Capa de Gungrave G.O.R.E

Review Gungrave G.O.R.E (PC) – Tiros, muitos inimigos e uma narrativa maluca

Após múltiplos adiamentos, Gungrave G.O.R.E finalmente está entre nós. Continuando uma trama maluca, o título desenvolvido pela Iggymob põe o jogador na pele de Grave, um soldado que parte por uma odisseia no sudeste asiático visando erradicar a SEED, uma droga que torna humanos em monstros alienígenas. A aventura não acaba bem quando Mika, líder da organização que Grave trabalha, é infectada pela química do mal, fazendo o protagonista se dedicar ao máximo para se vingar dos responsáveis, enquanto tenta evitar que o pior aconteça com ela.

Distribuído pela Prime Matter e com uma excelente localização para o português brasileiro, o game está disponível para os jogadores da Steam nos computadores e nos consoles da Microsoft e da Sony, sendo ofertado nas lojas normais ou por intermédio da assinatura do Xbox Game Pass. Embora se trate de uma sequência dos eventos retratados por Gungrave Overdose, originalmente lançado para PlayStation 2 em 2004, o novo produto é acessível para novatos, pois a equipe se preocupou em contextualizar todo o universo da franquia via uma funcionalidade no menu principal.

Desenvolvimento: Iggymob

Distribuição: Prime Matter 

Jogadores: 1 (local) 

Gênero: Ação, Tiro 

Classificação: 18 anos 

Português: Interface e legendas

Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC

Duração: 14 horas (campanha)

Tiros intensos

Tiroteio maluco

Unindo os elementos consagrados por Devil May Cry com o run ‘n’ gun típico de Metal Slug, Gungrave G.O.R.E proporciona uma ação enérgica, exagerada e sem freios. Com estágios curtos, lineares e lotados de direções óbvias, a experiência puxada para um lado arcade se resume em eliminar todos os inimigos do cenário e sempre ir adiante. Para isso, Grave tem acesso a uma pistola, técnicas de artes marciais e um caixão, ideal para golpes de curta distância. A jogabilidade apresentada foge do padrão comumente estabelecido pelos jogos de tiro em terceira pessoa, já que não existe a necessidade de mirar ou recarregar a arma utilizada pelo personagem principal. Não há uma grande diversidade de oponentes, e por conta disso, o game se transforma rapidamente em um entretenimento maçante. Eventualmente, a campanha põe o protagonista para enfrentar chefes em boss battles megalomaníacas, que quebram o ritmo frenético e não combinam com o conjunto da obra.

O título tem um esquema de controles confuso, mas se acostumar com as mecânicas não é uma tarefa complicada, dado que tudo é explicado adequadamente pelos tutoriais implementados. Os produtores também prepararam um bom sistema de dificuldades, garantindo um nível de desafio satisfatório em todas as opções disponíveis. Contudo, a ausência de uma funcionalidade que permita o tiro automático faz tudo ser fatigante para as mãos e para a vida útil do método de entrada em uso.

Só é bom quando o herói fica forte

É muito tiro

Entre as fases, é possível entrar no Laboratório e utilizar os pontos, recompensados ao fim de cada missão, para aprender novos ataques e aprimorar as habilidades físicas de Grave. No início, o protagonista é fraco e não tem um arsenal poderoso, mas assim que todo conteúdo é liberado, controlar ele passa a ser divertidíssimo. O mesmo não pode ser dito a respeito dos outros personagens jogáveis, que contam com um moveset limitado e travado, sem a possibilidade de liberar aperfeiçoamentos.

Um dos aspectos mais importantes em um título de ação estilosa é sua responsividade. Gungrave G.O.R.E não tem uma movimentação fluida, e apesar de intensa, a jogabilidade é absurdamente lenta. Aliás, games deste gênero deveriam ter todas as skills liberadas desde o princípio, para ter a melhor jogabilidade desde os primeiros segundos da jogatina.

Combinando o som eletrônico com o metal industrial, a música dá um tom sensacional para a ação. Porém, a trilha sonora se repete exaustivamente, e não responde às situações que se desenrolam na campanha. Outro fator importante em um jogo deste gênero é a execução de músicas eletrizantes durante o combate, e Gungrave G.O.R.E erra brutalmente nisso. 

Gráficos estilosos

Cutscene de Gungrave G.O.R.E

Gungrave G.O.R.E tem visuais incríveis, graças a poderosa direção de arte realizada por Yasuhiro Nightow, criador da própria franquia e de mangás como Trigun e Blood Blockade Battlefront. O jogo tem gráficos fortemente estilizados e inspirados no estilo dos animes, além de uma ambientação detalhada e efeitos espetaculares. No entanto, existe uma discrepância notável entre o que é mostrado através das animações produzidas para as cutscenes e o que é exibido no decorrer da jogatina. As cenas são ultra detalhadas e iluminadas, a despeito de rodarem apenas a 30 quadros por segundo, até na versão de PC.

Produzido por meio da Unreal Engine, Gungrave G.O.R.E tem uma boa quantidade de opções técnicas. Os desenvolvedores implementaram o suporte para a tecnologia de super resolução oferecida pelo Fidelity FX, que assegura uma boa estabilidade técnica sem prejudicar a qualidade da imagem. Entretanto, existem problemas de stuttering (engasgos) relacionados à complicação de shaders, que afetam o desempenho ao longo dos momentos iniciais de todas as etapas.

Poderia ser melhor

No papel, a trocação frenética em todos os instantes possíveis combinada com a ação absurda deveria fazer Gungrave G.O.R.E ser muito divertido. O trabalho realizado pela equipe da Iggymob decepciona por fatores que os responsáveis deveriam ter dado uma atenção especial no processo de desenvolvimento. O jogo acaba sendo apenas cansativo, devido a baixa variedade de adversários, o design de fases monótono e a falta de controles melhores.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

Gungrave G.O.R.E

7.5

Nota Final

7.5/10

Prós

  • Ótimos gráficos
  • Exala estilo

Contras

  • Controles poderiam ser melhores
  • Trilha sonora decepciona
  • Inimigos repetitivos