RollerCoaster Tycoon 3 capa

Review RollerCoaster Tycoon 3: Complete Edition (Switch) – Gerencie mais uma vez

Quando eu era criança, um amigo do meu pai certa vez veio em casa e simplesmente instalou um jogo em nosso computador da época dizendo que a gente ia gostar muito. Foi assim que tive meu primeiro contato com a série RollerCoaster Tycoon – através do primeiro jogo -, e fiquei completamente maravilhado. Os únicos games com este tema em que pude colocar as mãos na infância foram os Theme Park e o Sim Theme Park, ambos de PS1, mas parecia que RollerCoaster Tycoon possuía algo diferente, um carisma especial.

Vários anos se passaram e a franquia decidiu se reinventar, passando de gráficos 2D para os tridimensionais. Isso irritou muitos fãs na época e consigo entender plenamente o quanto a jogabilidade em si muda quando jogos de gerenciamento e construção mudam para o plano 3D. Em meados de 2004 RollerCoaster Tycoon 3 dava as caras, sendo o primeiro título da franquia a adotar os polígonos como visual, afastando muitos amantes da série. Finalmente em 2020, simultaneamente o título ganhou um relançamento para PC e Switch num pacote que acompanha o produto base e seus dois conteúdos adicionais lançados denominado RollerCoaster Tycoon 3: Complete Edition.

Desenvolvimento: Frontier Developments
Distribuição: Frontier
Jogadores: 1
Gênero: Simulação, Gerenciamento
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: PC e Switch
Duração: Sem registros

Um nicho sem tanta atenção

Construindo seu próprio parque

Vamos ser francos, jogos de gerenciamento de parques de diversão são parte de um nicho absurdamente específico. Esse tipo de jogabilidade costuma exigir uma curva de aprendizado um pouco maior do que a comum para gêneros de plataforma, ação, etc. Talvez por isso hoje em dia não tenhamos tantos games neste segmento – porque não é o que faz sucesso entre a maioria -, sem falar que muitas vezes exige bastante leitura do manual. Mesmo assim, uma vez imerso nesse maravilhoso mundo de empreendimentos dentro do seu console de video game, o vício está a um passo de distância.

RollerCoaster Tycoon sempre me surpreendeu pelo seu nível de complexidade, mas uma complexidade que considero prazerosa. O terceiro jogo muda sim alguma aspectos em relação aos clássicos, porém ainda assim consegue manter a qualidade que a franquia sempre esbanjou. Nele, é possível desde construir e testar pistas numa câmera em 1ª pessoa para suas montanha-russas até controlar o preço de cada ponto de venda de alimentos, bebida e suvenires dentro de seu parque. Nem os banheiros estão fora dessa, e podem ser taxados para aumentar o lucro mensal. Isso mesmo que você leu, vamos abusar das necessidades fisiológicas dos visitantes! Afinal, alguém precisa pagar pela manutenção e a limpeza, certo?

Burocracias

Todo mapa da campanha possui objetivos iniciais, finais e opcionais a serem cumpridos. Cada qual possui um grupo de tarefas para realizar – o que recompensa o jogador com uma boa quantia de dinheiro uma vez que ele consegue dar duro para atingir as metas. São coisas bem diretas a serem feitas como trazer 600 visitantes para seu parque ou então fazer com que seu empreendimento consiga chegar em um valor X desde o início de sua abertura. Não o bastante, é necessário contratar funcionários para fazer o atendimento de postos de venda, pedir para mecânicos fazerem a manutenção dos brinquedos do parque e, principalmente, ter uma equipe de faxineiros para dar cabo da sujeira que os visitantes inevitavelmente farão. Aliás, lembre-se de posicionar vários latões de lixo por todo o local, e mande os faxineiros esvaziá-los periodicamente. Seus empregados começaram a ter o “nível de preguiça” elevado demais? Como no início dos anos 2000, chame eles de canto e os discipline para largarem a mão de “lenga lenga”.

