está disponível apenas offline e com um personagem secundário limitado, o simpático passarinho azul de capacete. Isso significa que o segundo jogador não pode usar seu próprio personagem principal nem acessar todas as funcionalidades do principal. Achei essa uma chance demais de perdida, já que temos os Buddies que acompanham nosso personagem na jornada e possuem o leque completo de ações. Uma pena não podermos controlar eles.
- Multiplayer online: Permite jogar com os personagens principais de outros jogadores, mas a experiência é restrita. Não é possível explorar livremente o mundo juntos desde o início, e há limitações quanto às atividades que podem ser realizadas em conjunto. Não se pode evoluir habilidades nem avançar nas missões da história. É mais um modo focado em exploração conjunta para subir de level e eliminar monstros.
Essas restrições podem frustrar quem esperava uma experiência cooperativa mais robusta, especialmente considerando o potencial para aventuras compartilhadas. A oportunidade estava aí, mas certamente não foi aproveitada. Talvez uma atualização futura melhore essas limitações? Não acredito muito, mas quem sabe.
Uma jornada aconchegante e duradoura

Apesar das limitações no multiplayer, Fantasy Life i: The Girl Who Steals Time brilha como uma experiência solo. A quantidade de conteúdo é impressionante: missões secundárias, profissões para dominar, itens para criar, áreas para explorar e histórias para descobrir. Mesmo após dezenas de horas, o game continua oferecendo novidades e desafios leves.
A narrativa, embora não seja o foco principal, é até envolvente. Ela serve como pano de fundo para uma jornada de autodescoberta e construção, tanto literal quanto figurativa. Porém, se você quer algo mais ágil, vai se irritar com tantas falas bobas e desnecessárias que existem aqui.
Experiência que perde muitas oportunidades
Fantasy Life i é um dos títulos mais completos e acolhedores do gênero fazenda e exploração com toques de MMORPG. Ele combina combate simplificado, simulação de vida e uma estética encantadora em um pacote que convida à exploração e à criatividade, fora a personalização no estilo Animal Crossing de ser. Embora o modo multiplayer deixe a desejar, especialmente para quem busca uma experiência cooperativa mais integrada, o game brilha como uma aventura solo rica e recompensadora. Então, fica o aviso: se pretende comprar para jogar online com alguém, pode não ser a experiência mais completa que existe. Nesse caso, aconselho a ir em busca de algo como My Time at Sandrock, que realmente pensa no modo cooperativo como algo a parte e bem feito.
Cópia de Switch cedida pelos produtores