Inertial Drift capa

Review Inertial Drift (Switch) – Passando reto nas curvas

Há tempos já não temos qualquer jogo de corrida arcade que represente a série NFS Underground de forma digna nos videogames. Não existem sequer tentativas de reproduzir os dois adorados títulos – porém abandonados – da EA Games, ao menos até onde eu saiba. Inertial Drift chega com uma proposta que faz jus ao seu nome: realizar drifts. Me fez lembrar superficialmente de NFS Underground e até mesmo trouxe expectativas neste sentido para mim. Porém, dotado de uma jogabilidade que não parece funcionar e que busca a inovação por mera inovação, Inertial Drift é uma dúvida cruel sobre seu real propósito no mundo dos jogos de corrida arcade.

Desenvolvimento: Level 91 Entertainment
Distribuição: PQube
Jogadores: 1-2 (online)
Gênero: Corrida, Arcade
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4, PC e Xbox One
Duração: Sem registros

É tudo sobre drift

Drift e mais drift

Em Inertial Drift existe uma proposta de trazer mais imersão ao jogador, o colocando na responsabilidade de escolher entre alguns personagens para seguir um modo história, cada qual possuindo sua própria “personalidade” e veículo com atributos próprios. Desta forma, a principal intenção parece ser aumentar o fator replay de forma geral, já que qualquer personagem selecionável possuirá seu desfecho diferente e um certo grupo de NPC com quem irá interagir.

Apesar de ser bem diferenciada, a forma escolhida nos controles são arbitrárias e não muito naturais. O jogador deve controlar o veículo com o analógico esquerdo, enquanto que com o direito ajusta a direção do drift sendo feito. A estratégia será uma constante alternância entre drift, freios, desaceleração e bastante cuidado para não colidir com as paredes. É possível alterar a função dos dois analógicos, controlando o carro com o analógico direito e realizando o drift com o esquerdo. Mesmo assim, são opções bastante limitadas, e não vai agradar muita gente.

Funcionando apenas como um claro “tapa-buraco”, o enredo de Inertial Drift aborda sobre um grupo de amigos que estão se preparando para um Grand Prix de verão, e que são surpreendentemente simpáticos e prestativos mostrando que estão sempre dispostos a ensinar o personagem escolhido a realizar as maiores façanhas nas pistas. Bom, da forma que descrevi parece que existem muitas manobras e truques a serem feitos, mas não: tudo por aqui gira em torno da mecânica limitada.

No modo história, existirão por volta de 5 oponentes para enfrentar a cada protagonista que decidirmos escolher. Apesar de funcionar quase como um tutorial, onde são apresentados os controles e todos os modos existentes no jogo, algumas partidas parecem completamente injustas. O que deixa isso bem aparente são as Duel, onde o adversário está sempre à sua frente numa distância ridiculamente grande.

Os visuais são competentes e belos na medida do possível – ao menos nos carros -, mas com texturas de cenários bem pobres, bem como suas modelagens 3D. A direção de arte é bacana e casa muito bem em vários sentidos. Os menus e o estilo gráfico lembram bastante o início dos anos noventa, e isso melhora exponencialmente com sua trilha sonora eletrônica bem escolhida – mas com poucas variações e opções.

Tentativa de inflar conteúdo

Fases com drift

Inertial Drift oferece 6 modos de jogo, mas apenas de forma superficial. Todos eles passam a sensação de serem apenas uma leve variação da jogabilidade central, como se todos fossem a modificação preguiçosa de uma mesma coisa. E isso se reafirma ainda mais por causa da falta de colisão entre os veículos, mesmo nos modos Race e Duel, passando a impressão de que o modo Ghost Battle foi apenas reutilizado – onde você corre contra seu “fantasma”.

Os modos “reais” citados são estes:

  • Time Trial: uma corrida contra o tempo;
  • Ghost Battle: uma briga contra o fantasma do seu próprio carro;
  • Race: batalha 1×1 contra um oponente mas sem a possibilidade de colisões (você passa por dentro do outro carro);
  • Duel: uma corrida onde precisamos nos manter à frente do adversário pelo tempo específico;
  • Endurance: onde é necessário alcançar os checkpoints e resistir até que o contador chegue ao zero;
  • Challenge: onde jogamos contra personagens já encontrados no modo história, servindo também para liberar seus respectivos veículos.

Fora isso, existe o Grand Prix, que nada mais é do que um amontoado de modalidades do jogo em sequência com algumas poucas chances de finalizar sem perder, e o Arcade, que não passa de uma corrida rápida em qualquer uma das modalidades. O jogo foi inflado superficialmente a fim de parecer que possui muito conteúdo, mas inevitavelmente você perceberá que todos os modos são mais do mesmo. As pistas também não são muitas, oferecendo poucas ambientações diferentes e suas versões espelhadas.

Se tratando do multiplayer, o jogo possui uma opção para 2 jogadores no mesmo console (splitscreen), e um modo online bastante ruim onde parece impossível de se encontrar um oponente. São três categorias de carros diferentes para escolher ao correr contra pessoas ao redor do mundo.

Não existe forma de convidar amigos, pesquisar ou criar salas, etc. É simplesmente um local onde você seleciona sua região (ou deixa no automático), torce muito para encontrar alguém aleatório e fim. Nem mesmo uma partida consegui experienciar através deste modo, dando a entender que simplesmente ninguém está jogando. Se houvesse ao menos uma forma de pesquisar salas, eu saberia dizer se existe alguma alma viva por ali.

Problemas e tropeços

Personagens que "driftam"

A versão de Switch não é uma das melhores, e roda em cerca de 30 fps com algumas quedas de performance nítidas. Os gráficos também são bem serrilhados e até mesmo borrados em algumas situações, deixando muito a desejar no quesito qualidade. O fato de não rodar também em 60 fps causa uma sensação de lentidão em jogos deste gênero, e não faz sentido essa ausência de performance em Inertial Drift visto que os gráficos não são espetaculares e muito menos compatíveis com esta geração de games.

Fora que alguns loading são bem extensos e me deixaram impaciente, além de que sequer adicionaram uma opção de recomeçar uma partida caso eu tenha ido decidido que me dei mal até aquele ponto. Pra piorar, não existe um mapa onde podemos ver a próxima curva, e só temos uma opção de câmera disponível. Some estes dois elementos e verá suas chances de ir reto numa curva aumentarem bastante, o que acaba sendo mais comum no modo portátil onde os detalhes mais afastados são menos visíveis.

Underground só na vibe

Mais drift

Inertial Drift jogo foca tanto em seus controles diferenciados que não consegue trazer uma boa variação ao gênero. Mesmo com vários modos de jogabilidade, todos são uma leve mudança em relação ao cerne. A ausência de colisões e corridas engessadas de apenas 1×1 são maçantes e desanimam, além de que o modo online possui falhas bastante amadoras e parece ter chegado morto logo de cara.

Inertial Drift é um jogo que poderia ter sido muito mais, mas tropeçou em tentar parecer o que não é através de seu conteúdo superficialmente extenso. Seus merecidos elogios são graças aos visuais belos e temática bem executada, mas seus controles “únicos demais” provavelmente vão afastar a maioria das pessoas que tentarem dar uma chance ao jogo por não existir uma opção alternativa.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Inertial Drift

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Temática bem executada
  • Modo história interessante
  • Músicas coesas

Contras

  • Modos superficialmente variados
  • Pouca variação
  • Jogabilidade restritiva e sem opção
  • Modo online morto e falho