Quem joga JRPGs com frequência e está na casa dos 30 anos sabe o quão gratificante foi poder crescer, literalmente, com alguns dos melhores títulos já produzidos até hoje. Porém, temos visto nos últimos anos uma mudança grande, e poucos games parecem ser tão bons quanto já foram um dia. Mas, para resolver esse problema, a Square Enix nos presenteou com Octopath Traveler 2, uma sequência tão boa quanto seu antecessor.
Desenvolvimento: Acquire
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, PS5, Switch, PC, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 60 horas (campanha)/94 horas (100%)
Um toque do passado
Octopath Traveler 2 traz uma arte belíssima batizada de HD-2D. Ou seja, temos cenários feitos com sprites, mas tudo no mais alto nível. O mundo do jogo é extremamente rico em detalhes e esconde diversos segredos, seja na forma de baús ou de passagens que nos levam a cavernas escondidas. É preciso ressaltar a extrema qualidade dos cenários e também dos personagens que compõem o mundo, isso sem falar nos inimigos, que são propositalmente maiores que nossos herois.
Agora podemos andar pelas paisagens em dois horários diferentes, dia e noite, que podem ser alterados com o toque de um botão. Ou seja, nada de ficar esperando o jogo carregar ou qualquer coisa do tipo. Além disso, isso traz algumas mudanças nas mecânicas, mas falarei mais disso abaixo.
Precisamos exaltar também o excelente trabalho feito por Yasunori Nishiki, que participou de títulos como Final Fantasy VII Remake, Kingdom Hearts III e muitos outros. Todas as músicas combinam perfeitamente com as cenas vistas no game, sejam alegres, tristes ou de encorajamento. Seu trabalho com certeza marcará quem jogar Octopath Traveler 2.
Por fim, o jogo nos traz um sentimento nostálgico real, não só por conta dos gráficos usados, mas também pela forma como as narrativas foram construídas. Isso sem falar no seu combate, que é totalmente excelente.
Oito corações e uma história?
Respondendo a pergunta acima: sim e não. Cada um dos oito personagens possui o seu próprio arco que se encerra de forma brilhante – e alguns melhores do que os outros. Contudo, ligar todos eles não é uma tarefa fácil, algo que foi amplamente criticado no primeiro game da série, mas que aqui podemos dizer que ficou bom.
Para ajudar a entrosar ainda mais nossos herois, podemos ver pequenas cenas em que eles interagem e conversam sobre os fatos que aconteceram nas suas histórias, ou sobre algo aleatório. Além disso, há missões que só podem ser feitas por certas duplas. Como, por exemplo, na tarefa de ajudar um erudito a fazer um telescópio.
E falando nos protagonistas, cada um deles possui duas habilidades distintas que podem ser usadas à vontade durante o dia e a noite. Por exemplo, Partitio, o mercador, pode comprar os itens das pessoas na rua de dia, e à noite ele pode contratar os seus serviços, mediante um pequeno pagamento. Isso é útil para encontrar itens especiais e cumprir as muitas missões secundárias presentes no jogo, ou então para achar novos equipamentos mais fortes.
A obtenção de informações, o duelo, o roubo, a provocação e o suborno são algumas das habilidades que temos entre os personagens. Basta ver o que cada personagem pode usar e assim se aproveitar e muito para melhorar seu time.
Um mundo rico
Muito mais do que seguir a história dos personagens, Octopath Traveler 2 tem um mundo extremamente rico. Como dito acima, há muitas passagens e baús para serem descobertos, e, eventualmente, encontramos cavernas com alguns segredos. No final delas, podemos enfrentar monstros e obter um bom equipamento, o que faz com que a exploração seja um dos pontos mais fortes desse JRPG.
Tudo foi feito de forma bastante coesa, então quando entramos em alguma caverna ou calabouço, não perdemos nosso tempo em mapas com corredores praticamente infinitos. Isto é, nada de ficar andando a esmo por corredores vazios, pegar um baú e depois seguir o caminho.
