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Review Flintlock: The Siege of Dawn (Xbox Series X) – Derrotando deuses

Quase seis anos após o lançamento do seu último jogo, Ashen – que, por sinal, é um excelente soulslike – finalmente chegou a hora de colocarmos as mãos na mais nova obra dos desenvolvedores da A44 Games. Flintlock: The Siege of Dawn permite que os jogadores acompanhem a personagem Nor Vanek, uma integrante do exército da coalizão, em uma missão para salvar a humanidade dos incessantes ataques de mortos-vivos. Porém, rapidamente as coisas saem do controle, e devemos recorrer àqueles que juramos derrotar para termos uma pequena chance de colocar as coisas de volta nos trilhos.

Desenvolvimento: A44 Games
Distribuição: Kepler Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 9 horas (campanha)/19 horas (100%)

Nor Vanek e Enki

Nor e Enki apreciando a vista.
Nor e Enki apreciando a vista.

Em uma tentativa de acabar com os mortos-vivos definitivamente, o exército da coalizão envia Nor e seu esquadrão para explodir a barreira que leva ao centro da cidade de onde os mortos surgem. Porém, as coisas acabam saindo do controle, pois, ao explodirmos essa barreira, descobrimos que ela era responsável por impedir que os deuses do mundo inferior viessem para o mundo dos humanos.

Após a missão resultar em um grande fracasso, os mortos-vivos ganham força e exterminam grande parte das forças do exército da coalizão, que agora possui mais um problema para resolver: mandar de volta para o mundo inferior os deuses malignos que escaparam de lá e que farão o possível para escravizar a humanidade.

Entre o momento da explosão da barreira que libertou os deuses e os mortos atacando a coalizão com força total, Nor, nossa protagonista, conhece Enki, uma pequena raposa falante que se revela ser um deus que tem como objetivo mandar os deuses que fugiram de volta ao mundo inferior. E mesmo odiando as divindades e os mortos-vivos, Nor junta forças com Enki para derrotá-los.

Um soulslike mais leve

Enfrentando os mortos-vivos.

É interessante observar que os desenvolvedores da A44 Games descrevem Flintlock como um soulslite. Embora ele possua vários elementos clássicos da estrutura de um soulslike, como, por exemplo, os locais de descanso que revivem os inimigos e pontos de experiência perdíveis ao morrermos, o título oferece uma jornada muito mais leve e acessível aos jogadores. O jogo não pune nossos erros em combate como uma obra da FromSoftware. Caso isso possa desapontar alguns jogadores que esperavam por um desafio maior, é importante destacar que o jogo conta com um modo difícil, assim como em Ashen.

Combate explosivo

Interface de habilidades.
Interface de habilidades.

Aliado a uma movimentação aérea cheia de pulos e esquivas, o combate de Flintlock consegue ser bastante explosivo e responsivo. Praticamente não presenciei bugs ou problemas na hitbox durante as minhas jogatinas, o que é algo bastante positivo, pois o combate exige dos jogadores muita atenção e precisão durante os ataques e o uso de habilidades.

Para enfrentarmos os inimigos, fazemos uso de uma arma corpo a corpo, armas de fogo primárias e secundárias e arremessáveis, que podem ser melhorados desde que tenhamos os itens necessários. Além disso, podemos utilizar golpes mágicos com Enki e desbloquear diversas habilidades ao acumulamos pontos de experiência durante a jogatina. O jogo recompensa e incentiva o uso de combos com maiores danos e penalidades nos inimigos. Porém, algo que me deixou um pouco decepcionado foi a pequena variedade de armas e outros equipamentos, como armaduras e arremessáveis. 

Mapas e exploração

Explorando uma das cidades do jogo.
Explorando uma das cidades do jogo.

Diferente dos muitos soulslike que vimos chegar ao mercado nos últimos anos, Flintlock possui zonas mais contidas. Com três mapas semiabertos, ele oferece uma exploração bastante linear, na qual poucas vezes temos pontos de interesse que se distanciam do caminho principal de cada um dos mapas.

A exploração dos cenários se dá de forma bastante vertical. Os desenvolvedores apostaram em uma movimentação aérea que serve tanto durante os combates quanto nas explorações. A magia do Enki nos permite pular entre portais que ficam espalhados por diversos pontos elevados, além de nos possibilitar utilizar pulos duplos e esquivas aéreas, que também contribuem para a exploração de trechos com desafios de plataforma.

Personagens e duração da campanha

Conhecendo a dona nada incomum de uma das cafeterias do jogo.
Conhecendo a dona nada incomum de uma das cafeterias do jogo.

Mesmo que não pareça, o desenvolvimento dos personagens do jogo está diretamente ligado à duração da nossa jornada em Flintlock. Deixe-me explicar: caso os jogadores foquem nas missões principais, em torno de 9 horas já teremos finalizado a campanha principal. Podemos estendê-la por mais umas três horas, contando com todas as missões secundárias.

Para mim, esse é um tempo muito curto para se desenvolver os personagens. Nem mesmo a relação entre Nor e Enki se aprofunda da forma que eu gostaria, pois os diálogos são tão rápidos e escassos que não conseguimos criar apego aos personagens. E isso só piora quando nos voltamos para os personagens secundários, que têm pouquíssimo tempo de tela e histórias que não se aprofundam de maneira adequada.

Uma experiência consistente

Flintlock: The Siege of Dawn estava no meu radar desde o trailer de anúncio, especialmente pelo motivo de ter gostado bastante do título anterior do estúdio, Ashen – tanto que me lembro de ter tido uma excelente experiência quase seis anos após ter jogado. E embora Flintlock deixe a desejar em alguns pontos, como a sua duração, história de personagens pouco trabalhados e uma pequena variedade de armas e equipamentos, ele ainda me divertiu bastante do começo ao fim, me proporcionando uma experiência verdadeiramente consistente. 

Com seu belo estilo artístico, boa jogabilidade e uma ambientação interessante, os desenvolvedores da A44 Games entregam aos jogadores uma jornada bastante divertida que faz valer o tempo investido na obra.

Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores

Revisão: Júlio Pinheiro

Flintlock: The Siege of Dawn

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Boa jogabilidade
  • Belo estilo de arte
  • Ótima ambientação

Contras

  • Campanha curta
  • Personagens pouco trabalhados
  • Pequena variedade de equipamentos