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Review Marvel’s Avengers (Xbox One) – Uma boa história com um monte de bugs

Marvel’s Avengers é a tentativa da Crystal Dynamics de trazer o supergrupo da Marvel para os videogames. Embora o título tenha qualidades notáveis, sofre com bugs irritantes e com desempenho técnico duvidoso.

Desenvolvimento: Crystal Dynamics
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação e Aventura
Classificação Indicativa: 14 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS4, Xbox One e PC
Duração: 11 horas (campanha)/ 30 horas (100%)

Avante Vingadores!

A história de Avengers é excelente. Uma nuvem tóxica de gás Terrigen infecta a população de São Francisco após uma batalha dos Vingadores contra o vilão Treinador. Essa infecção desperta poderes em inúmeras pessoas, sendo estes chamados então de Inumanos.

Cinco anos após os eventos do dia que ficou conhecido como A-Day, a jovem Khamala Khan parte em uma jornada para encontrar os Vingadores e uni-los novamente, com a esperança de que a equipe de heróis possa ajudá-la a salvar os Inumanos das mãos da A.I.M. (Advanced Idea Mechanics).

Khamala é claramente a protagonista do jogo, e isso é maravilhoso. Ela representa o fã de super-heróis que reside dentro de cada jogador. Mesmo perspicaz, forte e corajosa, demonstra inseguranças e dúvidas com relação ao seu papel no mundo, assim como qualquer pessoa em início de jornada e crescimento. É uma representação crível de uma adolescente que titubeia mesmo tendo descoberto seu caminho ideal.

Khamala

Bruce Banner e Hulk são a força do grupo; Stark é a mente; Thor é o poder; Viúva Negra a sagacidade e Capitão América é a representação da coragem e da liderança. Mas Khamala é o coração do Vingadores, unindo-os sob um ideal maior e ajudando-os a deixar de para trás os conflitos que fizeram com que o grupo se separasse no passado.

A abordagem dos Inumanos como a pária da sociedade é bem construída. Nada é excessivamente complexo. Vê-se a segregação e o tratamento truculento aos Inumanos através dos olhos de Khamala Khan que, como Inumana, sabe o que é ser considerada uma forasteira, uma intrusa, uma doença na sociedade. É um reflexo da sociedade que vivemos hoje em dia, com todas as questões raciais presentes e que estão ainda mais aparentes e inegáveis.

O vilão principal, Modok, é bem construído e tem motivações claras, embora simples. Sua presença consegue ser imponente, ao contrário do Treinador e do Abominação, cujas aparições são apenas um estofo de pouco impacto.

Em busca de Poder

A Crystal Dynamics conseguiu fazer com que todos os heróis sejam divertidos de controlar, seja por meio do poder destrutivo de Hulk, das piruetas e malabarismos da Viúva Negra e do Capitão América ou voando com o Homem de Ferro. Os controles respondem bem e a movimentação é, na maior parte do tempo, fluida.

Derrotar inimigos concede pontos de experiência para o herói que está sendo controlado. Subir de nível concede um ponto de habilidade que pode ser alocado em habilidades ativas e passivas.

Cada herói conta com três habilidades distintas. Uma comumente de ataque (RB), outra comumente de suporte ao time (LB) e uma suprema (RB+LB). E é isso. O jogo inteiro se resume a jogar o escudo com o Capitão América, usar a mãozona da Miss Marvel ou o disparo de raio do Thor. Embora seja divertido derrotar inimigos com esses golpes, a sensação que fica é que o combate de Avengers poderia ser mais variado, especialmente no concerne às habilidades especiais de ataque disponíveis para cada um.

Combate

Os heróis podem ser equipados com até quatro peças distintas de equipamentos. Cada peça conta com um nível de poder determinado, que pode ser aumentado ao usar materiais coletados ao quebrar caixas pelo cenário ou ao abrir baús. O nível de poder total do herói é calculado com base no poder de cada equipamento. São quatro níveis de raridade: branco, verde, azul, roxo e amarelo. Quanto mais raro, mais bônus passivos e melhorias para as características do personagem, como defesa, ataque físico e à distância.

No que se refere aos combates, Avengers se destaca pela sensação de poder passada por cada personagem. Ser o Deus do Trovão é tão divertido quanto se camuflar com o véu da Viúva Negra ou ao usar a elasticidade da Miss Marvel para dar socos e pontapés com braços e pés gigantes. A diversão proporcionada aqui compensa um pouco a falta de variedade na lista de golpes e habilidades especiais.

