Marvel’s Guardians of the Galaxy é, sem sombra de dúvidas, mais um acerto da Marvel nos games. Desenvolvido pela Eidos Montreal, o título coloca os Guardiões da Galáxia contra os planos da Igreja Universal da Verdade e o Grande Unificador Raker, em uma aventura colorida repleta de tiros, explosões e piadinhas que tem alma, cara e coração de Guardiões da Galáxia.
Desenvolvimento: Eidos Montreal
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Dublagem, Legendas e Interface
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: Sem registros
Viajando pela galáxia
Guardians of the Galaxy coloca Peter Quill, de codinome Senhor das Estrelas e líder do grupo, como protagonista de sua história. Após uma missão dar errado na Zona de Quarentena, Quill e os Guardiões são detidos pela Tropa Nova, um grupo de policiais espaciais responsável por manter a ordem. Tendo uma dívida com a Tropa Nova, os Guardiões da Galáxia ganham a chance de se redimir perante à justiça e embarcam em uma nova aventura na qual, eventualmente, cruzam com os mistérios emanados pela presença da Igreja Universal da Verdade – grupo religioso fanático liderado pelo Grande Unificador Raker.
Ter Peter Quill como único personagem jogável de Guardians of the Galaxy permitiu que a Eidos Montreal não apenas refinasse sua jogabilidade em torno deste único personagem, mas também conectar o protagonista de forma ainda mais íntima tanto com a trama e diversos de seus elementos, quanto com quem está com o controle nas mãos.
Quill é um adulto nerd e malandro, que escapa dos problemas causados por suas trapalhadas e decisões “questionáveis” usando seu bom humor e sagacidade. É, também, um herói de grande coração, que se preocupa especialmente com o bem daqueles que considera como amigos. É o laço que une os Guardiões da Galáxia, um grupo de desajustados composto por uma assassina conhecida como a mulher mais letal da galáxia; um guerreiro Kathatiano cujos rompantes de raiva e violência lhe deram o codinome Destruidor; um guaxinim falante extremamente egoísta, mal-humorado e agressivo; e uma árvore falante cujas força e bondade não conhecem limites.
De Peter Quill a Drax, passando por Gamora, Rocket e Groot; todos os membros dos Guardiões da Galáxia possuem personalidades únicas, fortes e muito bem representadas em tela, tanto pelos diálogos expositivos da trama quanto pelos momentos de calmaria em que é possível descobrir mais sobre o passado desses seres socialmente desajustados. Há, também, um leque de excelentes personagens, que vão aparecendo no decorrer da aventura e enriquecem ainda mais a história.
Durante a aventura, o jogador poderá fazer escolhas, que podem ser relacionadas a diálogos que não alteram ou proporcionam eventos na trama, ou que podem trazer eventualidades únicas em momentos específicos. Embora muitas dessas escolhas sirvam apenas para proporcionar diálogos diferentes, é uma adição interessante. Os diálogos apresentados são uma das formas mais eficientes de aprofundar o aspecto pessoal dos Guardiões.
Guardians of the Galaxy faz um trabalho maravilhoso em sua narrativa, com personagens críveis, que são falhos, com grandes qualidades mas também defeitos palpáveis. Por todo o conjunto da obra, desde seus momentos mais íntimos, solitários ou em grupo, até as grandiosidades conduzidas especialmente por cenas de ação incríveis, é possível afirmar que esse jogo tem cara, coração e alma dos Guardiões da Galáxia.
Avante, Guardiões!!!
Guardians of the Galaxy oferece um sistema de combate frenético, conduzido por uma jogabilidade que mistura tiro em terceira pessoa, combate corpo-a-corpo e uso de uma gama variada de habilidades.
Como dito anteriormente, o único personagem controlável é o Senhor das Estrelas. Equipado com suas armas elementais, Peter Quill usa de sua agilidade e dedos rápidos no gatilho para combater seus inimigos à distância. Além disso, outras quatro habilidades especiais podem ser desbloqueadas, as quais ampliam as ações em campo de batalha. Os outros guardiões também possuem quatro, cada, sendo estas ativadas em um menu de comando que desacelera a ação para que o jogador pense estrategicamente qual habilidade usar.
A variedade de inimigos é muito boa. Há desde espécies de faunas específicas dos planetas e locais visitados, até alienígenas armados até os dentes com armas, escudos de energia e robôs que disparam laser pelo olho. Para incrementar o desafio, inimigos mais fortes possuem uma Barra de Atordoamento debaixo da barra de saúde. Quando essa barra é totalmente preenchida, o inimigo afetado baqueia e fica com suas defesas enfraquecidas, dando uma janela aos Guardiões para que causem dano massivo à sua barra de saúde, inclusive com golpes em equipe.
Ao final de cada confronto, pontos de habilidade são desbloqueados e podem ser usados na compra das referidas habilidades acima. Drax é focado em atordoamento de oponentes; Gamora é especialista em causar alta quantia de dano a um inimigo singular; Groot é ótimo para prender inimigos no chão e Rocket é o bonzão das bombas e tiros para todo lado. Embora haja essa variedade no que se refere às potencialidades de cada personagem, na prática a experiência acaba sendo mais rasa do que poderia.
