Guild of Ascension

Review Guild of Ascension (Switch) – Uma aventura morna e desinteressante

Assim que vi que Guild of Ascension era um jogo tático em tempo real com elementos de Roguelike, eu logo pensei: preciso ver como esse “novo” subgênero conseguiu estragar um dos melhores estilos de jogos que existe: o Tactics. O título da WhileOne Productions conseguiu juntar um gênero que amo demais – o de estratégia – com mecânicas que eu não suporto (Roguelike). Então, decidi encarar e ver o quanto isso poderia dar certo – ou muito errado.

Desenvolvimento: WhileOne Productions
Distribuição: Plug in Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação e estratégia
Classificação: Livre
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Switch
Duração:  Sem registros

Motivação fraca para a Ascensão

Explicação de um NPC

Geralmente jogos Tactics são marcados por grandes histórias, tendo sempre algo grandioso por trás de cada batalha, que demanda comumente boas doses de estratégia e visão do jogador. 

Se tratando de um indie, já imaginava que poderia não haver tanta atenção assim ao enredo e, de fato ele é bem simples, mas isso até que não me incomodou tanto. Aqui, uma dupla de aventureiros resolve enfrentar os desafios de uma torre contendo os maiores perigos que se possa imaginar, mas também com as maiores recompensas. 

O triste é que nem os NPCs que estão sempre interagindo com você – que, diga-se de passagem, são só 4 – são interessantes ou carismáticos. Às vezes sai algo relevante deles quando contam que já se aventuraram pela torre também, mas, no geral, nada que valha a pena saber. E pra piorar nossos únicos 2 personagens não contém carisma algum! Eles não falam um “a”, e tudo que se pode ver fora das batalhas é uma comemoraçãozinha tosca quando recolhem seus espólios da torre. 

A exploração da Torre

Mapa do andar

Como dito antes, o foco é a torre, onde acontecem, de fato, as batalhas. Ela é separada por áreas e por andares. Cada andar contém um número de salas que podem ser exploradas, e essas salas são divididas entre batalhas, desafios, eventos aleatórios, loja e estátua da deusa. Isso sem contar a sala do chefe e a chave que precisa encontrar para entrar nela.

  • Evento aleatório: pode ser alguma benção/maldição, ouro, xp ou desejos. Também envolvem alguma coisa com o mapa, como mostrar a localização de alguma sala específica ou revelá-lo por inteiro. Basicamente cada nova sala dessa é um verdadeiro mistério.
  • Desafio: são salas sem inimigos, mas é necessário realizar alguma tarefa para ganhar a recompensa do local. Geralmente há um tempo e você deve cumprir o desafio ordenado, como coletar cristais, destruir vasos e detonar bonecos de treinos antes que o tempo acabe. 
  • Batalhas: sempre com a condição de matar todos os inimigos para avançar. 
  • Estátua da deusa: ela pode lhe conceder alguma bênção nova, item permanente para seu kit, ou experiência. Serão sempre essas 3 opções, e você poderá escolher apenas uma. 
  • Loja: onde é possível gastar seus desejos conquistados nas batalhas para comprar novas bênçãos. Mas, apenas 3 ficam disponíveis por loja, contudo, pode haver mais de uma no mesmo andar. Aliás, esses desejos são o ouro da torre, mas que não é o mesmo que se usa nas lojas fora dela – ele é apenas temporário enquanto realiza a exploração. 

Sempre que passamos por uma sala, ela fica inacessível até o fim da exploração. Por isso, é importante pensar bem antes de seguir para a próxima. A estratégia não se aplica apenas no campo de batalha, mas também em como prosseguirá com sua exploração. 

Ao finalizar um andar, o próximo fica disponível. A torre segue um padrão também, e a cada 3 andares o ambiente da torre muda, ou seja, podemos começar numa floresta, depois passamos por uma montanha, e em seguida por um pantano, e assim vai a cada 3 andares. O primeiro sempre será o menor e mais fácil, enquanto o terceiro daquele ambiente será o maior e mais difícil. 

Durante as batalhas, a Deusa pode vir a interferir criando alguns estímulos (cristais) que, ao serem pegos por você ou inimigos, podem recuperar vida ou esquiva. Há ainda alguns estímulos específicos que podem ser direcionados aos inimigos, geralmente com efeitos que te deixam em desvantagem, fora outros que são focados diretamente no cenário, com armadilhas que podem prejudicar a todos. 

O mix de gêneros que deu errado

Enfrentando o chefe do andar

Infelizmente a jogabilidade deixa muito a desejar. Seja pelo lado do Roguelike ou do Tactics, ambos foram mal aproveitados. É realmente legal tudo acontecer em tempo real, ter um determinado tempo para realizar suas ações, mas, em contrapartida, quase todo o resto ficou ruim. A câmera pro cenário é péssima, “pega” de muito perto ou então de muito longe, e não dá pra movimentá-la também, o que te deixa preso a apenas um ângulo de visão. 

O interessante ao menos é que existem armadilhas pelo cenário que podem ser úteis ou uma tremenda dor de cabeça se não souber como elas funcionam. Outro ponto atrativo é que existe uma barra de esquiva que é consumida antes de sua vida, e é possível recarregá-la livremente durante seu turno. Isso ajuda bastante a sobreviver contra chefes ou inimigos mais fortes e em grande quantidade. 

