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Review Observer (Switch) – O aterrorizante universo Cyberpunk

Se tem algo que sempre atiça minha curiosidade são ports de jogos “pesados” para o Nintendo Switch. Desde a divulgação dos primeiros minutos de gameplay, a versão para o console da Nintendo de Observer foi bastante criticada pelos downgrades agressivos. Mas sera que os gráficos são capazes de estragar esta experiência aterrorizante?

Desenvolvimento: Bloober Team
Edição: Bloober Team
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Terror, Puzzle
Classificação indicativa:
 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 7 horas (campanha)/10 horas (100%)

Isso é tão Black Mirror

Isso é tão Black Mirror

O ano é 2084. Em Observer você é Daniel Lazarski, um investigador com implantes tecnológicos que tem seu sistema de comunicação invadido pelo filho que não vê há vários anos. Após receber um recado de áudio do rapaz, Lazarski resolve ter um reencontro e vai em direção ao apartamento de onde veio a ligação.

Chegando no local, várias dúvidas pairam no ar após ocorrerem certos eventos, e o protagonista decide investigar o caso descoberto no imóvel de seu filho. Mas nada será tão simples como parece.

Exploração de cenário e investigação

O jogo consiste numa experiência em primeira pessoa com foco total em exploração de cenário e investigação – inicialmente – de pistas para juntar os pontos da história. Dois dos elementos dignos de elogio no game da Bloober Team com certeza é a narrativa e a ambientação.

A história faz com que o jogador sempre tenha sede de querer saber mais, mantendo perguntas não respondidas em vários momentos, apenas para deixar a curiosidade falar mais alto. Acompanhado disso existe a excelente dublagem dos personagens que deixam a impressão de que estamos vendo um filme.

Os cenários também fazem seu trabalho de forma extraordinária. É forte a sensação de estarmos num ambiente sujo, desajeitado e, ao mesmo tempo, altamente rico de informações visuais e completamente tomado por tecnologia.

Observando a mente alheia

Observando a mente alheia

Lazarski possui vários recursos cibernéticos em seu corpo, e um deles é uma espécie de cordão com um conector na ponta. Este acessório serve para conectar a chips neurais existentes em algumas pessoas, e o protagonista acaba usando muito isso para investigar pessoas à beira da morte – às vezes até mesmo em falecidos.

Realmente é aqui onde se encontra o clímax do jogo, que é quando você deixa de apenas investigar os inquilinos dos apartamentos para juntar pistas, conversando com eles através de seus dispositivos de vídeo, para começar a fazer exatamente aquilo que o jogo propõe: ser o observador.

Escolhas de diálogos

Há algumas várias escolhas de diálogos a serem feitas, mas nada que leve a dois caminhos diferentes ou algo parecido. Todas as linhas de texto acabam levando para um mesmo resultado. Porém, em certos pontos de Observer você poderá tomar decisões um pouco mais sérias que afetarão o final de seu jogo.

Não existe muita complexidade por aqui, apenas uma interação com certos objetos no cenário que vão te guiar de forma subjetiva, ou então uma consulta ao seu banco de dados localizado no dispositivo em seu punho para obter mais informações – muitas vezes propositalmente rasas – sobre suas missões/tarefas.

Não é de fato um jogo desafiador no quesito jogabilidade, mas sim algo que consegue entreter através de uma história entregue aos poucos, que te leva ao destino final enquanto brinca com sua interpretação das coisas.

Códigos e quebra-cabeças

Os códigos e quebra-cabeças

Há poucos puzzles a serem resolvidos, e também partes onde um pouco de stealth é necessário para não ser pego por uma criatura sinistra. Mesmo assim, através disso a jogabilidade consegue se tornar algo variado por não bater sempre na mesma tecla.

Observer não é exatamente um jogo de terror macabro, mas há momentos bizarros o suficiente para se sentir assustado e desconfortável psicologicamente – recomendo não jogar sozinho. Existe um pouco de jumpscare aqui e ali, mas nada constante – felizmente.

Corredor escuro

É incrível o que foram capazes de explorar no universo Cyberpunk, e o jogo mostra o quanto pode ser assustador entrar na mente de uma pessoa usando tecnologia. Existem cenários que vão de um simples quarto qualquer até um corredor escuro com crianças chorando de fundo. Realmente algo bastante intimidador.

Um detalhe existente em Observer é a necessidade que Lazarski tem de ingerir um comprimido. Caso o personagem fique muitos minutos sem o tomar, sua visão começa a se encher de artefatos visuais, o que atrapalha bastante a visualização.

Felizmente o comprimido é facilmente encontrado pelos cenários. É um pouco estranho entender o propósito desta mecânica no começo, porém mais em frente há uma cena onde você suspeita do porquê isso ter sido apresentado desde o início como parte da experiência.

Jogando no Switch

Apesar do agressivo downgrade de gráficos e performance, a versão de Switch manda bem de forma isolada, é sério. Digo isso porque ela se mostra competente visualmente se você deixar de lado a comparação com as versões mais potentes.

O jogo aqui claramente é inferior em vários aspectos, mas confesso que fiquei surpreso com o quanto ela é jogável e consegue entregar algo bom e divertido.

Preciso ressaltar também que as diferenças entre o modo dock e portátil são bem mínimas, sendo alguns reflexos de luzes adicionais, com o Switch conectado à dock, o ponto mais nítido.

Aspecto bastante borrado

Porém, não posso deixar de dizer que o visual tem um aspecto bastante borrado em ambas situações, um sacrifício já esperado para um jogo com este nível de detalhes na versão original.

Apesar disso, jogar no modo portátil torna menos perceptivo os borrões. Acredito que um patch com opções para aumentar nitidez, como The Witcher 3 no Switch fez recentemente, ajudaria bastante nesta questão.

A performance costuma engasgar em vários pontos e criar loading entre portas, já o framerate varia bastante em outros locais. Não torna a experiência terrível, mas apenas incômoda. Talvez um valor limite de quadros por segundo fosse uma melhor solução para essa montanha-russa de frames.

Por fim, o jogo acabou apresentando um erro em dois momentos durante uma conexão neural. Não sei se foi algo aleatório ou algum cálculo feito pelo sistema que deu errado. Curiosamente, os dois crashes ocorreram em momentos de efeitos visuais bem pesados.

Uma experiência única

Uma experiência única

Observer é bizarro o bastante, além aterrorizante e incômodo. Sua história incrível é experenciada através de muitas dúvidas que são deixadas no ar, e uma curiosidade que faz o jogador querer desvendar tudo o quanto antes.

É bastante admirável que, mesmo com um nível mínimo de gameplay, o jogo consiga manter um clima sólido de investigação, terror e suspense. Fãs de títulos como Layers of Fear (da mesma desenvolvedora) se sentirão em casa, e amantes de jogos de terror, assim como eu, não ficarão decepcionados.

Esta review foi feita com cópia de Switch cedida pelos produtores.

Observer

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Enredo e narrativa
  • Ambientação incrível
  • Dublagem excepcional
  • Assustador
  • Eventos inesperados

Contras

  • Difícil de se localizar às vezes
  • Cenários um pouco confusos