Simuladores de fazenda talvez sejam os mais conhecidos dentro deste gênero de jogos. Cuidar das plantações, alimentar os animais e lucrar com os produtos é uma rotina cuja premissa, além de desafios pontuais, é nada menos que relaxante – ou, pelo menos, é o que esperamos. Farming Life, o mais recente título da Pyramid Games, se apresenta justamente com essa finalidade. Entretanto, como veremos, as coisas não saem como esperado.
Desenvolvimento: Pyramid Games
Distribuição: Gaming Factory S.A., Ultimate Games S.A.
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: Sem registros
Boas-vindas ao campo
Como dito anteriormente, Farming Life é um simulador de fazenda que coloca o jogador no controle do Sam, um senhor de idade que acaba de adquirir uma propriedade rural com o bom e velho sentimento de mudança no coração. Agora, seu principal objetivo é prosperar o terreno e fazê-lo cada vez maior. Para alcançar este propósito, alguns – vários – requisitos precisam ser atendidos, como veremos a seguir.
No início, temos contato com um dos poucos pontos positivos, que é o tutorial. Com uma proposta simples e direta, um ajudante espantalho – créditos à criatividade dos desenvolvedores – é o responsável por introduzir as mecânicas básicas e explicar o funcionamento dos sistemas. Balões de fala no canto inferior esquerdo aparecem a todo momento com dicas sobre os atalhos do teclado e mouse e instruções de operabilidade. Não dura mais que cinco minutos para que compreendamos o essencial, o que é ótimo para nossa progressão.
Dormindo em pé apoiado numa enxada
O mesmo, infelizmente, não pode ser dito sobre as missões. Com a intenção de servirem como pequenos desafios para estimular nosso senso de competitividade, as quests são fundamentais para avançarmos na narrativa, nos dando dinheiro e pontos de experiência para subirmos de nível e desbloquearmos novas ferramentas e construções. Porém, é comum que várias dessas tarefas simplesmente falhem devido ao limite de tempo que é muito curto, principalmente logo após o tutorial, o que acaba deixando a rotina bem frustrante e minando nossa vontade de continuar jogando.
Sobre o sistema de plantação, colheita e criação de animais, esqueça parcialmente tudo o que você conhece de simuladores semelhantes. O foco maior aqui é no gerenciamento, então o jogador acaba ficando mais distante das ações. Num comparativo, imagine que Farming Life é, em resumo, um The Sims de fazenda. O que quero dizer com isso? Você não controlará o personagem principal assim como o faz em Stardew Valley ou Farming Simulator 19. Tudo é realizado com cliques e, apesar da interface ser clara e intuitiva, o quesito imersão é bastante prejudicado.
Mesmo com esses problemas, alguns detalhes surpreendem pela inovação, como é o caso da contratação de funcionários para auxiliar na administração e no cumprimento das obrigações. Recurso ausente na maioria dos jogos do gênero, designar empregados para cada espaço de agricultura ou pecuária é importante para garantir a plena produção das mercadorias e também para transportá-las para o armazém e, posteriormente, vendê-las na cidade.
Inclusive, é justamente na cidade onde grande parte das ações se passam. Para conseguir dinheiro, seus produtos devem ser vendidos no Trade Center do município e, para isso, devem ser conduzidos para lá através de um caminhão dirigido por um empregado. Dentre os demais prédios da zona urbana, podemos destacar o Municipal Office, onde o prefeito emite os comunicados de competições; o Employment Agency, lugar que contratamos pessoas para trabalharem na propriedade e o Vehicle Shop, onde compramos novos automóveis e tratores.
Potencial desperdiçado
Farming Life tem o básico de todo simulador rural – plantar, colher e vender – e até ousa na maneira como constrói esse gerenciamento. Porém, tudo é muito entediante e repetitivo. A falta de dispositivos simples como uma ferramenta de demolição em massa se prova como uma enorme dor de cabeça: dezenas de árvores estão dispostas pela fazenda e com cada uma levante em torno de dois a três segundos para serem destruídas, fazer isso, de maneira manual e individualmente, é uma tortura.
Por outro lado, o visual cartunesco casa perfeitamente com a proposta de algo leve, e é bem polido – nenhuma queda de fps ocorreu durante as horas de jogatina, mesmo com a exigência de uma GTX 1070 de 8GB de memória dedicada como requisito recomendado. A trilha sonora também recebeu um carinho especial, tornando a experiência um pouco menos cansativa. Uma pena que tais fatores não conseguem esconder a decepção de oportunidades desperdiçadas.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong