Aviso: esse texto contém muitas ironias e brincadeiras. Continue lendo apenas se tiver coração forte. Nikoderiko: The Magical World, um indie que presta homenagem aos plataformas dos anos 90, tenta balancear a nostalgia dos jogos clássicos com inovações modernas. No entanto, ele apresenta uma mescla de altos e baixos que certamente provocará diferentes reações nos jogadores – ainda mais se você for fã, como eu, de Crash Bandicoot e Donkey Kong Country.
Desenvolvimento: VEA Games
Distribuição: Knights Peak
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Plataforma, Aventura
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PS4, PS5, Switch
Duração: 7 horas (campanha)
Gráficos deslumbrantes e jogabilidade que não acompanha
Logo de cara, Nikoderiko se destaca pelos seus gráficos deslumbrantes e coloridos. Cada detalhe parece ter sido cuidadosamente trabalhado, desde as interações de fundo até a fluidez das animações. Além disso, os cenários são ricos em detalhes, proporcionando uma experiência visual cativante. Os níveis são bem variados em termos de level design, especialmente quando se trata de verticalidade e áreas bônus.
Porém, algumas horas de jogo, a sensação de déjà vu se torna inevitável, como se estivéssemos jogando a mesma fase repetidamente. Esse sentimento pode ser atribuído à falta de recompensas significativas ao longo dos mundos que atravessamos. Portanto, a mudança de um ambiente para outro não traz novidades suficientes para manter você engajado, o que é uma pena considerando o potencial visual.
Montarias sem propósito claro
Em relação às montarias, à primeira vista, elas parecem adicionar uma camada extra à jogabilidade. No entanto, acabam se mostrando sem alma e, na maioria dos cenários, desnecessárias. Parece que falta um propósito claro para essas montarias, e elas não agregam tanto às mecânicas do jogo. Uma prova disso é que elas podem ser invocadas em qualquer fase contanto que você as compre na loja local.
Por exemplo, o sapo permite apenas que você pule mais alto e ajude a matar inimigos com seu cuspe ácido, mas é só isso. E se você não possui o animal naquele momento específico de coletar algo “lá em cima” e ele não existe em um caixote próximo, pode esquecer.
Ademais, os inimigos no jogo são tão coloridos quanto os personagens principais, o que acaba causando um efeito de mistura. Assim, em diversos momentos, é fácil confundir o protagonista com os inimigos e até mesmo com o cenário de fundo, o que pode ser frustrante, especialmente em situações de combate intenso.
Câmera problemática e trilha famosa
A câmera de Nikoderiko é um dos pontos mais fracos aqui. Ela é horrenda e problemática, frequentemente empurrando um dos jogadores para fora do foco e os matando em questão de segundos, resultando em várias mortes desnecessárias. Isso quebra a imersão e torna a experiência co-op bem menos agradável. Sem falar na falta de polimento na animação ao teleportar o segundo jogador ao entrarmos em barris e afins.
E como não podia deixar de citar, a trilha sonora de Nikoderiko, composta por David Wise, é uma das grandes qualidades. Cada faixa possui um charme old-school das antigas que certamente agradará aqueles que têm apreço pela música de games clássicos.
No entanto, o uso excessivo da playlist, devido ao número limitado de músicas (duração total de 1h13), acaba prejudicando a experiência sonora. Isso é particularmente notável em sessões de jogo mais longas, em que a repetição das músicas se torna evidente. Mesmo assim, as canções se parecem demais com a série Donkey Kong Country o que deixa um gosto amargo na boca.
Por fim, durante grande parte do tempo, há uma sensação constante de que estamos jogando uma versão alternativa mas inferior do próprio Donkey Kong Country Tropical Freeze. Embora Nikoderiko imite bem algumas das mecânicas do clássico, ele não consegue alcançar a mesma profundidade.
As mecânicas são de menor qualidade e, apesar de bem imitadas, a parte prática deixa a desejar. Isso ainda piora nos momentos em que o game tenta imitar Crash Bandicoot com a câmera fixa com movimentação 360 graus, sendo essas as partes mais maçantes da jogabilidade por conta de sua confusão no quesito câmera e simplicidade no level design adaptado para o formato.
Copiou, mas não conseguiu fazer igual
Nikoderiko é um jogo que, apesar de suas falhas, tem seus momentos de brilho. Seus gráficos coloridos e deslumbrantes, combinados com uma trilha sonora nostálgica, proporcionam uma experiência visual e auditiva cativante. No entanto, a repetitividade nas fases, a falta de propósito das montarias, a confusão entre protagonista e inimigos, a câmera problemática e a sensação de ser uma cópia de Donkey Kong Country sem a mesma qualidade, acabam prejudicando a experiência geral. Assim, para aqueles que buscam algo que remete à era dos clássicos, Nikoderiko oferece uma viagem nostálgica, mas só. Ele falha em se destacar como uma obra-prima inovadora e de identidade própria. No final das contas, é um título que pode agradar aos fãs de jogos retro, mas que deixa a desejar em termos de originalidade e profundidade. Deixo, no final, essa pergunta: como a Nintendo não falou nada?
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores