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Review Hollow Knight: Silksong – Nintendo Switch 2 Edition (Switch 2) – Uma jornada incrível para quem conseguir encarar

Após anos de espera, Hollow Knight: Silksong finalmente foi lançado, dando sequência a um dos maiores sucessos indies da história. Mantendo a premissa básica, mas com novidades na jogabilidade e um escopo maior, o jogo agradará quem gostou do antecessor, ainda que possa exigir certa paciência.

Desenvolvimento: Team Cherry
Distribuição: Team Cherry
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 10 anos (Violência)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Switch 2, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 23 horas (campanha)/51.5 horas (100%)

Dispensando apresentações

Alguns são menos opressivos cenários, como florestas, mas são excessões
Game tem diversos tipos de cenários, mas quase todos carregam certa escuridão e melancolia

É difícil alguém que goste de videogames não ter sido exposto a Hollow Knight, metroidvania indie de 2017 com um toque de soulslike e desenvolvido por apenas três pessoas em seu time principal. O sucesso inesperado que vendeu milhões de cópias mudou a vida de seus desenvolvedores, que puderam então se dar ao luxo de desenvolver o próximo título no tempo que quiseram – e após oito anos de espera, eles revelaram que a demora se deu basicamente pois estavam se divertindo durante o processo e não tinham nenhuma pressa.

Assim como o antecessor, Hollow Knight: Silksong é um metroidvania com influência dos soulslikes. Mais especificamente, no fato do seu dinheiro ficar no lugar em que você morre, além da dificuldade severa. Temos os elementos comuns de metroidvanias, com jogabilidade 2D side-scrolling, mapa contínuo dividido em diversos ambientes, conquista de habilidades para acessar novas áreas, entre outras características. Silksong aposta bastante em conteúdo opcional e na não-linearidade, pois, ainda que exista um caminho obrigatório para se chegar ao final da campanha, há muitas áreas totalmente opcionais, além de momentos em que há diferentes caminhos que podem ser explorados ao mesmo tempo.

Domine sua agulha ou não terá nenhuma chance

Farmar dinheiro é uma das partes mais chatas e praticamente obrigatórias do jogo
Tá tudo caro

O combate é um elemento central de Silksong. Hornet, a protagonista dessa história, ataca com sua agulha, que possui algumas variações que mudam o dano, velocidade e tipo do ataque aéreo. Mais importante, porém, é que cada arma possui um diferente brasão, que determina quantas e quais tipos de ferramentas podemos equipar – que são itens que fornecem diferentes ataques ou propriedades. É um sistema semelhante aos amuletos do game anterior, mas agora em um formato mais elaborado. Esse sistema é divertido e permite bastante personalização da personagem ao gosto de cada jogador.

Como comentei, um dos destaques do game é sua dificuldade, em particular no combate, é claro. Além das batalhas homéricas contra a grande quantidade de chefes, o game, por muitas vezes, é desafiador até em simples deslocamentos entre uma área e outra. Há diversos inimigos com padrões e timing de ataques complicados de entender, além de perigos do ambiente e momentos em que vários oponentes se juntam na tela. Com uma disposição não muito generosa de pontos de salvamento ao longo do mapa, a repetição de longas seções se torna rotina.

Mas digamos que até aí, tudo bem, posso aceitar a dificuldade do combate, ainda que ache certas partes e chefes exagerados. Mas há momentos e sistemas que passam da fronteira do desafio para serem unicamente frustrantes. Por exemplo, temos armas secundárias que gastam um recurso para serem usadas, os fragmentos de carapaça.

Jogamos quando não precisamos trabalhar

O game te obriga a fazer concessões a todo momento nesse quesito
Brasões e sua personalização são um dos aspectos mais interessantes do jogo

Os fragmentos são ganhos ao derrotar inimigos e, ao morrer, suas armas são reabastecidas usando esses fragmentos. O problema é que, ao entrar na sequência de lutar contra um chefe, o que na maioria das vezes levará a muitas tentativas, você logo ficará sem fragmentos e terá que matar inimigos incessantemente para reabastecer.

Isso quebra a rotina de tentar enfrentar o chefe e te obriga a ir colher recursos apenas para seguir tentando com o básico que você já tem, sem nenhum novo item ou recurso. Junto com a necessidade constante de matar inimigos repetidamente para coletar dinheiro (tudo custa, até coisas básicas: liberar e usar alguns save points, liberar os pontos de viagem, abrir algumas lojas, acessar mapas), frequentemente Silksong se torna algo mais parecido com um trabalho do que um jogo em que buscamos distração e diversão.

Várias situações me fizeram simplesmente reiniciar o jogo ao invés de morrer e dar loading, que é algo que nenhum desenvolvedor deveria incentivar. Uma vantagem: ao menos o sistema de transporte rápido me parece bem melhor do que no game anterior.

Precisava de tudo isso?

Prepare-se para sentir muita raiva, mas o sentimento de ir melhorando é estimulante
Chefes são um dos pontos centrais no jogo

Claro, o game trabalha com o sentimento de esforço e recompensa, e é inegável o quão satisfatório é vencer um chefe ou atravessar uma área depois de diversas tentativas e ir observando seu desempenho melhorando a cada tentativa. Mas a que custo? Não me entenda mal, a jogabilidade de Silksong é excelente, mas o game vai testar quanta frustração você está disposto a encarar para avançar na aventura. 

Há uma constante luta entre o quão instigado você está para explorar adiante e a paciência para encarar mais uma seção de plataformas ou chefe muito difícil. Pelo que me lembro, aqui essa sensação está ainda maior do que no primeiro game, o que, no geral, não me parece positivo. Além disso, não são poucas as vezes em que a recompensa após passar algo muito difícil não é nada de interessante, raramente sendo algo que vai facilitar a sua jornada adiante.

Vale muito a pena, mas esteja avisado

Hollow Knight: Silksong é um grande jogo que agradará os fãs do primeiro título, mas é necessário ter em mente que tudo nele exigirá paciência e habilidade do jogador. Uma vez disposto a encarar esse desafio, você terá em mãos um dos melhores metroidvanias dos últimos anos.

Cópia de Switch 2 adquirida pelo autor

Revisão: Julio Pinheiro

Hollow Knight: Silksong - Nintendo Switch 2 Edition

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Personalização do combate
  • Conteúdo muito amplo
  • Exploração satisfatória
  • Desempenho e gráficos excelentes

Contras

  • Para além da dificuldade, muitos momentos e sistemas são inconvenientes
  • Recompensas após desafios frequentemente decepcionam