Capa do jogo Ori and the Will of the Wisps

Review Ori and the Will of the Wisps (PC) – O amadurecimento de um universo fantástico

Quando mergulhamos profundamente no universo de algum jogo ao ponto de nos vermos apaixonados por ele, pode ser um tanto complicado imaginar evoluções significativas para uma serialização que não descaracterizem o game pelo qual nos apegamos. Ao longo dos anos na indústria, vimos franquias tentarem renovações e falhar no processo, perdendo a essência que as tornavam tão únicas e especiais para os fãs. Felizmente, digo sem medo de errar que Ori and the Will of the Wisps não é uma delas.

Desenvolvimento: Moon Studios

Distribuição: Xbox Game Studios

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura

Classificação indicativa: Livre

Português: Legendas e interface

Plataformas: PC e Xbox One

Duração:11 horas (campanha)/ 17 horas (100%)

Uma nova história, uma nova terra e novos amigos

Will of the Wisps é uma continuação direta de the Blind Forest. Dessa forma, logo no começo do jogo reencontramos os personagens carismáticos do primeiro título: Ori, Naru, Gumo e a recém-introduzida a família, Kun. Por algum tempo, o grupo foi feliz, desfrutando das maravilhas da floresta de Nibel. Porém, um acidente acaba fazendo com que eles se separem, levando Ori e Kun a uma terra bem diferente daquela em que viviam: Niwen – um local onde a natureza está perdendo a batalha para a degradação.

Essa sequência traz consigo um mapa mais amplo e que permite uma exploração mais fluída, mas talvez até mais desafiadora que a do seu antecessor. Isto poderia ser um aspecto negativo em outros tipos de jogo, mas é algo clássico quando falamos daqueles que abraçam o estilo metroidvania. E mesmo que essa experiência possa ser, a princípio, um pouco frustrante, os cenários de Ori certamente fazem valer a pena: é impossível não parar e admirar a beleza dos diferentes níveis de Niwen, ainda mais ao som de uma trilha sonora envolvente.  

Ao longo desse bonito, mas perigoso percurso, encontramos aliados que logo se transformam em amigos – como os mokis, Kowlok, Lupo, Opher e tantos outros. Isso contribui consideravelmente para tornar o clima menos opressivo, diferente do que acontecia no primeiro game, quando o nosso pequeno herói explorava uma natureza cruel de maneira solitária. Esses personagens, por sinal, agregam muito valor na história, pois mesmo sem muitas falas, dão profundidade e significado aos percalços que enfrentamos.

Ori conhece Opher e moinho ao horizonte

Uma aventura de possibilidades

Deixando a história de lado, quando paro para definir essa sequência em uma palavra, penso em possibilidades. Will of the Wisps não teve medo de apresentar ao jogador uma série de novidades que agregaram positivamente no que diz respeito à gameplay.

O que chama atenção logo de cara são as novas mecânicas de combate. Não tenho as palavras exatas para definir o quão interessante foi ver nosso herói saindo da sua zona de fragilidade, onde ele era um mero explorador que usava os seus poderes limitados para sobreviver à zonas hostis. Aqui, por outro lado, vemos um aspecto mais guerreiro do pequeno espírito de luz: espadas, shurikens, arcos, lanças, bastões e pancadas de corpo são apenas algumas das habilidades que nosso personagem pode dominar para derrotar os perigos que encontra pelo caminho.

Felizmente, Ori and Will of the Wisps não para por aí. Além de muitas técnicas que já conhecíamos do primeiro jogo, ganhamos a possibilidade de aprender novas, mais focadas em utilidade – que somam na mobilidade e tornam a exploração muito mais divertida. Nesse sentido, acho que houve um amadurecimento muito grande não só no número de talentos, mas na forma como somos levados a fazê-los interagir, elevando a complexidade da jogatina e exigindo do jogador uma maior habilidade para saber como e qual o melhor momento de usar cada um deles.

Tudo isso é ajustável através de uma interface muito bem organizada, que possui abas para selecionar os atalhos das habilidades e os upgrades, assim como para checar o inventário e as missões. Isso mesmo, agora podemos carregar itens e receber missões secundárias dos NPCs, fazendo com que nossa jornada seja bem menos linear. Somando tudo isso, o jogo nos oferece a opção de modificar o nosso protagonista da forma como acharmos mais interessante e, dessa maneira, também a nossa aventura – que embora não totalmente diferente da de outros jogadores, acontece em um ritmo bastante próprio.

Interface de seleção de melhorias

Os frutos da degradação

Desde o primeiro trailer, Will of the Wisps prometia ser um jogo bem mais focado no combate e, para além da inserção de armas, posso dizer que ele cumpriu com essa proposta. Estou falando deles: os monstros, frutos da degradação. Obviamente, reconheceremos alguns inimigos do primeiro jogo e esses saberemos como enfrentar. Contudo, este é um novo território e, com ele, encontramos também novos perigos.

Se antes as criaturas já eram casca grossa, aqui eles são muito mais. Os seres de Niwen são agressivos e alguns atacam de maneiras bem inovadoras, prometendo surpresa aos fãs da franquia. Alguns inimigos possuem movimentos simples, enquanto outros são mais complexos. Em todo caso, o jogador precisa aprender a ler as ações de cada tipo de monstro e antecipá-las a fim de evitar os danos. Afinal de contas, agora não temos mais o controle sobre o checkpoint, e qualquer orbe de vida em falta pode fazer a diferença – ninguém quer ter de repetir a mesma parte várias vezes, certo? Especialmente quando falamos dos chefes.

O novo grande desafio de Ori, esses seres gigantescos possuem padrões de ataque diferentes dos monstros convencionais e causam danos absurdos. Enquanto podemos efetivamente enfrentar alguns deles, de outros, devemos apenas tentar escapar; e alguns ainda mesclam as duas dinâmicas. A experiência é sempre interessante. Nas primeiras vezes não é tão desafiadora, mas a sensação de perigo e urgência ao enfrentar esses vilões cresce conforme o jogo progride. Visualmente, não há muito o que criticar, o design desses monstros é particularmente caprichado, tornando-os assustadores na medida certa ao mesmo tempo em que nos causa certa admiração.

Ao longe, Kun observa as últimas corujas de Niwen

Uma pena dizer que é nessa categoria da análise que encontramos também o principal defeito do jogo. Ao entrar em alguns combates  ou no decorrer das escapadas frenéticas, nos deparamos com muitos engasgos. Por si só, eles já são bem irritantes, mas testam ainda mais a paciência do jogador quando se está tentando passar de um ponto que exige muita precisão ou onde errar significa morrer – nos forçando a retornar ao último checkpoint. Isso não chega a prejudicar o game como um todo, mas quebra o ritmo e, em alguns momentos, é desanimador.

De forma geral, Ori and the Will of the Wisps foi uma grata surpresa, especialmente por conseguir manter a atmosfera contemplativa e provocante de seu antecessor. Difícil na medida certa e com opções que tornam a experiência única, a Moon Studios fez um trabalho fenomenal nos dando um jogo que carregaremos em nosso coração daqui em diante.

Esta review foi feita utilizando uma cópia de PC

Revisão: Jason Ming

Ori and the Will of the Wisps

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Gráficos deslumbrantes
  • Personalização de combate
  • Exploração em ritmo próprio
  • Universo vivo (NPCs e sides)
  • Chefes

Contras

  • Engasgos