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Review Inmost (Switch) – A dor da perda

Trazendo uma ambientação de terror misturado com narrativa, Inmost é um jogo de aventura, puzzle, com pitadas de ação e três personagens em uma história interconectada. O indie da Hidden Layer Games vem originalmente do iOS, existente no serviço Apple Arcade, e foi portado para o Switch neste ano com alguns probleminhas de performance – o que é bizarro, considerando que é um jogo 2D. Inmost procura trazer um enredo cativante com o auxílio de muitas set pieces e um clima sombrio com pequenos momentos de jumpscare.

Desenvolvimento: Hidden Layer Games
Distribuição: Chucklefish LTD
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Puzzle
Classificação Indicativa: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Switch e iOS
Duração: 4 horas (campanha)/ 4 horas (100%)

A garotinha

A dor e o sofrimento

Inmost coloca você inicialmente na pele de uma figura masculina, um homem barbudo que possui poucas e simples habilidades como escalar locais, ativar alavancas e botões, pular e rolar no chão. A história vai sendo entregue em pequenas porções para o jogador, fazendo o uso de textos posicionados em tela e algumas cenas com narração em uma voz, inicialmente, feminina. O jogo procura trazer a demonstração de dor e sofrimento de uma família através dos elementos de gameplay e criaturas sombrias que surgem para eliminar seu personagem, sendo necessário nestes momentos a fuga ou a esquiva para dar procedimento na história. Mesmo assim, existe bastante o fator “tentativa e erro” em Inmost, o que não necessariamente é ruim.

Particularmente não sou tão fã de jogos com muito foco em narrativa, principalmente porque muitos destes títulos que se encaixam neste gênero acabam virando um adventure point ‘n click com poucas mecânicas diversificadas, mas com muito foco em interação com cenários e personagens. Inmost faz muito diferente, e tem a brilhante ideia de aplicar coisas que vemos normalmente em games de plataforma e puzzle em sua jogabilidade. Não é simplesmente interagir com cenário por aqui, mas será necessário explorar levemente o ambiente, se adentrar em paredes falsas e locais escondidos, obter itens chaves para liberar locais bloqueados e evitar inimigos.

Uma história, três pontos de vista

São três personagens ao todo que podemos controlar, e isso acontece de tempos em tempos conforme finalizamos uma fase. Existe a alternância entre estes três pontos de vistas de uma mesma história, cada qual colocando o jogador na pele dos diferentes protagonistas.

Como citado, o primeiro é a figura masculina no enredo. A segunda é uma garotinha, a qual possui movimentos bastante limitados por causa de sua idade, não sendo capaz nem mesmo de dar pulos, tendo suas ações resumidas a escalar bancos, cadeiras, armários, abrir portas, subir escadas e discutir sobre elementos imaginários com seu coelhinho de pelúcia falante. O terceiro e último é um guerreiro, recebendo o papel mais imaginativo e mágico de todos, apresentando uma jogabilidade similar a de um ninja, o que permite movimentos ágeis, ataques com sua espada e esquiva rápida no melhor estilo Castlevania.

O pai

O guerreiro possui a jogabilidade mais diferente de todas e foca muito em ação, já o rapaz é o explorador e solucionador de puzzles, enquanto que a garotinha faz o papel unicamente de interação com o cenário.

Os eventos de Inmost desenvolvem o enredo contando o que acontece com um casal e sua filha. Para evitar estragar a experiência de quem não jogou, evitarei entrar em detalhes. Porém, Inmost certamente apresenta um final muito bem fechado, sendo digno o considerar um jogo sem pontas soltas e que sabe quando encerrar uma excelente história. Não existem finais adicionais ou muito fator replay, muito menos sentido em ficar pegando os coletáveis. De qualquer forma, falo com segurança que é um dos melhores games com o qual já tive contato.

O guerreiro

Bugs e performance

Existem algumas poucas ações que parecem quebrar o jogo. Como em um momento onde empurrei uma cadeira além do necessário, subi na mesa e não foi possível mais descer do local. Ou também quando tive que fugir de um javali das sombras, e ele ficou parado num lugar onde eu precisava ter acesso, mas me matava quando eu tentava chegar ali, tornando impossível o progresso. Nestes dois momentos precisei reiniciar o cenário, não me pareceu nada natural e acredito se tratar de algo não testado. Fora isso, houve um glitch que fez com que este javali começasse a andar em pleno ar, mas sem impactar no jogo diretamente.

Falando sobre a versão de Switch, é estranho o fato de que o jogo tem quedas de performance em vários pontos. Não faz sentido por conta do estilo adotado ser completamente pixel art, apesar de vários efeitos belíssimos de parallax nos cenários e ambientações carregadas de partículas, ainda assim, 2D. Espero que com o tempo isso seja corrigido, já que na sua plataforma original ele funciona sem problemas de performance.

Cativante e profundamente doloroso

Inmost é uma experiência, acima de tudo, narrativa. Talvez a forma como o enredo é contado e os elementos usados para tal sejam bastante confusos para a maioria dos jogadores. Eu mesmo consegui entender somente na conclusão do último capítulo. Porém, sua jogabilidade excelente e variada consegue tornar a contação de história algo leve e divertido, ao mesmo tempo que traz assuntos pesados à mesa. Inmost sem dúvida é uma obra que vale muito a pena conferir. Mesmo que a versão de Switch não seja 100% otimizada, a jogabilidade não é afetada. Por fim, seu único defeito talvez seja durar menos do que eu gostaria, cerca de 3h e pouco.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

Inmost

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • História incrível
  • Personagens cativantes
  • Jogabilidade acima da média
  • Ambientação impecável
  • Conclusão excelente

Contras

  • Performance ruim
  • Bugs