Depois de vários anos, a Atlus desenvolveu um RPG como parte de uma nova franquia. Metaphor: ReFantazio claramente possui inspirações e referências nas séries famosas da casa, mas tem seus próprios méritos.
Desenvolvimento: Atlus
Distribuição: Sega
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 16 anos (drogas, temas sensíveis, violência)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 65.5 horas (campanha)/108 horas (100%)
Bem longe do mundo moderno

Metaphor: ReFantazio se passa em um mundo de fantasia medieval. Diversas raças convivem nesse mundo, de forma não sempre harmoniosa. A história tem início com a morte do rei e o início do processo de sucessão. Como o único herdeiro do rei foi assassinado há alguns anos, o país acaba entrando em convulsão na escolha do seu sucessor. No entanto, o príncipe secretamente sobreviveu, mas foi vítima de uma maldição que faz com que durma eternamente, até que quem lançou o feitiço seja morto.
Acompanhamos o protagonista Pedro (em cada idioma ele recebe o nome de algum monarca), membro da resistência que secretamente protege o príncipe. Pedro é enviado em missão para matar Louis, o assassino do príncipe, que pretende conquistar o trono e instalar um reinado tirano. Como de costume em RPGs da Atlus, a história é longa, profunda, intricada e recheada de reviravoltas. É uma história muito boa e que certamente vai te deixar vidrado, ainda que eu não tenha gostado tanto assim dos personagens.
Parece Persona e Shin Megami Tensei, mas não é

Para quem já jogou jogos da série Persona, é impossível não comparar com a famosa subfranquia, pois Metaphor segue a sua estrutura: a história é dividida em dias, em que você pode escolher explorar dungeons, realizar diversas atividades pelas cidades para melhorar suas virtudes pessoais ou aprofundar sua relação com os personagens com quem forma vínculo. Há também diversas outras referências à Persona ou sua série-mãe, Shin Megami Tensei, como monstros ou nomes de magias. Ao mesmo tempo, Metaphor tem diversos elementos diferenciados, formando sua personalidade própria, a começar pela ambientação do roteiro e pelo tom do jogo no geral.
À medida que a história avança, Pedro vai encontrando aliados que se juntam à sua jornada, além de outros amigos. Você pode interagir com eles (gastando o tempo de uma tarde ou noite do dia) e subir o nível do vínculo, o que garante diversos benefícios na jogabilidade, além de aprofundar o arco de cada personagem com os eventos contados nessas interações. Também temos o sistema de virtudes (coragem, sabedoria, tolerância, eloquência e imaginação), que podem ser aprimoradas por meio de diversas atividades, e que essencialmente servem para destravar certas interações, principalmente aprofundar vínculos com os personagens.
Evolua seus arquétipos

O progresso da sua equipe é baseado nos arquétipos que, a grosso modo, são o sistema de classes do game. Cada membro da sua equipe, além dos outros personagens com que você forma vínculo, libera um ramo na árvore de arquétipos, que pode possuir entre duas e quatro classes. Os arquétipos variam desde temas comuns em RPGs, como mago, guerreiro, cavaleiro e ladrão, até alguns mais diferenciados, como polímata ou vigarista. Qualquer personagem pode assumir qualquer arquétipo e deve ganhar experiência de arquétipo para destravar habilidades e ir para classes superiores. Essas habilidades ficam restritas ao arquétipo atual, sendo possível escolher algumas habilidades de uma classe para usar em outra.
Esse sistema de arquétipos é interessante, pois permite uma grande flexibilidade, ainda que cada personagem tenha atributos pré-definidos que sugerem uma linha específica. Por exemplo, um personagem que tenha muito ataque físico e pouco ataque mágico certamente não é o mais adequado para seguir uma linha de arquétipos de magia. Ao mesmo tempo, fiquei um pouco incomodado com a lentidão no progresso na evolução dos arquétipos, inibindo um tanto a experimentação, pois pode ser arriscado desenvolver um arquétipo específico e no final achar que ele não orna tão bem com as outras habilidades do personagem.
Batalhas e visuais primorosos

O sistema de batalha em turnos é bastante divertido e estratégico, sendo semelhante ao que já vimos em jogos da Atlus. Temos o leque básico de opções, como ataque, magia e defesa, além de habilidades em dupla ou em trio, dependendo dos arquétipos no grupo atual. Tudo com o já clássico menu introduzido em Persona 5, com cada ação correspondendo a um botão. É preciso ser estratégico e tirar proveito das fraquezas dos monstros, pois um descuido pode fazer sua equipe ser derrotada por um inimigo ordinário no mapa. Infelizmente o game, principalmente na reta final, pode exigir muito grind para vencer os principais desafios e evoluir os arquétipos.
Visualmente, Metaphor: ReFantazio é primoroso. Ainda que os gráficos não utilizem todo o poder das plataformas atuais, a direção de arte mais do que compensa por isso. O visual cel shading é muito bonito e complementado por diversas cenas em anime. Além disso, o game segue a (outra) tendência iniciada em Persona 5, que é os menus incrivelmente animados e estilosos. A trilha sonora de Shoji Meguro é bastante diferente do que estamos acostumados com o compositor. Não gostei tanto, mas ainda assim é muito boa.
Selo Atlus de qualidade
Metaphor: ReFantazio é um RPG da Atlus como estamos acostumados. Não inova muito, mas é uma abordagem que traz novos elementos à fórmula e condensa tudo em mais um título que figura entre os grandes do gênero.
Cópia de PS5 adquirida pelo autor
Revisão: Julio Pinheiro




