Gal Guardians: Demon Purge é o mais recente jogo da Inti Creates, empresa conhecida principalmente por seus jogos de plataforma 2D. Trata-se de um spin-off da série de rail shooters Gal Gun, mas dessa vez em um jogo de ação e aventura 2D com jogabilidade semelhante à série Castlevania. No controle das irmãs Shinobu e Maya, o jogador deve encarar fases repletas de inimigos e chefes gigantes para desvendar o segredo por trás da transformação da sua escola em um castelo demoníaco.
Desenvolvimento: Inti Creates
Distribuição: Inti Creates
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Sim (legendas)
Plataforma: Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 5 horas (campanha)
Parece Castlevania, mas não é
Uma coisa deve ser esclarecida de imediato: Gal Guardians não é um Metroidvania, apesar das aparências, da jogabilidade e até uma tag na loja no Steam indicarem. A sua estrutura é a de um jogo de ação em plataforma dividido em fases, de certa forma semelhante a títulos como a série Shantae e outros jogos da própria Inti Creates, como os dois Bloodstained: Curse of the Moon e as séries Gunvolt e Mega Man Zero. Ou, de certa forma, aos próprios títulos da série Castlevania, mas os anteriores a Symphony of the Night.
Ao invés de um mapa contínuo em que o jogador explora o mapa livremente, o jogo é dividido em fases que concluem com um chefão (e não há mapa para consulta). As semelhanças com Metroidvanias vão além, pois os cenários possuem segredos e caminhos alternativos, mas de forma geral, as fases devem ser rejogadas de forma separada, sendo que só é possível a viagem rápida para o início de cada uma delas. Nesse sentido, o backtracking acaba sendo mais complicado do que em um Metroidvania mais tradicional. Além disso, o jogo possui um sistema de vidas, ao invés de apenas carregar o seu último checkpoint quando se morre.
Duas personagens jogáveis, ao mesmo tempo
A principal mecânica de Gal Guardians é a possibilidade de trocar entre Shinobu e Maya a qualquer momento, graças ao toque de um botão. As personagens têm estilos distintos: Shinobu ataca à distância com tiros fracos, mas possui uma maior quantidade de vida; já Maya possui ataques com espada à curta distância, mas tem uma vida menor. Dessa forma, temos aqui um equilíbrio entre risco e recompensa: Shinobu pode atacar à distância de forma mais segura, mas seus ataques são mais fracos e a tornam menos eficiente. Já os fortes ataques de Maya obrigam o jogador a se posicionar perto dos inimigos, criando um maior perigo de ser atingido.
A jogabilidade é bem fluida e divertida. O desenho das fases, estilo e padrão de ataque dos inimigos forçam o jogador a experimentar alternar com frequência entre as duas personagens, trazendo bastante dinâmica à gameplay. Em tese é possível jogar quase sempre com apenas uma das personagens, mas certamente não é o jeito mais divertido. A dificuldade pode se tornar desafiante em alguns momentos (especialmente nos chefes), mas é possível trocar para outro nível a qualquer momento – porém, deve-se reiniciar a fase.
Existe exploração, de um jeito limitado
Além dos ataques normais, à medida em que se avança na história, as personagens adquirem habilidades especiais que gastam recursos para serem usadas (pense nos corações da série Castlevania). Algumas dessas habilidades têm ações especiais além de apenas atacar inimigos, permitindo acessar áreas escondidas para alcançar itens escondidos, e outras coisas.
No entanto, me incomoda o fato dessas habilidades estarem limitadas à disponibilidade de recursos. Você pode chegar em um segredo acessível apenas por meio de uma dessas habilidades e não ter os recursos para poder usá-la naquele momento, o que nos faz perder a viagem. Os segredos espalhados incluem resgatar outras alunas presas no castelo, além de upgrades para as personagens.
Estética e enredo no estilo anime
Os gráficos pixelados são bonitos, com personalidade e animação bem fluída, como é costume da Inti Creates. Sendo um jogo voltado ao estilo anime, os personagens possuem belas artes desenhadas no estilo em alta resolução, além de ilustrações para momentos importantes da história. O enredo é simples e bastante anime, incluindo temas um pouco… não recomendados para menores. A dublagem em japonês auxilia na imersão nesse mundo, mas certamente incomoda o fato de, caso o jogador opte pela dublagem em inglês no menu, as cenas não possuem dublagem, limitando-se às vozes durante a gameplay.
Infelizmente não há um New Game+, mas ao concluir o jogo, abrem-se as opções de boss rush e um maior nível de dificuldade, incentivando o replay para quem quiser extrair mais da experiência. O título possui um sistema de conquistas; assim, quem jogar no Nintendo Switch também pode buscar por elas, mesmo sem suporte nativo de conquistas no console.
Qualidade esperada da desenvolvedora
Gal Guardians é um divertido jogo de ação que certamente vale o tempo de quem é interessado por games semelhantes. Apesar de não trazer nenhuma grande revolução ao gênero, talvez decepcione quem esperava por um Metroidvania mais tradicional, mas não deixe isso te impedir de experimentar. A Inti Creates inclui mais um título de qualidade ao seu crescente catálogo de jogos que mantém viva a estética 2D dos 8 e 16 bits mas com jogabilidade moderna.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno