Jogos de tiro táticos costumam andar por duas estradas: ou são experiências narrativas carregadas de drama militar e reviravoltas morais ou são ensaios de cooperação pura, em que o enredo pouco importa. O que vale mesmo é o quanto sua equipe consegue se sincronizar.
Phantom Squad pertence firmemente à segunda categoria, e não faz a menor questão de disfarçar isso. Ele quer que você entre, mire, atire e, com sorte, saia vivo — de preferência com amigos.
Desenvolvimento: Ctrl Freak
Distribuição: Super Rare Originals
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação
Classificação: 16 anos (Drogas ilícitas, Violência)
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: 5,5 horas (campanha)
Sem história, sem backup, sem tempo ruim

O pouco de lore que temos aqui é só um pano de fundo estiloso: você é um ex-agente demitido por desobedecer ordens e recontratado misteriosamente para fazer parte de uma organização secreta que executa missões sujas. Pronto. É basicamente um “Nick Fury bate na sua porta” e você aceita sem pensar duas vezes.
Mas, verdade seja dita: ninguém está aqui pela narrativa. Não temos aqui nenhuma cutscene emocional, ou diário com entradas reveladoras, que levam a um plot twist inexistente. E isso é ótimo. Phantom Squad sabe o que quer ser, e se mantém fiel a sua premissa.
É melhor com os parças

A estrutura das missões é feita com o multiplayer em mente. O jogo permite até quatro jogadores simultâneos e, sinceramente, jogar sozinho é como tentar invadir uma base inimiga com um canivete: é possível, mas você vai sofrer. A IA inimiga é implacável, e cada missão exige coordenação milimétrica: abrir portas simultaneamente, cobrir múltiplos corredores, hackear sistemas enquanto alguém te protege, tudo isso fica exponencialmente mais difícil (e menos divertido) quando você está sozinho.
No modo cooperativo, por outro lado, o jogo brilha. O planejamento pré-invasão, o uso das ferramentas táticas e até os erros engraçados (como quando alguém joga uma granada errada e derruba o próprio time) tornam a experiência imersiva e hilária. E é aí que Phantom Squad encontra seu propósito: em recriar o caos coordenado de uma operação tática onde cada ação conta e cada erro custa caro.
O mouse é sua melhor arma

Apesar de ter suporte total para controle, Phantom Squad entrega seu melhor com mouse e teclado. A mira é mais responsiva, os movimentos são mais precisos e em um jogo onde um tiro errado pode derrubar um aliado (sim, tem fogo amigo!), qualquer vantagem de controle faz diferença. Quem quiser jogar no controle vai conseguir, mas pode acabar trocando a precisão por praticidade e isso, aqui, pode ser fatal.
O combate é intenso e implacável. Não existe esponja de balas: um tiro certo derruba, um erro cobra caro. E isso se aplica tanto a você quanto aos inimigos. Os tiroteios são curtos, secos e barulhentos, com efeitos sonoros que transmitem muito bem o peso de cada disparo. Você não se sente em um filme de ação: você se sente no meio de um tiroteio tático. E isso é ótimo.
Ferramentas táticas, gadgets e caos organizado

Se fosse só correr e atirar, Phantom Squad seria só mais um twin-stick shooter bonito. Mas ele se destaca pelo seu sistema de gadgets: são mais de 20 dispositivos que vão de sensores de batimento cardíaco a armadilhas de detonação remota. O uso correto dessas ferramentas faz toda a diferença entre limpar uma sala sem resistência ou acabar cercado e virando queijo suíço. Cada jogador pode montar sua build com equipamentos específicos, o que adiciona uma camada estratégica interessante, especialmente em equipe.
O planejamento também faz parte do gameplay. Antes de cada missão, é possível marcar rotas, pontos de entrada e prioridades, algo que lembra títulos como Door Kickers e até Rainbow Six (nos tempos áureos). A diferença é que aqui você precisa executar esses planos em tempo real, sem pausa, com o coração acelerado e o dedo coçando no mouse. E com fogo amigo ligado, o caos pode se instalar rapidinho.
Tecnicamente preciso

Em termos de desempenho, o jogo entrega exatamente o que promete. Nenhum travamento, nenhum bug visível, nenhuma quebra de imersão por falha técnica. Phantom Squad roda liso como óleo em panela quente, mesmo em máquinas mais modestas, um mérito para um jogo que lida com física, detecção de colisão precisa e ambientes fechados complexos. O visual não é de cair o queixo, mas é limpo, funcional e claro. Você sempre sabe onde está, o que está fazendo e quem está mirando em você.
O áudio também merece destaque. Os sons de tiro têm impacto, as explosões são secas e convincentes e os gritos dos inimigos (e dos amigos, quando atingidos por engano) ajudam a manter a tensão. Nada épico ou cinematográfico, só o suficiente para te manter no clima.
Tiros e cooperação
Se você gosta de jogos táticos com foco em cooperação, Phantom Squad é um prato cheio. Ele não tem narrativa complexa, não temos aqui uma progressão elaborada e nem modos elaborados de personalização. O título entrega exatamente o que promete: combate tático top-down, intenso, implacável e cooperativo. Jogar sozinho é possível, mas é como ir a um karaokê vazio — perde boa parte da graça. Agora, com amigos… aí, sim, a experiência vira ouro.
Phantom Squad é sobre precisão, trabalho em equipe e o prazer de traçar um plano que dá (ou não) certo. E quando tudo funciona como o planejado, dá aquela satisfação digna de filme de ação tática. Só que, dessa vez, é você quem está no comando.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno