Poucos jogos da atual geração dividiram tantas opiniões dentro do mundo gamer como Final Fantasy XV – chamado de Final Fantasy Versus XIII até a E3 de 2013 – que demorou mais de 10 anos para ser lançado desde sua revelação. Trata-se de um RPG de ação e aventura desenvolvido e publicado pela Square Enix em 29 de novembro de 2016 para Playstation 4 e Xbox One, posteriormente lançado para PC em 6 de março de 2018. Troca de diretores, problemas de engine, e até mesmo uma passagem de geração marcaram a problemática trajetória de desenvolvimento de um dos jogos com maior potencial de sua época. Mas será que todo esse tempo de espera valeu a pena?
Desenvolvimento: Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, RPG, Aventura
Classificação Indicativa: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Xbox One e PC
Duração: 30 horas (campanha)/ 94 horas (100%)
Realeza além de um título
Como todo bom RPG, a história é uma de suas partes mais importantes e, sobre ela, algumas críticas podem ser feitas. De modo geral, é boa e convence, com personagens principais bem desenvolvidos e carismáticos.
Toda a trama gira em torno de Noctis, filho do rei Regis e 114º herdeiro ao trono do reino de Lucis, que junto com seus 3 amigos e guarda-costas, Ignis, Gladiolus e Prompto, embarca em uma viagem que tem como finalidade o encontro com Lunafreya, princesa e oráculo do reino de Tenebrae. Com isso, seu objetivo é concretizar o casamento, e consequentemente uma aliança política entre os dois reinos. Entretanto, assim como todo adolescente, ainda mais um que é herdeiro do trono real, Noctis age de forma imatura e prepotente. Por isso, caso queira se tornar um bom rei e superar todos os desafios que esta jornada lhe prepara, o jovem príncipe precisará aprender muitas lições importantes, antes que seja tarde demais.
Apesar de ser uma boa premissa, nem tudo são flores, pois existem trechos que claramente foram apressados ou que tiveram conteúdo cortado, como todo o quinto final do jogo, por exemplo. Além disso, a Square Enix tomou algumas decisões lamentáveis , como forçar ganchos em partes cruciais da história para transformá-los em DLC, que apesar de serem em sua maioria, divertidos, poderiam estar no jogo base, o que demonstra certa ganância por parte da publisher.
Fora a história principal, existe uma grande quantidade de missões paralelas e caçadas que ajudam a rechear o enorme mapa que o mais recente capítulo dessa lendária franquia oferece. Contudo, a esmagadora maioria delas consiste em um sistema de leva e traz de itens, o que pode se tornar maçante caso você esteja focado em evoluir rapidamente.
Uma das últimas atualizações do jogo também trouxe o modo online, o qual pode ser jogado sozinho ou com até mais 3 amigos, e que funciona como uma espécie de MMO com ligações diretas com o final da história principal. Por isso, é aconselhável jogá-lo após concluir a campanha, a fim de evitar spoilers
Uma trilha tão mágica quanto o mundo
A série Final Fantasy sempre teve ótimas trilhas sonoras, com vários temas marcantes ao longo de sua história, e, dessa vez, não foi diferente. Yoko Shimomura preparou um repertório especial que se encaixa perfeitamente com a temática do jogo, fazendo com que mesmo após finalizá-lo, Somnus, a música principal do título, ainda marque presença na mente e nas playlists.
A música é muito bem pensada para determinado momento do jogo, potencializando os sentimentos que cada cena busca causar em quem joga, e, com certeza, é um dos pontos altos do game.
Assim como a trilha sonora, o mundo também é muito bem feito, permitindo uma exploração bem profunda por grande parte do mapa, com muitas dungeons e uma ambientação belíssima, possuindo uma fauna e uma flora bem diversificada. E claro, é possível montar em um clássico Chocobo e sair andando por aí curtindo a vista!
Inovações sempre são bem-vindas
Para aqueles que não estão familiarizados com a série, Final Fantasy sempre foi, historicamente, uma franquia de RPGs de turno. Porém, Final Fantasy XV veio com a promessa de trazer novos ares para a série, sendo um RPG de ação em um mundo aberto. Por conta dessa alteração, logicamente a jogabilidade também passaria por mudanças drásticas.
Como dito anteriormente, se trata de um mundo aberto, logo Noctis é capaz de andar, correr e pular por quase tudo, mas também existem dungeons e trechos lineares, que funcionam como um grande corredor onde a movimentação é um pouco mais lenta e limitada.
Já o sistema de combate, para jogadores de primeira viagem no âmbito dos RPG de ação, o jogo funciona bem, apesar de simples. Consiste basicamente em utilizar um botão para atacar, um para trocar entre armas e magias, um para a esquiva, e até mesmo um para dar comandos aos outros membros que estejam na party no momento. Ao longo do jogo é possível também sentir um pouco do gostinho da gameplay de cada um dos 4 membros principais, a qual é mais explorada no DLC e, de forma geral, é boa.
Noctis é versátil e ágil, podendo empunhar diferente tipos de espadas leves, pesadas, lanças, entre outros tipos de armas. Gladio é forte e bruto, se focando em espadas pesadas e ataques lentos mas com alto dano. Prompto é especialista em armas de fogo, mas também consegue tirar proveito de um tipo específico de armas, conhecidos como mecanismos, para causar efeitos especiais nos inimigos. Por fim, temos o Ignis, que usa adagas e também pode utilizar várias magias. E por falar em magias, elas não são tão fortes como em outros jogos da série, mas ainda assim são muito úteis, fora que possuem uma animação impressionante, que enche a tela com partículas. Existem também os Summons, outra marca registrada da série, mas que funcionam de forma única neste título, sendo apenas uma animação que aparece esporadicamente, e que ao chegar ao fim, causa um dano estrondoso.
Como normalmente acontece em jogos do gênero, existe uma árvore de habilidades, que por sinal, é bem grande. Incontáveis upgrades podem ser feitos, em diferentes personagens e com diferentes finalidades, variando entre habilidades passivas e ativas.
Mesmo com tantos pontos positivos, existem também os pontos negativos na gameplay, como por exemplo, os controles do Regalia, carro de Noctis, que são meio travados, não dando muita liberdade ao jogador, e que sofreram tantas críticas que a Square teve que lançar uma atualização para melhorá-los. Além disso, a movimentação dos personagens fora de combate parece ser em uma velocidade desproporcional ao mundo em volta, o que pode causar certo incômodo aos jogadores mais exigentes.
Uma trajetória complicada
Não é segredo para ninguém que Final Fantasy XV teve um desenvolvimento cheio de dificuldades, tanto por problemas com a Luminous Engine, que foi sendo atualizada de acordo com a evolução do projeto, gerando contratempos no desenvolvimento, quanto por crises na equipe, que culminaram na saída de Hajime Tabata. Mesmo assim, o produto final é de alta qualidade, com uma história marcante, personagens icônicos, uma trilha sonora fantástica e gameplay agradável, apesar de, assim como qualquer jogo, possuir defeitos.
O conjunto de todos estes fatores tornam Final Fantasy XV uma aquisição quase obrigatória para os amantes do gênero e até mesmo para aqueles que apenas buscam bons jogos, ainda mais com o fim da geração atual tão próximo. Vale a pena ficar de olho em promoções ou pacotes especiais com todo o DLC já lançado, de forma a enriquecer ainda mais esta experiência, pois a diversão é garantida, tal qual a emoção!
Esta review foi feita com uma cópia de PS4 adquirida pelo autor.