The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered capa

Review The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered (Xbox Series) – Uma viagem modernizada ao passado

O clássico The Elder Scrolls IV: Oblivion está de volta em uma versão remasterizada que promete atrair tanto veteranos quanto novos aventureiros para o mundo de Tamriel. Apesar de ser um remaster — e não um remake —, o game recebeu um polimento gráfico significativo graças à Unreal Engine, deixando os cenários bem mais bonitos e com iluminação moderna, mas mantendo a essência do título original. O quanto dá pra aturar hoje em dia de um produto assim?

Desenvolvimento: Bethesda Game Studios, Virtuos
Distribuição: Bethesda Softworks
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 16 anos (Violência, Conteúdo Sexual, Drogas Lícitas, Drogas)
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox Series X|S, PS5, PC
Duração16 horas (campanha)

Vilho velho em odre novo

Gráficos estão melhores, mas nem tanto no Series S
Gráficos estão melhores, mas nem tanto no Series S

Logo de cara, fica evidente que se trata de um jogo de época com cara de atual. A ambientação medieval, os castelos e cidades históricas estão todos lá, muito mais vivos visualmente, mas o ritmo de jogo continua o mesmo: diálogos longos, sistemas ultrapassados e uma mecânica que parece engessada se comparada a RPGs modernos. Isso, para alguns, é um charme; para outros, um desafio de paciência.

A narrativa de Oblivion gira em torno de portais dimensionais que se abrem pelo mundo, os temidos “Oblivion Gates”, transportando o jogador para um submundo infernal, cheio de criaturas demoníacas e cenários dominados por tons de vermelho e lava. A missão é fechar esses portais destruindo os objetos mágicos que os alimentam. É uma estrutura interessante, que quebra um pouco o ciclo tradicional de quests, mas que também pode parecer repetitiva após um tempo.

Oblivion na perspectiva de Skyrim, sistema e bugs

Sistema de classes e perks aqui são diferentes
Sistema de classes e perks aqui são diferentes

Comparado ao seu sucessor, Skyrim, Oblivion tem uma pegada mais medieval europeia e menos nórdica. Não há dragões ou a figura do “Dragonborn”, porém, seguimos com o início caricato de um prisioneiro (originalmente da raça Imperial) cujo crime é desconhecido, e que depois se torna Hero of Kvatch. Esse início é clássico da Bethesda e já entrega o tom da empresa.

A jogabilidade manteve todas as características do original, inclusive os bugs. Oblivion é notoriamente conhecido por seus problemas técnicos: quests que não finalizam, personagens que se comportam de maneira estranha e travamentos ocasionais. Isso não mudou. Apesar da maquiagem gráfica, o motor de jogo ainda carrega suas limitações e heranças de uma época em que RPGs de mundo aberto eram muito mais experimentais.

Bugs como a invasão do castelo no primeiro portão Oblivion permanecem
Bugs como a invasão do castelo no primeiro portão Oblivion permanecem

Um dos pontos curiosos de Oblivion é o sistema de carisma, com um minigame confuso e pouco intuitivo em que o jogador deve agradar ou irritar NPCs utilizando quatro ações diferentes, muitas vezes sem entender muito bem como aquilo afeta a relação. É uma mecânica de girar uma roda de carisma baseada em pontos que envelheceu mal e sequer é intuitiva. Acabei deixando ela completamente de lado.

Por outro lado, as opções de personalização são vastas: escolha de raça, classe e marca de nascimento, cada uma oferecendo vantagens únicas. A progressão de personagem ainda exige que você durma para subir de nível — um detalhe clássico — e os equipamentos são refletidos visualmente no personagem, algo que muitos jogadores de RPG valorizam bastante, principalmente pelo modo em terceira pessoa.

Mecanicamente truncado e ultrapassado

Combate é truncado, mas parece melhor do que Skyrim
Combate é truncado, mas parece melhor do que Skyrim

Em relação ao combate e exploração, Oblivion oferece um mundo aberto repleto de possibilidades, mas com movimentação um tanto truncada e sistemas que podem parecer datados. Andar a cavalo, por exemplo, continua sendo algo mais frustrante do que útil. Por outro lado, o sistema de viagem rápida facilita bastante a exploração, permitindo pular trajetos longos e encurtando bastante o tempo de campanha. Viajar pra locais que você sequer visitou também é um ponto alto pra preguiçosos.

Um destaque positivo é a câmera em terceira pessoa, que está mais funcional e bem posicionada do que a de Skyrim. A visão pode ser ajustada para mais próxima ou mais afastada, o que torna a exploração mais confortável para quem não gosta da clássica visão em primeira pessoa. Apenas acho bizarro o fato do personagem não ter pernas em primeira pessoa.

Podia ter tido adições

Cenários nada nórdicos, pois a pegada aqui é em outro local do globo
Cenários nada nórdicos, pois a pegada aqui é em outro local do globo

Sobre o remaster, é importante reforçar: embora visualmente mais bonito, Oblivion continua tendo alma dos anos 2000. As expressões faciais dos NPCs são estranhas, as animações são rígidas e a arquitetura dos cenários nem sempre faz sentido — como castelos no meio do nada ou vilões que vivem em torres sem nenhuma estrutura lógica. Para quem cresceu com games modernos, esse aspecto pode soar estranho ou até tosco, mas para quem aprecia a nostalgia e a história dos RPGs, é um prato cheio.

A ausência de multiplayer ainda é sentida, especialmente em um mundo tão aberto e com tantas possibilidades. Para quem gosta da ideia de explorar Tamriel com um amigo, só resta torcer para que mods tragam essa funcionalidade no futuro, como já aconteceu com Skyrim. No mais, acaba sendo um remaster quase 1:1.

Uma revisita maquiada ao passado

Em resumo, The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é uma viagem no tempo: com gráficos renovados, mas mantendo o mesmo espírito e limitações do clássico. É ideal para quem quer reviver essa aventura ou conhecer uma das maiores referências do gênero RPG ocidental. Contudo, é preciso entrar sabendo que nem toda maquiagem gráfica consegue esconder a idade real do game. Oblivion pode estar bem maquiado, mas continua com todo o esqueleto bugado e truncado por baixo de tanta roupagem nova.

Cópia de Xbox cedida pelos produtores

The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Loadings rápidos
  • Visual repaginado
  • Viagem rápida sem ter visitado o lugar
  • Combate parece mais fluído

Contras

  • Algumas mecânicas bem sonsas
  • Gráfico e performance no Series S deixa a desejar
  • Andar de cavalo é péssimo
  • Sem adições significativas
  • Ainda contém bugs conhecidos