São apenas três golpes especiais por Guardião, e um movimento supremo. Falando especificamente dos movimentos especiais, não é possível comprar melhorias diretas para estas habilidades. Não há alteração visual, aumento de dano ou qualquer melhoria disponível. Em determinado momento, o jogador acaba percebendo que está usando sempre a mesma ação repetidas vezes. Isso se torna ainda mais prejudicial em pelo menos dois capítulos do jogo, cujos encontros com inimigos se mostram muito frequentes e tudo vira quase uma espécie de hack ’n shoot ’n slash, que prioriza quantidade no lugar da qualidade. Quando os confrontos se mostram mais espaçados, a qualidade salta aos olhos.
“Reconhecimento estratégico, galera”
Embora seja um título basicamente linear, os cenários de Guardians of the Galaxy possuem áreas que podem ser exploradas, com dois objetivos em foco. O primeiro objetivo é encontrar componentes para que Rocket fabrique Beneficiadores para Peter Quill. Esses Beneficiadores podem ser tanto benefícios passivos, que concedem bônus como aumento da barra de saúde, velocidade de regeneração do escudo e maior cadência de tiro quando se está com 25% de vida ou menos; quanto ativos, como recuperação rápida quando derrubado por um inimigo ou planar em volta dos inimigos quando atirando no ar.
O segundo objetivo é a busca por segredos. Há colecionáveis relacionados aos cinco Guardiões da Galáxia. Encontrá-los desbloqueia oportunidades de diálogos dentro da nave do grupo, a Milano. Essas conversas aprofundam bastante na história de cada um deles, e são mais um aspecto que agrega valor enorme à narrativa. Também é possível encontrar uniformes para todos os heróis, estes são puramente cosméticos, baseados em diversas versões dos Guardiões da Galáxia nos quadrinhos.
Uma trilha sonora de respeito
Marca registrada de Guardiões da Galáxia especialmente no Universo Cinematográfico da Marvel, a trilha sonora de Guardians of the Galaxy é composta por sucessos de diversos gêneros com faixas dos anos 80 em diante. Wham, Iron Maiden, Ricky Astley, Europe e Bonnie Tyler são apenas alguns dos artistas de sucesso presentes na trilha do jogo. A trilha original também é muito boa, com destaque especial para Zero to Hero, da banda fictícia Star-Lord, uma das favoritas de Peter Quill e que inspira seu codinome de herói, Senhor das Estrelas.
A música é incorporada até mesmo na jogabilidade de Guardians of the Galaxy, tamanha é sua importância. Peter Quill pode usar seu tocador de músicas portáteis para ativar o Agrupamento, cuja função é aumentar os ânimos da equipe e, se realizado com sucesso, aumentar dano, defesa e velocidade de recarga das habilidades em batalha enquanto um dos sucessos oitentistas toca ao fundo.
Cores por todo lado
Uma das maiores qualidades de Guardians of the Galaxy está em sua direção artística. Não apenas a variedade de cenários é boa, com cada planeta e localidade tendo elementos únicos de fauna, flora e geologia em sua composição, como também a apresentação visual desses locais é de encher os olhos graças às cores vibrantes que dão ainda mais vida a estes mundos visitados por Quill e seus companheiros.
Outro destaque fica por conta da expressividade dos modelos dos personagens, notada com maior facilidade em cenas que evocam mais emoção e sentimento dos personagens, especialmente Peter Quill e Gamora.
Embora a qualidade visual seja imensa em praticamente todos os aspectos, um detalhe bobo deixa a desejar: a animação de algumas ações e movimentos executados. O que quero dizer é que algumas animações parecem não ter frames de transição para outras. Por exemplo: o movimento de corrida de Quill é bruscamente interrompido por um movimento de pulo, e o modelo do personagem muda de posição instantaneamente para a nova ação executada. Parece uma busca por “pêlo em ovo”, mas são detalhes assim que enriquecem a experiência.
Mais um acerto da Marvel nos games
Guardians of the Galaxy é um título que vai para a “prateleira de cima” dos games baseados em propriedades intelectuais da Marvel e dos jogos de super-heróis. Sua história tem momentos divertidos, emocionantes e de ação exagerada e doida, à lá Guardiões da Galáxia, com personagens cativantes. Sua jogabilidade é precisa e funciona na medida certa, com combates que se destacam de forma positiva pela variedade de inimigos e quando estão mais espaçados uns dos outros. A trilha sonora é clássica e de qualidade imensurável e os visuais dos cenários são coloridos, vibrantes e memoráveis. Esta é uma experiência que todo fã de super-herói deveria ter.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Marvel's Guardians of the Galaxy
Prós
- Personagens cativantes, carismáticos e de personalidades distintas
- Trama principal emocionante
- Combates, em geral, variados e divertidos
- Trilha sonora espetacular
- Direção artística vistosa
Contras
- Em alguns capítulos, peca pelo excesso de combates
