Northgard foi um jogo com o qual tive contato no início de 2020, e nunca tinha sequer ouvido falar sobre antes. Porém, uma vez que pude jogá-lo, pude reacender a chama do jogador de RTS que habita dentro de mim. Desde muito pequeno experienciei títulos famosos do gênero como Age of Empires, Dark Colony, Age of Mythology e Warcraft, e tudo isso graças ao meu pai que tinha esses games instalados em seu computador de trabalho. Sem dúvidas, Northgard se tornou um dos meus preferidos quando o assunto é RTS, e agora acabou sendo duplamente incrível por ter sido portado aos dispositivos mobile. Mas como é a experiência de jogar um estratégia em tempo real no touch e em uma tela razoavelmente pequena?
Desenvolvimento: Shiro Games
Distribuição: Playdigious
Jogadores: 1 (local) e 1-6 (online
Gênero: Estratégia
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, PS4, PC, Android, iOS, Switch
Duração: 14 horas (campanha)/98 horas (100%)
Cultura nórdica e várias tribos diferentes
Aqui, em Northgard, controlamos Rig, o último sobrevivente de seu povo, que tem o objetivo de vingar a morte do seu pai e de seus companheiros. No menu principal, encontramos o modo História, que trilha a jornada de Rig e de outros personagens controláveis como chefes guerreiros de seus vilarejos, podendo ser recrutados uma vez que construímos os Barracks – locais onde é possível treinar combatentes diversos.
O modo História serve para, basicamente, introduzir o jogador às mecânicas mais básicas e avançadas existentes em Northgard, incrementando e dificultando as coisas pouco-a-pouco, sem intensificar em nenhum momento os desafios que são enfrentados nas missões. É altamente recomendado começar por aqui, caso você seja um novato. Por outro lado, há quem prefira aprender jogando de verdade, então é possível ir diretamente ao Skirmish e ao online.
Mas, assim como a maioria dos RTS, não existe muito segredo por aqui. A maior diferença, eu diria, é que precisamos enviar exploradores para os locais do mapa, a fim de que sejam descobertos e tenham sua névoa removida. Com isso, podemos utilizar a área para construir até um número específico de construções, sendo possível fazer o upgrade da clareira para acomodar uma quantidade maior.
Os moradores do seu vilarejo (guerreiros, trabalhadores e chefes de batalha) demandam casas para que sejam treinados/criados, por isso, é necessário sempre estar de olho na quantidade máxima de pessoas – no topo do HUD – que você pode treinar naquele momento. Outro ponto importante é o inverno que chega e prejudica bastante sua coleta de madeira e comida, além de outros recursos. Porém, é possível mitigar isso com vantagens obtidas sempre que coletamos uma quantidade suficiente de conhecimento para subirmos de nível, dentro do menu com todas essas opções.
Também é possível, assim como em Age of Empires, realizar trocas com outros NPC e até mesmo jogadores humanos, no caso do online. Com isso, fica mais tranquilo vender aquele estoque gigantesco de madeira que você juntou o verão todo para focar na compra de comida, na construção Mercado, durante o rigoroso inverno. De fato, Northgard é um RTS bastante completo e não deixa nada a desejar em relação aos seus concorrentes.
O modo Skirmish é praticamente uma forma de treinamento, em que podemos escolher nosso clã, dentre as várias opções disponíveis, cada qual com suas características próprias que podem agir como vantagem e desvantagem sobre o inimigo. Certamente, esse modo me rendeu várias boas horas me divertindo contra a inteligência artificial, a qual pode ser configurada em termos de dificuldade e apresenta uma programação muito bem feita.
A versão para celulares
Como meu primeiro contato com Northgard foi no Nintendo Switch, notei que existem algumas peculiaridades existentes nesta versão para tornar a jogabilidade um pouco mais intuitiva e facilitada. Um grande exemplo são os comandos mapeados de acordo com os botões do controle, que funcionam como atalhos para menus e opções diversas, como acessar o resumo do seu vilarejo, separar guerreiros em dois ou mais grupos, etc. Porém, a maior mudança para o portátil da Nintendo (e outros consoles) foi a forma como comandamos os trabalhadores. Lá, não era possível controlá-los individualmente, ao contrário da versão de PC que habilita essa liberdade.
Felizmente, a versão para mobile funciona de forma bem semelhante ao PC, colocando todo o controle nas mãos do jogador. Além disso, assim como no computador, é possível configurar a qualidade de luzes e sombras, além do framerate que pode variar entre 30 e 60 fps. Os menus e atalhos também são bem facilmente alcançados, já que tudo fica na tela e a praticamente um toque de distância.
Porém, verdade seja dita: apesar do jogo exigir um dispositivo com, no mínimo, 2GB de RAM, jogar em meu Redmi Note 7 com 4GB não foi nem de longe o suficiente. Tive vários engasgos durante minha experiência, um input delay razoável e alguns elementos visuais apresentando glitches. A culpa não é do jogo, já que ele exige um dispositivo com um bom chip gráfico para renderizar e processar com qualidade seus elementos gráficos, porém, é necessário uma especificação melhor do hardware ou uma adaptação aprimorada para que Northgard rode em dispositivos mais modestos.
Outra inserção interessante foi o modo online, que chegou após alguns meses através de uma atualização. Essa versão suporta crossplay entre iOS e Android, e funciona de forma bastante competente. Assim como acontece na versão de Switch, é melhor jogar nos servidores online em vez de comunicação direta com outro jogador.
Um port excelente de um jogo incrível
Northgard é uma das melhores surpresas que tive no ano ao saber que ele havia sido lançado para dispositivos mobile. Certamente, agora posso levar comigo um dos melhores RTS já feitos até então, o qual supera até mesmo clássicos do gênero que estão no mercado até hoje, em suas versões mais atuais.
O indie da Shiro Games, com certeza, é um game bem fácil de se aprender, podendo muito bem ser o primeiro estratégia em tempo real de muita gente. Neste caso, que feliz é começar com um jogo de peso assim. Sua jogabilidade é intuitiva e muito bem explicada no modo história, através de sua dificuldade incremental que vai sendo elevada aos poucos ao longo da jornada de Rig e seu povo. O port mobile também acompanha os DLC com mais clãs para serem jogados no Skirmish e no modo Online, porém, todos são comprados separadamente.
Cópia de Android cedida pelos produtores
Northgard
Prós
- Adaptação excelente
- Controles fáceis e intuitivos
- Online competente
- Várias configurações de performance
- Fiel à versão de PC
Contras
- Roda mal em dispositivos com GPU mediana
- Alguns problemas visuais
