Já está bem evidente a influência que o estilo Souls teve na indústria dos jogos nos últimos anos, o que pode ser motivo de ódio para alguns e de felicidade para os masoquistas. Morbid: The Seven Acolytes é mais um, entre muitos, que sofreu tal influência e até poderia ser considerado um Bloodborne em pixel art pelas inúmeras similaridades. Porém, seria muito fácil resumir toda uma experiência apenas com essa comparação, algo que é inaceitável para um amante da franquia Souls.
Desenvolvimento: Still Running
Distribuição: Merge Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, RPG
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch, Xbox One e PC
Duração: 7 horas (campanha)/12.5 horas (100%)
Até aqui tem uma epidemia
Após uma vida inteira de treinamento, a última Lutadora precisa ir até Mornia para acabar com a tirania dos sete acólitos. Essas criaturas são possuídas por seres chamados Gahars, os causadores de uma terrível doença que afeta à carne humana e espalhou pelo reino, deixando desgraça e monstros terríveis por toda terra. Agora cabe à ela destrinchar uma terra cheia de morte e seres grotescos, enquanto precisa manter sua sanidade.
Como já é conhecido do estilo Souls, muitas partes da história não são reveladas de maneira direta ou nem são contadas, fazendo com que o jogador leia a história dos itens e dos inimigos. Mas também existem muitos buracos que apenas a interpretação pode preencher, dependendo das informações que são adquiridas.

Felizmente, muitas dessas informações são facilmente encontradas, pois sempre que enfrentamos um novo inimigo, pegamos algum novo item ou encontramos um novo local, a história do que é descoberto fica acessível ao interagir com os altares que servem de checkpoint. Sendo assim, não há perigo em perder algo e tudo pode ser lido a qualquer momento.
Terror em Mornia
Por se tratar de um jogo de terror com muito gore, a sensação transmitida pela ambientação de Morbid é de repulsa e desespero, e não consigo decidir se isso é bom ou ruim. Bom por combinar demasiadamente com a história e a mitologia criada, ou ruim por ser algo difícil de digerir e admirar. Contudo, a pixel art é algo impressionante e os mínimos respingos de chuva ou sangue são significativos, demonstrando cuidado em fazer um jogo detalhista – para não dizer bonito.

O que impressionou muito foi o tempo dos carregamentos, principalmente ao meditar nos altares, variando entre 3 a 7 segundos. Já o inicial não é tão diferente, subindo apenas para no mínimo 12 segundos. Pode parecer bobagem informar o tempo de carregamento de um jogo simples, mas já tiveram casos semelhantes em que o tempo se prolongava para 40 segundos, o que pode frustrar pela quantidade de mortes que ocorrerão.
Um ponto altíssimo na franquia Souls são as músicas que acompanham a jornada do jogador e nisso Morbid não deixa a desejar. O instrumental cria uma vibe de extrema tensão e, às vezes, de melancolia pela situação em que Mornia está. Por ser um fã de carteirinha da trilha sonora de Bloodborne, Morbid me agradou muito com toda riqueza que sua ambientação possui sendo amplificada pela musicalidade.
Armas, runas e muito mingau
Espadas, adagas, machados, lanças, garras e armas de fogo compõem a enorme variedade de armas que podem ser adquiridas e utilizadas. Surpreendentemente ainda há a possibilidade de encontrar armas semelhantes com status diferentes, o que faz do looting algo recorrente e importante.
Para ampliar ainda mais a variedade de armas e aprimorar o estilo de luta da Lutadora, as runas são status bônus que não se podem deixar para trás. Essas pedrinhas maravilhosas podem aplicar fogo, gelo, veneno, sangramento e até ampliar a velocidade de ataque da arma, dependendo do monstro a ser atacado, esses status podem facilitar muito quando o pau quebrar.
Durante uma luta para salvar um reino de criaturas terríveis, armas e runas podem ser importantes, mas o mingau não pode faltar. O principal meio de cura em todo jogo são as poções de vida, mas o verdadeiro herói quando esse recurso acaba é o mingau. Curando um pouco de vida por 10 segundos, não houve um momento de quase morte que essa comida desgostosa tenha salvado minha vida, então ela merece um parágrafo, afinal de contas, morto ninguém salva nada, correto?
Faltou originalidade?

Morbid: The Seven Acolytes pode parecer apenas um Bloodborne em pixel art, mas consegue fazer seu nome e surpreende. Com uma dificuldade gradativa, ambientação repulsiva e história profunda, o jogador passará um bom tempo se aventurando e criando diferentes estilos de luta para si. Para os fãs da franquia Souls, Morbid é um passeio no parque, já para os novatos pode ser uma porta de entrada para uma nova paixão.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong