Fire Emblem: Three Hopes

Review Fire Emblem: Three Hopes (Switch) – Um crossover que beira a perfeição

A série de jogos Fire Emblem começou a sua trilha na época do famigerado Famicom em 1990. Para nós aqui do ocidente, a franquia ficou entre os jogos obscuros da Nintendo como Earthbound (Mother) por um tempo, até que, mais recentemente, vimos a luz desembarcar no ocidente. Por mais que em 2001 já tivesse personagens da série de TRPG em Super Smash Bros Brawl, somente em 2003 houve o primeiro título da franquia localizado para o ocidente, mas foi com o FE: Awakening para o 3DS que a licença japonesa começou a conquistar territórios ocidentais

Geralmente os jogos da série da Nintendo sempre tem por tema jovens nobres que se entrelaçam em guerras para decidir o destino de reinos repletos de fantasia, então me fala aí se realmente esse não é um tema que se encaixa com o musou, aquele famoso subgênero hack ‘n’ slash de um contra mil? Fire Emblem: Three Hopes é a segunda empreitada da licença de RPG tático dentro dos jogos do tipo warriors; e o primeiro era divertido, mas nada além do esperado. Vamos ver nesta análise se Three Hopes consegue ser melhor que seu antecessor. 

Desenvolvimento: Koei Tecmo
Distribuição: Koei Tecmo America, Nintendo
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataforma: Switch, PC
Duração: 41 horas (campanha)/62 horas (100%)

Enquanto isso, no continente de Fódlan 

Para fãs dos dois gêneros

Para aqueles que não conhecem ou não tiveram o prazer de jogar Fire Emblem Warriors, o jogo misturava a série da Nintendo com o estilo de jogo musou, mas não era nada mais do que ter personagens históricos da licença Fire Emblem lutando sozinhos contra um batalhão. Não estou dizendo que isso é algo ruim, mas era somente isso. E é óbvio que como fã da licença da Big N eu aproveitei bastante o jogo anterior, mas em Three Hopes é diferente, pois voltamos à história do jogo original Three Houses, mas ele acaba não sendo sobre uma história de antes ou até mesmo uma continuação, mas sim de algo paralelo que não é mesma narrativa de Byleth em Garreg Mach. 

Aqui, vamos encontrar aquelas carinhas lindas que já vimos em Three Houses, e iremos interagir, conversar, criar vínculos com elas de novo – ou pela primeira vez, para alguns: Estaremos ao lado do exímio arqueiro Claude, da sisuda e linda Edelgard e do lanceiro loiro Dimitri: eles são futuros líderes do continente de Fódlan e servem como escolha para nós. São três rotas que podemos escolher no jogo: se escolhermos seguir a rota de Claude iremos pelo caminho dos Golden Deer; se ficarmos do lado de Edelgard teremos a rota das Black Eagles; e por último preferindo Dimitri, através do qual obtemos o caminho Blue Lion. Cada um conta com uma história, personagens interação e final diferentes.

Liberdade dentro do possível 

Um musou super bem feito

Quanto à jogabilidade de Fire Emblem: Three Hopes, nós não vemos nenhuma grande novidade nela, porém ainda assim ela se mostra muito sólida e agradável. Se trata de um jogo do estilo warriors no qual combatemos milhares com um só golpe, e a essência está aqui: temos ataque pesado, rápido e especiais. Isso vai variar das classes que escolhemos e do próprio personagem. Boa parte dos personagens que têm papéis mais fundamentais no enredo possuem golpes especiais próprios, já os outros serão baseados pelas classes. 

