Post Trauma é um survival horror que foi anunciado há um bom tempo, durante o The Game Awards de 2022, com a proposta de retornar ao clima das antigas, com câmeras fixa e uma gameplay no estilo tanque focada principalmente na solução de puzzles – o que vem sendo deixado de lado pelos grandes nomes do gênero, como Resident Evil e Silent Hill, nos últimos anos.
Desenvolvido pela pequena equipe independente da Red Soul Games, o jogo está finalmente disponível após múltiplos adiamentos, incluindo um de surpresa, extremamente próximo da data de lançamento originalmente prevista. Isso geralmente não é um bom sinal quanto à qualidade de um jogo e se confirmou verdade mais uma vez, pois o título está em um estado bastante decepcionante.
Desenvolvimento: Red Soul Games
Distribuição: Raw Fury
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 16 anos (violência extrema, medo, linguagem imprópria)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, Xbox Series X|S, PS5
Duração: 5 horas (campanha)
Um pesadelo pouco inspirado

Post Trauma narra o pesadelo de Roman, um condutor de trens que acorda em uma dimensão bizarra após sofrer um ataque de pânico. O objetivo do protagonista é sobreviver e tentar escapar desse lugar enquanto resolve quebra‑cabeças e enfrenta ameaças horripilantes. Com uma atmosfera sombria, o título possui todo aquele design característico de um survival horror do começo dos anos 2000, com ângulos fixos, foco no gerenciamento de itens, jogabilidade no estilo tanque e puzzles complexos – mas sem a mesma intuitividade e clareza dos clássicos que inspiraram o game.
No entanto, Post Trauma flerta mais em parecer com tudo que já foi feito antes do que com a proposta de ser uma experiência inovadora dentro dessa fórmula consagrada – como Signalis ou Tormented Souls, outros indies com ideias similares que ainda se destacaram positivamente entre os novos jogos de terror de sobrevivência. De certa forma, o título teve um marketing enganoso, pois, apesar dos desenvolvedores o promoverem como uma ode ao estilo dos clássicos do PlayStation 2, a campanha introduz modernidades desnecessárias que prejudicam a experiência pura de um survival horror.

Um exemplo disso é a adição de mecânicas de estamina, que travam e limitam o protagonista, e o fato do jogo sequer se manter fiel à sua promessa de utilizar uma câmera fixa. Há certos momentos da campanha com outros personagens jogáveis que seguem outros modelos de visão, e eles surgem na trama de uma maneira mal desenvolvida e confusa. Ou seja, Post Trauma traz uma ambição que não foi, de fato, alcançada por seus produtores, o que é uma grande pena.
Problemas atrapalham tudo

O problema do jogo não é nem exatamente o fato dele não ser totalmente inovador ou intrigante, uma vez que, se desconsiderarmos a qualidade da narrativa e o não cumprimento das principais promessas do título, ainda há alguns aspectos aproveitáveis, como os puzzles. Só que as falhas não param por aí, porque a versão de PC é pavorosa e excessivamente pesada, mesmo com gráficos medianos e animações ruins – a ponto dos inimigos passarem longe de causar medo.
Existem falhas no carregamento de texturas e na exibição de efeitos especiais, e toda a experiência é apresentada em um formato de tela que não se adapta bem nem ao padrão widescreen e nem ao ultrawide – enquanto há também bugs visuais nos mapas que revelam partes ocultas das fases. O jogo recebeu várias atualizações ao longo do período de testes dessa análise, mas elas não resolveram os principais problemas técnicos, tornando, infelizmente, o game algo a ser evitado, justamente pelo desleixo apresentado por seus responsáveis.
Apenas decepcionante
Considerando todo o potencial e o que foi mostrado antes do lançamento, Post Trauma é somente uma mera decepção. O jogo apresenta algumas boas ideias que poderiam torná-lo uma entrada válida dentro do universo do terror independente, mas passa longe de ser uma experiência interessante devido à falta geral de polimentos, aos problemas visuais e técnicos, e à jogabilidade, que não é tão boa perto de outros títulos que conseguiram resgatar com sucesso o que foi deixado de lado pelos grandes estúdios.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno