Paratopic capa

Review Paratopic (Switch) – Um curto jogo de terror

Paratopic é um jogo de terror em primeira pessoa com foco em narrativa, onde os comandos se resumem em interações muito simples com objetos no cenário e conversas mais do que bizarras. O game possui uma atmosfera perturbadora e é recomendado de se jogar com fones de ouvido, segundo instruções prévias. Como sou alguém obediente, fiz o recomendado e as coisas acabaram ficando ainda mais bizarras.

Uma observação muito importante é: quanto menos você souber sobre o enredo do jogo, melhor será a experiência. Portanto, não procura nada sobre ele na internet, muito menos explicações sobre as mensagens que ele passa e os significados.

Desenvolvimento: Arbitrary Metric
Distribuição: Baltoro Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Terror
Classificação Indicativa: 16 anos
Português: Não
Plataformas: Switch e PC
Duração: 44 minutos (campanha)/ 2 horas (100%)

A lanchonete

Confusão narrativa proposital

Você inicia com o/a protagonista, se é que posso considerar assim, preso num local que aparenta ser uma delegacia de polícia. Um oficial começa a questionar sobre algum tipo de crime que você supostamente cometeu e cita fitas cassetes como provas enquanto ameaça assisti-las, porém parece que algo dá errado. Em seguida, tem início uma sequência de fatos e eventos aleatórios que parecem ter saído diretamente de um pesadelo da época do PS1 (lembra do LSD simulator?), funcionando como um espécie de retrospectiva do seu crime cometido.

Paratopic é um jogo confuso intencionalmente, além de basicamente impossível de se compreender sem o conhecimento da língua inglesa. Fora as interações com cenários, as conversas com personagens encontrados ao longo do enredo são estranhas e se dão através de linhas de respostas disponíveis à escolha do jogador, cada qual apresentando uma resposta diferente da pessoa com quem o personagem está conversando. Tudo acontece de uma forma que lembra algum de seus mais estranhos sonhos, o que causa bastante desconforto e não faz com o clima seja dos mais agradáveis – no bom sentido, já que é um título de terror. Seu enredo aborda principalmente sobre o tema assassinato, utilizando de toda a sua estranheza para transmitir a sensação ao jogador de que algo sempre está para acontecer.

O homem que te controla

Ambientação desconfortável

Alguns elementos do jogo o tornam charmoso, por mais que as texturas possuam uma baixa resolução proposital lembrando gráficos do início da geração PS1. A ambientação é o ator principal em Paratopic, trazendo cenas em locais escuros, depredados e com acontecimentos um pouco fora do comum – beirando o sobrenatural. Além disso, ruídos são ouvidos de fundo e falas sem um significado real, que parecem mais um mix de The Sims e qualquer jogo de terror diabólico, são o pacote completo para mexer com o psicológico de quem está no controle, cujo efeito foi sentido por mim com sucesso.

Existem também os cenários que mudam constantemente, onde em dado momento você está numa floresta, então acaba surgindo dentro de um restaurante. Isso possui um significado dentro do enredo de forma geral, mas que vou deixar sem detalhes para que a experiência não seja estragada. O game não conta com sistema de save nem nada do gênero, e foi concebido, como o próprio descritivo antes do início diz, para ser jogado “em uma sentada”.

Me lembro de ter jogado parecido há muitos anos no próprio PlayStation 1, o obscuro jogo LSD Simulator, um produto japonês que buscava uma forma de abordar sonhos bizarros em formato de um videogame interativo, mas a jogabilidade deixava muito a desejar por se resumir em um “andar e interagir”. Paratopic tem um diferencial por conseguir deixar curioso, além de contar a história em pequenas etapas e diálogos com respostas variadas, e um certo grau de liberdade em questão dos controles.

Mesmo assim, o jogo não deixa de ser linear. Ao finalizar a absurdamente curta história, serão apresentadas as conquistas desbloqueadas baseadas em suas decisões e interações. Apesar disso, não tive vontade de rejogar várias vezes para descobrir o restante. É uma técnica usada em games curtos e focados em narrativas rápidas – essa de abusar da rejogabilidade trocando apenas o final -, como um recente que analisei chamado We Should Talk e você pode conferir o texto aqui. Bom, comigo isso não funciona, já que não gosto de ter que passar por tudo novamente apenas para ver alguns minutos de diferença.

O corredor do apartamento

Precisa ser mais duradouro

Paratopic é um excelente jogo e sabe criar uma atmosfera de perigo, incerteza e desconforto, apesar de ser tão linear e repetitivo a fim de oferecer apenas conquistas como recompensa. O enredo se encerra muito repentinamente, o que me deixou triste porque eu havia conseguido entender o que se passava apenas perto da conclusão. Porém, quando menos percebi, tudo acabou e fiquei desapontado por ter tido uma experiência tão imersiva, mas extremamente curta que deixou a sensação de que precisava durar bem mais.

Está review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Paratopic

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Atmosfera sombria
  • Bizarrice no bom sentido
  • Vai além de um Walking Simulator
  • Vários finais
  • Gráficos datados da maneira certa

Contras

  • Finais diferentes exigem rejogar
  • Não existe função de salvar
  • Curto demais
  • Apenas inglês