Journey to the Savage Planet Capa

Review Journey to the Savage Planet (Switch) – Entre tapas, bicudas e mochilas a jato

Tempos atrás fiz a análise de Journey to the Savage Planet para Xbox One, que você pode conferir clicando aqui, e fiquei espantado com o anúncio repentino de que um belo dia o jogo simplesmente chegou ao Switch. Isso mesmo, sem mais nem menos, sem qualquer anúncio prévio. Algo arriscado de se fazer, visto que o jogo já não é tão conhecido assim no cenário indie. De qualquer forma, o port realmente veio bem a calhar e já posso dizer: está incrível.

Desenvolvimento: Typhoon Studios
Distribuição: 505 Games
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Aventura, FPS
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, PC, PS4 e Xbox One
Duração: 7 horas (campanha)/ 15 horas (100%)

Modo dock

O céu de nenhum homem

Brincadeiras à parte com o título desta seção, em Journey to the Savage Planet você é um tripulante de uma empresa de exploração espacial chamada Kindred Aerospace, que tem o orgulho de ser reconhecida como a 4ª melhor do ramo. Em meio à uma missão, sua espaçonave acaba quebrando e te deixando na mão, e sua principal tarefa é consertá-la para ir embora, e é claro que nada seria tão simples assim. Para agregar à personalidade do jogo, Journey to the Savage Planet possui um humor fora de série, o qual traz diálogos sarcásticos de sua assistente virtual e propagandas completamente absurdas e sem sentido na TV local. A “palhaçada” também é bem notória na descrição de várias criaturas e formas de vida do estranho planeta, cuja informação é adquirida fazendo uso do scanner do braço do protagonista e inserida depois no bestiário.

Lago de fogo e enxofre

O jogo tem uma abordagem que lembra bastante o sub-gênero conhecido como Metroidvania, onde o jogador precisa revisitar lugares que, na primeira vez, não são acessíveis. Isso por causa de habilidades que são adquiridas ao longo de sua jornada, as quais não servem apenas para alcançar estes lugares anteriormente inacessíveis, mas também são bem úteis durante todo o seu trajeto até o fim do jogo.

Em Journey to the Savage Planet não temos apenas upgrades funcionais e obrigatórios que te levarão em frente no enredo, mas sim melhorias que impactam nas mecânicas de batalha, na agilidade do personagem e principalmente em sua mobilidade através do mundo aberto.

Metendo a furadeira

Sandbox e crafting

Falando em mundo aberto, quem não gosta de ver aqueles pinos na bússola dizendo para qual direção devemos ir? Journey to the Savage Planet faz um trabalho exemplar na questão de organização e clareza, mantendo todas as missões ativas e disponíveis para serem colocadas em prioridade através do menu do jogo. Através dele também é possível ver o equipamento atual, materiais coletados, seu bestiário e outras firulas. Para avançar nas missões principais da história, o jogador precisa coletar certos materiais contidos no cenário e em criaturas do planeta desconhecido, os quais serão usados para construir upgrades essenciais como mochila a jato, um super pulo e o chicote que permite escalar lugares altos. Todos estes materiais são guardados em seu inventário e há a necessidade de voltar à nave para então contabilizar em seu estoque.

Tacando o chicletão

Em poucos minutos, felizmente, também o sistema de fast travel é ativado por meio de objetos alienígenas posicionados estrategicamente nas mais diversas áreas do jogo, então nada de se preocupar em ficar igual a um andarilho por aí em busca de seus objetivos: viaje rapidamente! Para tornar as coisas ainda melhores, existe o modo multiplayer online, onde você pode convidar um amigo(a) para se juntar em seu progresso, mas com limitações que decepcionam um pouco ao mesmo tempo que anima quem ainda não se aventurou neste recurso do jogo.

Apesar da existência do online ser algo chamativo e extremamente favorável na minha opinião, o recurso perde muitos pontos por não permitir com que o 2º jogador da partida também receba o progresso adquirido em conjunto, fazendo com o que o online seja benéfico apenas para o hospedeiro. Pior ainda é não ter pensado em um crossplay para jogar entre plataformas diferentes, visto que o jogo já foi lançado em três ao todo até o momento.

Mas o crucial mesmo fica por conta da falta de uma jogatina pública ou pesquisa e criação de salas, restringindo o multiplayer apenas à amigos que você tenha em sua lista de amizade no Switch, além da falta completa de possibilidade de comunicação entre as duas pessoas – nem mesmo por emojis, chat de voz ou gestos in-game.

Agachamentos com o amigo

O port ficou como?

Falando sobre aspectos técnicos, Journey to the Savage Planet é simplesmente incrível no Switch. Sério. Todos sabemos das limitações de hardware do console da Nintendo, que se aproxima de um tablet NVidia conhecido como NVidia Shield e roda em underclock para economizar energia. Mesmo assim, graficamente e em termos de performance o jogo dá um show. Os visuais são bem próximos à versão de Xbox One, a qual é inferior à de PC.

No modo portátil o rendimento é bastante liso, com pouquíssimos momentos de queda de quadros por segundo ou qualquer coisa parecida. A resolução também é relativamente honesta, e gira em torno de algo abaixo dos 720p fora da dock, com uma configuração dinâmica que fica transitando entre valores menores para segurar os 30 fps máximos que o jogo aguenta.

Já na TV acontece algo complicado: quedas mais aparentes e constantes de performance estão ali presentes em maior escala. Parece que o jogo foi testado apenas no modo portátil e deixaram o modo dock em segundo plano, esperando que as pessoas fossem aproveitar bem mais fora da TV. Não é algo extremo ou que torne tudo injogável, mas acaba sendo uma experiência inferior à versão de Xbox One caso opte por jogar “dockado”.

Analisando a vida alheia

Tristemente também não temos algo exclusivo para o port de Switch, como comandos de toque na tela e o diferenciado sensor de movimento para auxiliar na mira. Isso faz com que a versão para o console híbrido seja injustificadamente mais cara se levarmos em conta a conversão direta (R$ 149 na plataforma da Microsoft e US$ 29 no Switch), porém se tratando de dólares americanos os valores são equivalentes nas duas plataformas.

Vale a pena?

Caso você ainda não tenha sido convencido pela análise, recomendo a testar o jogo no Xbox One através do GamePass e tirar a prova. Infelizmente o jogo não conta com uma versão demo para experimentar, portanto é complicado dizer que a versão de Switch vale mais a pena do que nas plataformas da concorrência. Apesar de ser um jogo ridiculamente divertido e bem feito – se tratando do single player -, acredito que jogar de forma portátil seja seu maior chamariz no console da Nintendo, enquanto que no quesito gráfico e performance o port fica devendo por uma falta de patch que corrija verdadeiramente os engasgos e quedas de quadros por segundo, principalmente na TV.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Gráficos acima do esperado
  • Performance estável no portátil
  • Modo online presente
  • Humor de rachar o bico
  • Jogabilidade estimulante

Contras

  • Performance ruim na TV
  • Sem giroscópio
  • Multiplayer só beneficia o host
  • Online sem modo público