O mundo de Octopath Traveler 2 é bastante vasto. Depois que pegamos o barco, podemos explorar ainda mais lugares e viajar tranquilamente pelo mapa. Para ajudar ainda mais, viajar entre as cidades que já visitamos é muito rápido. Não é preciso aguentar cenas chatas ou ficar andando igual bobo para retornar até um determinado ponto.
Do mercador ao mago
Como temos oito personagens em Octopath Traveler 2, temos também oito classes de personagens. Com o decorrer da aventura, podemos adquirir licenças e equipá-las nos herois. Ou seja, é possível transformar a nossa querida caçadora Ochette em uma maga, o mago Osvald em um guerreiro, entre muitas outras combinações. Com o tempo, vamos liberando as habilidades passivas, e, assim, desbloqueamos combos extremamente poderosos.
Durante a jornada, podemos também encontrar as classes extras, que precisam de determinadas condições sejam cumpridas. Posso citar, por exemplo, a entrega de uma arma lendária enferrujada para um ferreiro em uma determinada cidade. Há um total de quatro classes extras no jogo, e elas são extremamente poderosas.
Eu bato, tu bates, nós batemos
Octopath Traveler 2 possui um dos combates mais divertidos que já tive o prazer de experimentar nos últimos anos. Podemos usar até quatro personagens no time, e é sempre bom misturar bastante as profissões de cada um deles para que possamos ter um boa cobertura na hora de enfrentar um chefão.
Todos os encontros com inimigos comuns são aleatórios, ou seja, não vemos os inimigos na tela. Existem alguns amuletos que aumentam ou diminuem a frequência das lutas, o que é bom para determinadas situações. O mais legal é que os inimigos são gigantes perto dos nossos herois, e isso nos dá uma grande satisfação ao derrotá-los.
O combate em si é baseado em turnos, seguindo uma linha do tempo que pode ser vista na parte de cima da tela. Podemos visualizar tanto o turno atual quanto o próximo. Há diversos golpes que podem atrapalhar os inimigos, mas o principal é aproveitar suas fraquezas para quebrar sua defesa. Além disso, ganhamos 1 BP a cada turno, e isso nos permite realizar mais um ataque normal com a arma equipada ou aumentar o poder de alguma habilidade, com o limite de uso de até 3 pontos de uma vez.
Quando usamos uma magia ou habilidade com a arma, é notável a diferença em comparação com ataques normais e o uso de 3 BPs. A câmera muda e faz parecer que um poder especial foi usado. Além disso, uma barrinha enche de tempos em tempos, de acordo com nossas ações, liberando o uso de habilidades especiais, seja um golpe mais forte ou para encher a barra de BPs, entre outros.
Em resumo, o combate de Octopath Traveler 2 é excelente, e deveria servir como exemplo para outras desenvolvedoras. Lutar contra os inimigos, por mais fáceis que sejam, não se torna um fardo, o que diz muito sobre o game.
Atual e clássico
Octopath Traveler 2 é um jogo novo com alma clássica que agradará até os fãs dos JRPGs mais puristas. Explorar o mundo é uma alegria, e descobrir coisas novas é extremamente prazeroso. Os gráficos estão entre os melhores que já vi até hoje, e a trilha sonora é absolutamente fantástica. A história de alguns personagens é melhor do que a de outros, e dessa vez, os desenvolvedores colocaram uma forma de conectar as oito jornadas. O combate é um dos mais divertidos que já tive o prazer de jogar, e espero que o terceiro título da franquia saia o mais rápido possível. Além disso, é claro, recomendo o game para todo mundo.
Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro
Octopath Traveler II
Prós
- Excelente combate
- Mundo vivo que incentiva a exploração
- Excelente grupo de personagens
- Trilha sonora marcante
- Gráficos sensacionais
Contras
- Falta de legendas em português
- As missões possuem uma descrição um tanto quanto vagas
