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Review The Last of Us Part II Remastered (PC) – Brutal e longo

AVISO: Informamos que este jogo contém cenas com conteúdo sexual, além de violência gráfica extrema ao longo de toda a sua campanha.

The Last of Us Part II finalmente está disponível para PC, dois anos depois do desastroso lançamento do remake da primeira parte para a plataforma. O survival horror da Naughty Dog apresenta uma história brutal (mas excessivamente longa), com uma jogabilidade ótima e uma conversão surpreendentemente boa.

Desenvolvimento: Naughty Dog LLC, Nixxes Software

Distribuição: PlayStation Publishing LLC

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Terror, Tiro, Ação

Classificação: 18 anos (violência extrema, nudez, drogas)

Português: Interface, dublagem e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5

Duração: 30 horas (campanha)/43 horas (100%)

Uma trama longa e complexa

Cena da campanha de The Last of Us Part II

É quase impossível adentrar The Last of Us Part II sem saber nada da história, dada a popularidade da série e a enorme polêmica que esse jogo gera até hoje, cinco anos após seu lançamento original para PS4. O título se passa quatro anos depois dos eventos do primeiro jogo, com vários flashbacks preenchendo as lacunas narrativas desse período.

Enquanto Joel lida com as consequências de suas escolhas, conhecemos Abby, cujo pai foi assassinado por Joel quando impediu que Ellie fosse sacrificada na busca de uma vacina contra a infecção dos fungos e esporos. Partindo disso, começa um grande ciclo de violência: após Abby se vingar de Joel, Ellie decide caçá-la e eliminar todos os seus aliados, entrando numa jornada multifacetada de fúria intensa.

Cena de The Last of Us Part II Remastered

Agora, o foco não está necessariamente no surto ou nos monstros, mas sim nos personagens e na mensagem de que, em um mundo pós-apocalíptico, os maiores inimigos são os próprios humanos. Para retratar isso, a campanha explora tanto o lado emocional das protagonistas quanto uma violência que choca por sua brutalidade.

Entretanto, apesar de suas qualidades, a trama se estende além do necessário e possui um escopo excessivo. The Last of Us Part II poderia ser mais ágil ao explorar o arco de Abby, que quebra completamente o ritmo da campanha de Ellie ao retornar a um ponto muito anterior na narrativa depois de quase 20 horas de jogatina.

Cutscene de The Last of Us Part II Remastered

Uma adição interessante da edição remasterizada, lançada para PS5 no início de 2024, são as fases cortadas – trechos removidos do jogo no decorrer do desenvolvimento. De certa forma, elas enriquecem o universo do game, embora não tenham relevância direta para a narrativa. O problema é que essas fases são um pouco frustrantes de jogar, já que os produtores não finalizaram esse conteúdo: o material é apresentado sem animações ou dublagem, sendo um ponto que poderia ter sido melhor trabalhado para essa nova versão.

Jogabilidade brutal

Gameplay de The Last of Us Part II Remastered

A gameplay é sensacional, mas imperfeita. The Last of Us Part II é um jogo linear focado em sua narrativa, mas com alguns níveis mais abertos, repletos de locais para explorar. O design de fases, contudo, nem sempre orienta adequadamente o jogador nos raros momentos em que um personagem não jogável não está exercendo esse papel de guia.

Para contornar isso, há uma opção de acessibilidade que indica a direção correta – uma solução eficaz que demonstra um nível de personalização fascinante. A dificuldade é completamente editável, permitindo ajustar atributos de inimigos, aliados, furtividade e coleta de recursos, criando uma experiência sob medida para cada jogador.

Minigame de The Last of Us Part II Remastered

Com um combate visualmente impressionante, The Last of Us Part II oferece bastante liberdade para que o jogador escolha como abordar cada confronto – seja na furtividade, com armas brancas para neutralizar os adversários silenciosamente, ou através de tiroteios intensos, com pistolas, espingardas, flechas e até lança-chamas. O stealth é brutal e realista, principalmente porque é possível ouvir os oponentes chamando e procurando por seus companheiros desaparecidos, além das animações de ataques furtivos, que muitas vezes são perturbadoras.

Um ponto fraco está nas lutas contra chefes, que apresentam pouca reatividade para ambas as personagens jogáveis, mesmo quando elas contam com um verdadeiro arsenal à disposição. Em contrapartida, um outro aspecto impressionante é a física aplicada aos quebra-cabeças que surgem ao longo da campanha, que resultam em um jogo muito interativo.

Exploração em The Last of Us Part II Remastered

Além da campanha, a edição remasterizada traz um modo roguelike plenamente focado no combate que é bastante divertido e estende bem o tempo de jogo, de forma opcional. No entanto, The Last of Us Part II não conta com um multiplayer como o da primeira parte, e o game online que complementaria a experiência acabou sendo cancelado, o que é uma grande pena.

A maior falha do título nesse aspecto está na falta de um modo cooperativo real, considerando que Abby e Ellie são acompanhadas por outro personagem durante a maior parte da narrativa – algo assim certamente seria um excelente complemento para a fórmula consagrada da Naughty Dog.

Boa versão para PC

Gameplay de The Last of Us Part II Remastered

Produzida em parceria com a Nixxes, a versão de PC de The Last of Us Part II é notavelmente superior ao trabalho realizado no remake da primeira parte ou até mesmo no port de Uncharted 4. Embora apresente gráficos incríveis e condições técnicas semelhantes às do primeiro jogo, o desempenho aqui é muito melhor, com tempos de carregamento extremamente rápidos.

O título chegou bem otimizado, exigindo apenas atualizações de drivers da AMD para ser executado – o único contratempo técnico no lançamento. Porém, nem tudo é perfeito. O jogo possui uma implementação estranha da tecnologia de geração de quadros que acaba limitando tudo a uma taxa fixa de 50fps – ou seja, a função não funciona como deveria e a performance com ela desativada é, ironicamente, superior.

Cenário de The Last of Us Part II Remastered

Há travamentos repentinos e diversos bugs visuais no reflexos. A mira, por sua vez, é próxima demais da câmera, mesmo com o campo de visão configurado no máximo. Fora esses detalhes, esse é um port totalmente satisfatório, com suporte a ultrawide que aprimora ainda mais a cinematografia mpecável do jogo – tanto durante a gameplay em si quanto nas longas cutscenes, que possuem uma qualidade surreal para os padrões de um videogame.

O lado sonoro não decepciona, mas a versão de PC apresenta falhas que fazem o áudio cortar e picotar – sendo necessário reiniciar o jogo para resolver esse problema. A dublagem em português é incrível e toda a experiência auditiva proporcionada seja de altíssimo nível – especialmente em sistemas de som mais robustos, como soundbars e home theaters.

Imperdível, mas poderia durar menos

The Last of Us Part II é um bom jogo e com uma história bem desenvolvida, apesar de contar com segmentos excessivamente longos e, por vezes, cansativos. O título da Naughty Dog poderia ser mais enxuto, especialmente na forma de apresentar o lado de Abby – que, embora ofereça um contraponto interessante às situações extremas de Ellie, acaba quebrando o ritmo da narrativa. A experiência poderia ter sido mais fluida se o jogador tivesse a possibilidade de escolher a ordem dos eventos da campanha, como em Resident Evil 2 ou Alan Wake 2, por exemplo. Ainda assim, essa é uma sequência imperdível para os fãs do primeiro jogo.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

The Last of Us Part II Remastered

9

Nota Final

9.0/10

Prós

  • Boa jogabilidade
  • Gráficos sensacionais

Contras

  • Campanha interminável
  • Alguns bugs na versão de PC
  • Falta de multiplayer e coop