Existe uma variedade de personagens e de classes que podemos escolher, equipar habilidades e itens. Nisto o jogo é um verdadeiro Fire Emblem. Alguns personagens terão mais pontos de experiências e vantagens se seguirem uma determinada classe, mas isso não é totalmente limitante, pois ainda podemos colocar um machado numa personagem que tem mais aptidão para ser bruxa – mesmo sendo algo meio estúpido – e essa liberdade é bastante divertida. Dentro do campo de batalha podemos dar ordens aos nossos aliados, e isso me lembrou muito o jogo de TRPG, até mesmo na forma que funcionam. Ex : um personagem de espada perde para um com lança, um arqueiro é mais efetivo contra um cavaleiro e um cavaleiro é mais efetivo contra um mago. Isso foi uma novidade que me deixou bastante surpreso – no bom sentido. 

Os personagens interagem em atividades corriqueiras

Se optarmos por jogar a obra na opção “normal”, ela se torna bem mais interessante, na minha opinião. Já que existe morte permanente, aquele personagem que você estava criando afeto pode muito bem bater as botas dentro do campo de batalha e nunca mais voltar, dando certo peso dramático para sua jogatina. 

Os fãs de Fire Emblem sabem que os personagens tendem a interagir entre si quando batalham ou trabalham juntos. Aqui em Three Hopes podemos designar para trabalhos e treinamentos duplas ou trios de personagens, pois assim eles irão crescer o nível da amizade e isso trará vários bônus durante as pelejas. Existem atividades no acampamento – lugar onde temos livre circulação – que podemos escolher fazer juntos de personagens que irão lutar ao nosso lado, ou não. 

Problemas Nobres 

Nem tudo são flores

Fire Emblem: Three Hopes não é perfeito, apesar de estar sendo um jogo que me divertiu muito, ele possui alguns probleminhas, mas nada que impeça ou atrapalhe a história ou a jogabilidade. Mesmo assim, são coisas que devem ser levadas em consideração. 

O jogo, assim como todos os musou do Nintendo Switch, tem travamentos e quedas de frames ocasionais, e às vezes é confuso especialmente em Fire Emblem Three Hopes entender o que está acontecendo. Tudo é muito rápido, bonito, mas, por vezes, travado. O game possui inúmeras classes, e por isso não vou reclamar que os movimentos das classes são os mesmos e não variam de personagem para personagem (somente os especiais variam, e são para com certos personagens). Ao meu ver, eles poderiam ter tratado pelo menos uma dúzia de personagens mais principais de uma forma mais polida, dando a eles movimentos próprios junto das classes que escolhemos, mas não é o que vimos aqui, e de certa forma tudo bem: tem muita classe disponível, né? 

No limite do amanhecer 

Seguindo a moda que começou lá com Gundam e vem se estendendo até aqui com boas obras como Hyrule Warriors: Age of Calamity, e outras nem tanto quanto Berserk Musou, vemos que Fire Emblem: Three Hopes é mais um desses crossovers que também deu certo. Talvez dentro do campo de batalha ele não seja tão excepcional quanto Samurai Warriors 5, mas fora ele é incrível. Diferente de Fire Emblem Warriors, aqui temos mais DNA da licença da Nintendo, e isso é lindo, pois foi um equilíbrio perfeito. Não são só os personagens de Three Houses que estão aqui como jogáveis, mas várias coisas que existiam no game anterior também e isso só enriquece esta obra derivada. 

Os fãs da licença irão ficar muito felizes em ver seus personagens favoritos e levar eles pro campo de batalha de novo de um modo diferente. Fire Emblems pode ser uma franquia chata e complicada para alguns que querem mais ação, mas aqui é uma grande oportunidade de algumas pessoas entrarem de cabeça nela. Um jogo bem polido com uma história legal, uma trilha sonora que nem se fala de tão boa, uma gameplay sólida e vários elementos do RPG Tático, tornam Fire Emblem: Three Houses uma boa janela para vislumbrar o limite do amanhecer.

Cópia de Switch adquirida pelo autor

Revisão: Jason Ming Hong

Fire Emblem: Three Hopes

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • O melhor crossover do gênero
  • Muito DNA de Fire Emblem
  • Arte linda
  • Combate fluído
  • Triljha sonora impecável

Contras

  • Pode ser repetitivo
  • Personagens com mesmo movset