Os personagens possuem 4 ações normais, sendo ataque simples, ataque carregado, descansar – que regenera a esquiva – e provocar, que serve pra chamar a atenção para si dos inimigos próximos. Há ainda mais 4 golpes especiais que consomem sua barra de habilidades, e esses já variam de acordo com a arma usada. 

Mas o fato de haver apenas 2 personagens jogáveis é totalmente revoltante. O divertido do gênero é justamente ir liberando novos personagens e testando novas combinações de equipe. Tudo bem que o fato de ter só três armas também não ajuda a mudar muito a dinâmica, mas, o mínimo plausível seria ao menos 3 personagens jogáveis, para ser um para cada arma existente no jogo.

Falando em armas, é possível escolher entre arco e flecha, espada e escudo e o martelo. A dinâmica deles é bem diferente, mas nada proporcional. Era pra espada ser o equilíbrio perfeito entre velocidade e força, mas ela é péssima para lhe dar pontos de habilidade. O martelo é absurdamente forte, de fato, mas lento demais, o que não compensa sua força. E o arco acaba sendo a mais desproporcional de todas: super rápido e carrega rapidamente a barra de habilidade, o que compensa seu “dano baixo”, além de possuir as melhores habilidades para atingir múltiplos inimigos, estejam eles próximos ou a distância. Graças a isso, é quase obrigatório o uso do arco para ambos os personagens se quiser ter um jogo mais tranquilo.

Loja de armas

Agora, vem a parte triste do Roguelike. É do subgênero frustrar o jogador em níveis astronômicos, mas, quando mal feito, é pior ainda, além de frustrante, é chato e insuportável. A sensação de nadar e sempre morrer na praia é constante, mas alguns te proporcionam alguma recompensa depois de muito esforço e é totalmente possível se fortalecer a ponto de bater o jogo “facilmente”. Infelizmente, pra Guild of Ascension, só existe o sentimento de frustração mesmo. 

Durante a exploração dos andares, ganhamos experiência normalmente ao derrotar os inimigos, podendo sair para a fogueira que é uma sala segura para se curar e distribuir os pontos de xp conquistados. O problema mesmo começa a partir do momento em que você termina algum andar, pois tudo que conquistou lá é temporário, ou seja, toda a experiência e níveis adquiridos são perdidos, assim como todas as bênçãos conquistadas, que são na verdade habilidades passivas. Não é só ao morrer que acabamos perdendo tudo, mas ao vencer também, e isso é extremamente frustrante. 

As únicas coisas permanentes são o dinheiro obtido e as armas, mas elas são liberadas aos poucos ao ir cumprindo alguns requisitos dos NPCs, como side quests nos andares. Só que, pra piorar, as armas liberadas são sempre mais fracas que as necessárias para vencer o próximo andar. Ou seja, obrigatoriamente terá uma morte triste e cruel no próximo andar antes de conseguir vencê-lo por completo. Sem contar que, à medida que você avança, as bênçãos se tornam mais escassas, apesar delas evoluírem um pouco, se tornando melhores nos andares mais altos. Ainda assim, isso seria aceitável se fosse possível manter suas bênçãos entre os andares, podendo então fazer a troca ocasionalmente por bênçãos melhores no decorrer do jogo. 

Claro que muito disso se deve ao fato de que ao morrer apenas o andar em questão é restaurado e não todo seu progresso. Ainda assim, tudo poderia ser mais bem elaborado, como ao morrer resetar os andares do ambiente atual, sem resetar o jogo todo, para manter suas bênçãos e níveis já conquistados até ali. 

Basicamente, tudo que é adquirido fora da torre é permanente, como itens, armas e mascotes – que diga-se de passagem, pensei que lutariam junto aos personagens, mas eles não servem nem como enfeite, pois concedem umas “vantagens” tão inúteis que, com ou sem eles, daria na mesma – e tudo que se consegue na torre é temporário. Fora isso, o jogo ainda conta com alguns outros problemas como ser extremamente lento para iniciar. Nas primeiras vezes que o iniciei, pensei que havia travado em uma tela preta, pois ficamos nela por cerca de 30s. 

E ainda tem o fato de que o salvamento automático simplesmente não funciona. Se precisar sair do jogo por qualquer motivo antes de terminar alguma exploração, já era! Você perdeu todo seu progresso naquele andar da torre e, ao reiniciar o jogo, terá de começar tudo de novo. 

E dá pra aproveitar alguma coisa? 

Apesar de todo o lado negativo, não dá pra dizer que não se pode aproveitar um pouco de Guild of Ascension. Mesmo tendo várias partes frustrantes, ele não é necessariamente estressante como a maioria dos Roguelike e, se tiver paciência, poderá ser cativado um pouco pelo jogo sim. 

Guild os Ascension

5

Nota fInal

5.0/10

Prós

  • Barra de esquiva recarregável
  • Armadilhas de cenários que quando bem usadas favorecem o jogador

Contras

  • Movimentação e zoom de câmera péssimos
  • Poucos personagens e armas
  • Salvamento automático não funciona
  • Recompensas e progressão nada satisfatórias
  • Personagens e NPCs desinteressantes