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Review Remothered: Tormented Fathers (Switch) – Fuja como se não houvesse o amanhã

Entrando na onda de jogos de terror no estilo Outlast, Remothered pega carona no gênero terror de fuga (se é que isso existe), onde arrisca em alguns jumpscare pra pegar o jogador no susto em vez de terror psicológico, tensão através da sensação de estar sendo observado, ausência de combate direto e armadilhas para impedir o perseguidor de alcançar o/a protagonista. Apesar de não ser um grande fã de jogabilidades que não permitem que eu me defenda, resolvi me aventurar na mansão de Remothered: Tormented Fathers e ver até onde o jogo cativa.

Desenvolvedor: Stormind Games
Editor: Darril Arts
Ano: 2019
Jogadores: 1
Gênero: Ação, Aventura, Terror
Classificação indicativa:
16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 6 horas (história)/ 6 horas e meia (100%)

Um início de grandes expectativas

Você controla Rosemary Reed, que almeja adentrar na mansão do já idoso Dr. Felton com o objetivo de investigar o sumiço misterioso de sua filha Celeste. Ao ser recebido pela enfermeira do velho homem, Rosemary revela as verdadeiras intenções para com a sua vinda, e acaba em meio à um clima completamente hostil por Felton. Remothered: Tormented Fathers é um jogo que foi criado com o pensamento em se fazer uma trilogia, o que pode ser bom e ruim – depende da sua conclusão de forma geral sobre a obra. Sendo bem simples e direto, o ponto mais forte do jogo fica a cargo da história, a qual é bem interessante e me deixou o tempo todo querendo mais. Os gráficos podem não ser os melhores, mas a direção de arte do jogo soube realmente fazer um trabalho bem competente criando cômodos que deixam qualquer um aflito.

Preciso dizer que nos primeiros minutos de história e jogabilidade, fiquei completamente contagiado pela ambientação que o jogo transparece. A cada linha de diálogo tudo vai ficando mais interessante, a história deixa curiosidade no ar, suas expectativas começam a subir absurdamente e você acredita piamente que está face-a-face com um novo Silent Hill (talvez este tenha sido meu erro) da vida e… tudo começa lentamente a desabar.

Sentimentos mistos

Como eu disse e mais uma vez preciso repetir: o jogo eleva suas expectativas às alturas com o início promissor, porém, o ritmo não consegue se manter após poucos minutos de jogabilidade. Apesar do medo tomar conta do jogador enquanto este caminha pela velha mansão ao som de uma trilha sonora amedrontadora – composta por Nobuko Toda (Final Fantasy, Metal Gear Solid e Halo) e Luca Balboni – infelizmente a mecânica principal do jogo se apoia em um nível absurdo de repetição pra segurar o jogador ao máximo.

Não foi medo, suspense ou receio o sentimento que mais tive durante toda minha aventura em Tormented Fathers, mas sim a sensação de que o jogo foi feito apenas para se alongar. E por quê? O motivo é que você é obrigado a fazer todas as suas ações andando – e bem lentamente, preciso dizer -, caso contrário seu perseguidor ou perseguidora (não sei de qual sexo é o segundo antagonista) vai ouvir seus passos independentemente de onde você estiver no imenso casarão. É divertido sim nas primeiras vezes, mas logo o sentimento de frustração toma conta de você. Os itens chaves para cumprir as tarefas dentro da mansão são completamente longes uns dos outros, e de propósito, para que você engatinhe até lá.

Se coloque no lugar de quem joga

Um dos principais recursos obrigatórios do jogo é o uso de fones de ouvido, de preferência aqueles que entram bem fundo em suas orelhas – sim, aqueles que fazem um “ploc”. Isso acontece porque os barulhos são predominantes aqui, e em todo o tempo será preciso ouvir onde o perseguidor está caminhando dentro da mansão para não ser pego de surpresa. É algo bem interessante se fosse melhor explorado também visualmente.

É bem restritivo depender apenas da localidade do som, muitas vezes me peguei supondo que a ameaça estava em um local, mas na verdade estava em outro – depende muito de sua percepção e qualidade de equipamento sonoro. Gostaria muito de que houvesse um feedback visual na tela apontando de qual direção estão vindo os sons do perseguidor, alguma mancha, seta, ou qualquer coisa do tipo. Depender única e exclusivamente do som é “perigoso”, pois é suposto que a pessoa que está jogando possui fones de alta qualidade sonora. Por fim, existem alguns bugs ocasionais de colisão e até mesmo de comandos. Algumas vezes me vi entrando em paredes e ficando travado, já em outras o comando de correr ficou automaticamente acionado e não conseguia parar de correr (erro crítico, aliás).

Defenda-se quem puder

Existem algumas formas de atrasar ou impedir o inimigo de alcançar seu personagem, com objetos arremessáveis, cordas para trancar portas por apenas um lado, segurar a porta para que não seja aberta por alguns segundos, etc. Tudo isso não vai nem de longe permitir que você tenha sucesso em sua fuga, pois a brilhante protagonista resolveu ir – acredite – de salto alto para a pior tarefa de sua vida.

Apesar disso, ela estranhamente corre rápido para alguém com um calçado destes, mas não o suficiente para que você despiste o perseguidor. Creio que você percebeu que o jogo realmente quer que você faça tudo da forma mais vagarosa possível, o que considerei mais como uma desculpa para o jogador morrer incontáveis vezes – e ser obrigado a assistir ao loading. É possível recuperar sua vida/saúde olhando nos espelhos que ficam distribuídos em alguns cantos da mansão, e mesmo assim não é o suficiente para se sentir aliviado, o que penso ser uma escolha ruim em vez de dar ao jogador itens para sobreviver e reestabelecer a vida como curativos e afins.

Para quem é este jogo

Remothered: Tormented Fathers tem um público bem específico: amantes de Outlast e similares, os quais não oferecem uma forma do personagem se defender das ameaças mas apenas se esconder. Além disso, requer bastante paciência para andar lentamente pela mansão Felton, visto que 99% do jogo é feito disso (mesmo ao avançar na história), com mecânicas baseadas em stealth (se esgueirar) e tarefas onde você precisa andar lentamente por longas distâncias – que se parecem mais longas com o passar do tempo. Se você gosta de jogos onde precisa fugir de alguém e este provavelmente vai te matar diversas vezes, este jogo é para você. Particularmente sou mais apegado ao terror de sobrevivência, e tenho fortes esperanças de que o segundo jogo da franquia, anunciado para este ano de 2020, seja infinitamente mais variado e se arrisque em trazer mecânicas de combate. Acredito que isso seja bem possível e seja onde o jogo mais peca, já que sua história é extremamente cativante e deixa quem está jogando bem curioso.

Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida pela Darril Arts

Remothered: Tormented Fathers

4.5

Nota final

4.5/10

Prós

  • Ambientação excelente
  • História cativante
  • Personagens interessantes

Contras

  • Repetitivo
  • Longevidade superficial
  • Stealth limita a jogabilidade