Montanha-russa

Também é possível que sua equipe de pesquisadores esteja sempre em busca de criar novos brinquedos e atrações para o parque, chamando assim a atenção de novos visitantes. Fora isso, é possível fazer propaganda do parque para atrair novas pessoas, como criar campanha de brinquedos grátis por um período de tempo. A entrada destes brinquedos também é controlada e pode ser colocado um valor sob ela, mas consequentemente um preço abusivo afastará os clientes de lá. O maior desafio – ao mesmo tempo mais divertido – provavelmente é a criação de atrações que precisam de trilhos, como o monotrem e a própria montanha russa. Apesar de inicialmente complexo, uma vez que você pega o jeito fica maravilhosamente divertido construir os trajetos mais malucos possíveis, seja embaixo da terra ou em lugares bem altos com descidas de 90 graus.

Cansou dos brinquedos padrões de um parque de diversão genérico? Sem problemas, as expansões Soaked e Wild adicionam elementos temáticos. Enquanto o primeiro traz piscinas, tobogãs e outros brinquedos aquáticos com trajetos malucos que podem fazer seu cliente decolar no caminho para fora do brinquedo, Wild oferece opções que envolvem o tema safari, zoológico, estátuas gigantes de insetos e animais, e vários outros itens diretamente do mundo animalesco.

Funciona ainda hoje?

Visão em 1ª pessoa

Bom, pra ser bem honesto, RollerCoaster Tycoon 3 é um jogo com visuais bem feinhos em 2020, e isso pode facilmente incomodar. Acredite, mesmo sendo um jogo com mais de 10 anos nas costas, a versão do console da Nintendo tem downgrade de quadros por segundo, rodando em 30 fps contra 60 fps do PC. Mas isso não necessariamente é culpa do hardware, mas da maneira como o port foi feito já que a versão 2020 de PC não é diferente no quesito gráfico. Decisão questionável, mas ao menos são 30 fps “trancados”, sem oscilação.

Fora isso, minha maior crítica certamente é aos controles. Inicialmente é um pesadelo para entender como funcionam – coisa que no PC era bem mais intuitivo por causa do mouse. No Switch várias combinações de R e L juntamente a um botão de face ou direcional são usadas para navegar entre os menus dos brinquedos e escolher suas opções. Diria que o mapeamento dos botões e tudo mais não ficaram como algo muito natural, mas você pelo menos se acostuma e deixa de ser um problema tão grande depois de alguns bons minutos.

Porém, a adaptação parece ter sido bem dificultosa de se fazer e não completamente pensada para o Switch, então é notório o fato de que alguns ícones são pequenos demais para a tela do console no modo portátil e a navegação dentro de menus não é tão bacana. Bom, ao menos podemos ter esse jogo na palma da mão! Não é para isso que o Switch é feito? De qualquer forma, o estilo de controles e visuais datados demais podem ser sofridos para mais exigentes. Mas veja bem, a versão 2020 não se propôs a ser um remaster ou algo do tipo, mas sim um pacote completo com tudo que havia sido lançado para o produto base posteriormente.

Um clássico de volta

RollerCoaster Tycoon 3 ainda se sustenta bem nos dias de hoje, mesmo existindo jogos concorrentes mais bonitos até mesmo debaixo do guarda-chuva da mesma empresa. Por mais que seja visualmente bem feio, a diversão que ele proporciona ainda é incrível atualmente, e tem sabor do início dos anos 2000 misturado com nostalgia e horas sentado na frente do PC com uma cadeirinha giratória com assento de pano.

Com as duas expansões que acompanham esse pacote Complete Edition, não tem erro: serão horas e mais horas de diversão. Além disso, o modo história é bastante longo e existente em cada um dos conteúdos extras, além da opção sandbox que torna seu jogo infinito ser a tacada de mestre para dar uma excelente longevidade a este tipo de gameplay de gerenciamento. Para mim, é um prazer novamente voltar ao mundo de RollerCoaster Tycoon.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Bia Bock

RollerCoaster Tycoon 3: Complete Edition

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Ainda funciona bem
  • Conteúdo imenso
  • Modo livre/sandbox
  • Construir é divertido

Contras

  • Controles não muito bons
  • Tutorial não intuitivo
  • Sem português