Capa de Resident Evil

Review Resident Evil (PC) – O retorno de um clássico

Lançado em 1996, Resident Evil é, tranquilamente, um dos melhores jogos de todos os tempos. Sob a direção de Shinji Mikami, o game não apenas deu origem a uma das principais franquias da história dos videogames, mas também a todo o gênero do survival horror. Mas apesar de sua importância, a estreia da série não estava exatamente disponível oficialmente há um bom tempo.

Felizmente, isso começou a mudar recentemente, quando a Capcom disponibilizou o jogo para os assinantes da PlayStation Plus em 2022 – e agora, com um relançamento em parceria com a GOG que traz o game aos jogadores de PC com pequenos aprimoramentos e nenhum DRM, garantindo a preservação do clássico para o futuro.

Desenvolvimento: Capcom, GOG

Distribuição: Capcom

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Terror

Classificação: 18 anos

Português: Não

Plataformas: PC, PS1, Saturn, Nintendo DS

Duração: 7 horas (campanha)/15 horas (100%)

O começo do pesadelo

Primeiro zumbi de Resident Evil

A trama coloca os jogadores no controle de Chris Redfield ou Jill Valentine. Eles são membros de um time da força especial da polícia de Raccoon City que precisam averiguar o desaparecimento de uma outra equipe que sumiu em uma região montanhosa da cidade durante uma investigação sobre misteriosos casos de canibalismo.

Depois de terem sido atacados no decorrer da operação, os agentes decidem se esconder em uma enorme mansão para tentar evitar os perigos que os cercam. Mas, ao explorar a residência, eles descobrem uma grande conspiração envolvendo a Umbrella, a empresa farmacêutica que comanda a cidade e que realiza testes bioquímicos e experimentos virais justamente nessa mansão – tornando necessário investigar o que realmente ocorre lá e, claro, escapar.

É meio tosco, mas é legal

Cutscene de Resident Evil

Mesmo com a existência do remake, que reconta a mesma narrativa de uma maneira primorosa, vale a pena prestar atenção no game original, pois ele tem um valor antropológico altíssimo. O primeiro Resident Evil vem de uma época na qual os jogos não eram comumente cinematográficos como são hoje e como viriam a ser mais tarde na mesma geração, em títulos como Metal Gear Solid e Final Fantasy VII.

Por conta disso, alguns aspectos são bastante rudimentares, como a dublagem, que é muito amadora, e o roteiro, que possui diversas falas que fogem totalmente do tom que um jogo de terror deveria ter e que acabam sendo mais engraçadas do que tudo. Não à toa, várias pérolas viraram memes e foram referenciadas até em jogos recentes da saga, como a famosa cena em que Barry diz que Jill poderia ter virado um sanduíche se não tivesse escapado de ser esmagada por um teto movediço, por exemplo. Esses fatores dão um charme único para o jogo, que, ainda assim, acerta no que de fato importa: a jogabilidade e o terror.

A gameplay é excelente

Puzzle em Resident Evil

Com cenários pré-renderizados em ângulos fixos, a gameplay consiste principalmente em andar pelo casarão, ler os arquivos para saber o que fazer e resolver os diversos quebra-cabeças para avançar na campanha. Perambular pela mansão sem se assustar é quase impossível, dado que a trilha sonora medonha e a presença de ameaças imprevisíveis propiciam uma atmosfera única ao jogo.

É sempre preciso cuidar do inventário, que é extremamente pequeno e exige a constante organização dos recursos do personagem principal. Também é necessário escolher batalhas para evitar gastar munição desnecessariamente, pois os itens presentes nos mapas são escassos e limitados. E embora os gráficos sejam ultrapassados e os controles tanque, nos quais o personagem se move em relação a si mesmo e não à câmera, não sejam os ideais para uma boa movimentação nos joysticks atuais, a jogatina continua sensacional mesmo após quase 30 anos. O loop de gameplay é inteligente e criativo, e, apesar dessas falhas na apresentação, o jogo envelheceu como um bom vinho.

Um relançamento aceitável, mas é melhor com mods

Cenário de Resident Evil

Desenvolvida pela própria GOG, esse relançamento é, de longe, a versão mais acessível do primeiro Resident Evil, rodando praticamente em qualquer computador sem problemas técnicos. No entanto, essa não é a melhor versão já feita desse título. A plataforma lançou o jogo em seu estado original, sem nenhuma censura, numa edição que é somente a conversão original para o Windows 95 com algumas adições muito bem-vindas.

Além de correções de alguns bugs do port original, suporte para controles modernos e a possibilidade de pular as animações das portas, esse relançamento inclui um launcher adicional, com configurações que adicionam filtros de anti-serrilhamento que resultam em visuais limpos e livres daqueles polígonos trêmulos característicos do PS1. Entretanto, não foram feitas melhorias reais nos gráficos, e isso é perceptível nos fundos, exibidos em 240p, e nas cenas live action, mostradas a 15 quadros por segundo. 

Inventário de Resident Evil

Porém, existem também falhas no suporte para os controles de PlayStation 4 que geram uma taxa de frames absurdamente baixa – e isso só pode ser resolvido através de mods feitos pela comunidade, que funcionam perfeitamente neste novo lançamento. Dá até para adicionar mecânicas que só foram implementadas em títulos futuros da série, como o quick turn, criando assim a versão definitiva do jogo que introduziu o survival horror ao mundo.

Finalmente disponível novamente

Apesar de ter sido essencialmente substituído pelo remake de 2002, o primeiro Resident Evil é uma experiência espetacular, e esse é apenas o começo de uma sequência de relançamentos que serão promovidos pela GOG e pela Capcom ao longo dos próximos meses. As empresas planejam disponibilizar também novas versões de RE2 e RE3 para os jogadores do PC. Dessa forma, a tríade que compõe a tão sonhada coletânea de clássicos da franquia será completada – pelo menos para parte dos fãs, já que os consoles infelizmente ficaram de fora dessa festa.

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Ailton Bueno

Resident Evil

9

Nota FInal

9.0/10

Prós

  • Jogabilidade ainda é excelente
  • Ótimos puzzles

Contras

  • Nenhum aprimoramento técnico notório
  • Bugs com controles de PlayStation 4