Avengers: Endgame

As missões da campanha principal são ótimas, tanto pela variedade de cenários e situações quanto pelas cenas de ação cinemáticas e empolgantes. Após, o título entrega opções interessante de missões extras através da Mesa de Estratégia, chamadas Zonas de Guerra, com objetivos que variam entre capturar pontos específicos ou solucionar códigos para abrir cofres de recompensas. Essas missões fazem parte da narrativa, e avançam a história pós-campanha de maneira sutil, mas competente. Entretanto, a jogabilidade se resume a repetir as mesmas missões de novo e de novo, em busca de equipamentos de nível de poder maior e de materiais para evoluí-los.

Sendo um “jogo como serviço”, Avengers oferece objetivos diários e semanais para serem concluídos. Esses objetivos variam de facção para facção, sendo elas a Shield e a Resistência dos Inumanos, e no geral são muito semelhantes e repetitivos. Derrote X inimigos de N maneira; ou colete um determinado número de Y material. Pelo menos são objetivos rápidos de serem concluídos.

Khamala novamente

É possível jogar o game com até outras três pessoas. O matchmaking funciona bem. Não é demorado encontrar jogadores, provavelmente pelo fato de o título ser crossplay entre as plataformas que está disponível. O nível de dificuldade da missão é nivelado a partir do jogador mais fraco, tornando as partidas acessíveis a qualquer um que deseje jogar online.

Problemas acentuados

Derrotar inimigos, quebrar caixas e concluir as missões concederá novos equipamentos para aumentar o nível de poder do herói. Derrotar inimigos, quebrar caixas e concluir os objetivos concederá novos equipamentos para aumentar o nível de poder do herói. Derrotar inimigos, quebrar caixas e concluir os objetivos concederá novos equipamentos para aumentar o nível de poder do herói.

Embora pareça que eu tenha escrito o parágrafo acima errado, ele nada mais é do que um resumo do ciclo da jogabilidade de Avengers. Essa repetição seria facilmente relevada, não fossem os problemas do jogo.

Ao colocar quatro heróis ao mesmo tempo na equipe, o jogo acaba proporcionando batalhas extremamente confusas. É comum o jogador se sentir perdido quando o Hulk aparece e ocupa um quarto da tela, enquanto lasers do Homem de Ferro voam para cima e para baixo e os robôs inimigos explodem junto com outros objetos destrutíveis do cenário. Em diversos momentos eu apenas apertava os botões de ataque, sabendo que estava fazendo algo embora não enxergasse exatamente o quê.

A câmera do jogo também não ajuda em absolutamente nada. Em áreas abertas ela até funciona, mas próxima de qualquer estrutura vira um grande desincentivo ao jogador. É comum a câmera ficar presa em paredes, especialmente quando se executa golpes especiais de finalização. Sim, os golpes são bem executados e interessantes, mas quando podem ser vistos de maneira nítida.

É comum a câmera ficar presa em paredes

A proximidade da câmera é um detalhe que particularmente foi bastante incômodo. Mesmo usando a configuração de câmera Ampla, que é um pouco mais afastada do personagem controlado durante as batalhas, senti que o mesmo ocupava bastante espaço da tela, prejudicando a percepção do campo de batalha e dos diversos inimigos. O interessante é que essa proximidade é variável. A câmera dá um zoom em excesso em momentos aleatórios.

Desempenho sofrível

Marvel’s Avengers é um jogo repleto de bugs, sendo alguns deles impeditivos, de certa forma. É muito comum inimigos sumirem do nada, simplesmente porque o jogo “decidiu” que eles irão sumir. O problema maior aqui é quando esses inimigos são alvos prioritários. Isso significa que devem ser derrotados para que o jogador possa avançar na missão. Se eles somem, não é possível continuar.

Isso aconteceu ao menos duas vezes em fases distintas, mas sem solução simples em nenhuma delas. Reiniciar checkpoint, reiniciar a fase ou até mesmo o jogo inteiro não foi o suficiente para impedir que o problema ocorresse. Foi necessário trocar o herói que estava utilizando para então progredir no jogo. Essa solução deixou de ser simples ao exigir que eu deixasse de usar o personagem que eu queria para avançar na fase. Frustrante.

Problemas de renderização dos personagens e cenários aparecendo do nada podem ocorrer, assim como a tela piscando em preto por nenhum motivo aparente. Estes problemas, no entanto, não são tão comuns, ainda que sejam chatos.

O desempenho do jogo é sofrível. A grande maioria das batalhas conta com um alto número de inimigos na tela que, somado aos personagens do jogador e aos efeitos especiais constantes dos ataques e explosões no cenário, faz com que a taxa de quadros por segundo sofra quedas bruscas a todo momento.

De encher os olhos e os ouvidos… ou quase isso

A Crystal Dynamics fez um trabalho bem legal com os visuais de Marvel’s Avengers. Os cenários são ricos em detalhes, assim os Vingadores e os vilões principais. As expressões faciais são bem convincentes, e a modelagem dos personagens é boa, embora causem um pouco de estranheza no começo. Mas verdade seja dita: essa estranheza se dá mais pelo fato de Tony Stark e Natasha Romanoff não terem os rostos de Robert Downey Jr. e Scarlett Johansson, respectivamente, e não porque o gráficos são ruins.

Iron Man

Outro aspecto agradável é a qualidade dos efeitos sonoros. Seja no som do escudo do Capitão atingindo os inimigos, nos urros do Hulk ou nos golpes do Mjolnir, o jogador consegue se sentir plenamente poderoso graças à qualidade sonora do título.

Eu sou o Iron Man

A localização do jogo para o Português Brasileiro é digna de críticas e elogios. Por um lado, o estúdio de dublagem conseguiu reunir um time de dubladores maravilhoso, com Marco Ribeiro reprisando seu papel como Tony Stark, assim como Mauro Horta como Thor Odinson. Outro destaque vai também para o dublador de Modok, Francisco Brêtas.

Por outro lado, os nomes dos heróis e da equipe não foram localizados. É Iron Man lá, Black Widow cá, e Avengers para todo lado. Ao que sei, a decisão de manter os nomes no original em inglês é do cliente que contrata o estúdio de dublagem e localização. A nível pessoal, essa decisão de manter os nomes em inglês é um tapa na cara e um desrespeito com os fãs, além de demonstrar desconhecimento do mercado nacional. Os nomes localizados estão estabelecidos em diversas outras mídias, como filmes, séries, animações e quadrinhos.

Compra essa roupinha aqui, ó

Alguma alma pouco inspirada intercedeu e decidiu que Marvel’s Avengers teria passes de itens cosméticos. Esses passes, comumente sendo de temporadas, oferecem prêmios que não afetam em nada o progresso e a força do jogador. Isso ajuda o jogo a não se tornar um título pay to win, que basicamente exigem que o jogador gaste dinheiro para ter avanços e melhorias notáveis.

Por alguma razão muito doida, Avengers não conta com apenas um passe geral, mas sim um para cada herói. São 40 recompensas por passe/herói, e para desbloqueá-las é preciso concluir objetivos diários e semanais mostrados na página de cada passe para ganhar pontos.

Microtransações

Além disso, o jogador pode gastar seu suado dinheirinho na lojinha do jogo. Novas roupas, placas de identificação e animações de finalizadores sempre ficam disponíveis diariamente. Os preços? Completamente fora da realidade ideal, especialmente pelo fato do jogo ser um jogo que veio a preço cheio. De qualquer forma, o gasto aqui é opcional e não interfere na jogabilidade.

Veredito

Marvel’s Avengers é um título que proporcionou sentimentos mistos a mim. Sua história é incrível, com uma protagonista forte e crível por meio de Khamala Khan. As interações entre os Vingadores são interessantes expõem de forma competente os conflitos entre si. Nada é complicado, e é justamente essa simplicidade que torna tudo mais palatável. Afinal de contas, é uma história de super-heróis da Marvel. É, em sua essência, leve e divertida, embora trate de temas importantes, mas sempre com delicadeza.

Fazer a análise de Marvel’s Avengers foi um processo complicado. Pessoalmente, gosto do título. Mas é impossível ignorar seus problemas técnicos, assim como a sensação de que poderiam ter feito ajustes em sua câmera e em alguns aspectos de sua jogabilidade.

Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores.

Revisão: Jason Ming Hong

Marvel's Avengers

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Protagonismo de Khamala Khan
  • História leve e divertida com tema importante
  • Jogabilidade divertida com todos os heróis
  • Sistema de nível de poder incentiva fator replay
  • Qualidade dos efeitos sonoros

Contras

  • Bugs e glitches afetam visuais e jogabilidade
  • Pobreza em opções de golpes e habilidades
  • Localização em PTBR sem nomes localizados