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Review Rustler (PS4) – Uma aventura medieval moderna

Para falar de Rustler, antes GTA deverá ser mencionado. Quando essa franquia polêmica é colocada em pauta, é difícil não pensar em San Andreas, Vice City e no quinto jogo da franquia. Esses são os títulos que normalmente não perdem elogios na roda, contudo, é o primeiríssimo Grand Theft Auto que terei de citar aqui. 

Lançado em 1998, o game era muito diferente do que conhecemos hoje em dia, pois utilizava de um posicionamento de câmera top-down, ou seja, toda ação era vista de cima. Extremamente polêmico pela irregular decisão de colocar no papel principal um criminoso que podia matar, roubar carros e outras bandidagens, GTA superou as críticas e foi um sucesso, e hoje vivenciamos anseios para quando o próximo será anunciado. Caso não o tenha jogado, não se preocupe, pois Rustler é uma personificação do clássico título em uma outra era – mas que não perde sua modernidade.

Desenvolvimento: Jutsu Games

Distribuição: Modus Games LLC

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura

Classificação: 18 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, Switch

Duração: 7 horas (100%)

Garoto difícil

Rustler é ambientado na era medieval, e aqui entramos na pele de Guy, um plebeu arruaceiro e gângster. Como todo mal garoto, ele não se importa com nada além de dinheiro. Levando isso em conta, é pertinente pontuar que, caso espere um personagem profundo, complexo e com um desenvolvimento reflexivo, aqui é o último lugar que você o irá encontrar. Guy é o típico personagem resmungão e sem paciência com tudo, mas que é burro igual a uma porta. Isso é ruim? No geral não, até porque esse gênio forte complementa bem a temática de Rustler.

Após uma variedade de missões e encontros, Buddy, o amigo de Guy, tem a ideia genial de competir em um torneio nobre pela mão da princesa. A partir daqui, acredito que o resto seria spoiler, mas espere por muitas reviravoltas e referências, principalmente nas missões secundárias. Missões estas que, para mim, são o aspecto mais fenomenal de Rustler, porque nelas Guy interage com as pessoas mais estranhas do reino e, visto que seu jeito de ser não é um dos melhores, as conclusões desses encontros são insubstituíveis. As referências encontradas nessas missões também são um show, sendo elas de questões discutidas sobre a Terra atualmente, de obras de cinema e outras maluquices.

A árvore de melhorias disponíveis para Guy.

Ao completar as missões e outros afazeres melhores discutidos à frente, Guy recebe pontos de habilidade que permitem algumas melhorias no personagem, como já era esperado. Essa função me pegou de surpresa, mas ela existe e nem tudo na árvore de habilidades é incrivelmente utilizável. Algumas poderiam fazer parte do kit do personagem, como por exemplo, poder pegar itens enquanto está montado.

Grande roubo de… cavalos?

A Era Medieval é muito representada em obras cinematográficas e na indústria dos jogos. Rustler não é muito diferente dos demais, porém, é a mais distinta das que já encontrei pelas suas particularidades. Então, de forma prática, ainda existem princesas chatas, pobreza, intolerância religiosa e tudo o que é usualmente visto na Idade Média. Porém, seria estritamente fácil afirmar que é só imaginar tudo dos tempos atuais, só que em mundo mais antigo – mas há menções que precisam ser feitas.

Assim como os cavalos são como os carros, os bardos são os rádios e os guardas reais são a polícia – com sirene e tudo mais -, cada aspecto da atualidade é bem representado em Rustler. É sério: cada coisa mínima que você imaginar, até mesmo o FBI, está no jogo. Essa brincadeira e criatividade de revitalizar a Era Medieval com essas atribuições atuais é um ponto de divertimento surpreendente, pois conseguem explicar tudo de forma que se encaixa naquela época. Por exemplo, o FBI aqui é o Federal Bureau of Inquisition (Departamento Federal de Inquisição, em tradução livre), um bando de padres que cuidam de questões heréticas. 

Na Idade Média, Terraplanismo é aceita, e ainda é hoje em dia.

A única coisa que não muda são as pessoas. Não me leve a mal, inteligência é algo raro nas duas eras, mas aqui faz parecer que é muito mais. Isso se dá por conta da IA, literalmente, de todos os personagens de Rustler. A polícia… digo, a guarda real, fica em muitos momentos presa correndo na parede ou senão correm em círculos quando estão em combate. Os civis andam na rua como se fossem invencíveis e, ao atropelar eles, o nível de procurado inicia, sendo uma pequena dor de cabeça. Porém, o pior de todos, são os NPCs em missões. Eles não evitam a morte, vão para o lago e morrem afogados, ficam colados em inimigos e, quando precisam correr, se embaralham em tudo que vêem pela frente, me fazendo fracassar em muitas missões.

Bagunçando o reino

Famoso MMA (Artes Marciais Medievais).

O reino sem nome, pelo qual vagamos, possui algumas ilegalidades e, como Guy é o bandido que é, todas elas estão disponíveis para seu proveito. Removendo as clássicas lutas em gaiolas e as corridas de cavalo, é possível também matar pessoas e levar seus corpos para o coveiro para, então, receber uma quantia de dinheiro. Além disso, é “permitido” atirar pelo reino vacas e inimigos utilizando uma catapulta, apenas pelo puro caos. Contudo, obviamente que tudo isso terá uma consequência, sendo ela a perseguição pela guarda. 

Guy provém de armas clássicas da idade média como espadas, lanças, machados, escudos e bestas. Além do mais, é possível trocar de roupa e colocar armaduras. As roupas não mudam muita coisa, mas, às vezes, habilitam gestos de acordo com seu uso. Quando o direcional para baixo é pressionado, Guy peida e arrota, entretanto, caso esteja usando uma roupa de morte, ele pode assustar os NPCs.

Focalizando um pouco mais no reino em si, ele é grande e apresenta um visual que pode ser aceitável pela proposta de Rustler. Espalhados por ele, há casas que podem ser adquiridas e que costumam dar itens específicos. Por exemplo, uma residência em uma região rica da cidade acumula ouro por hora, enquanto outra disponibiliza variedades de roupas e cavalos. Fora isso, há colecionáveis como as ferraduras que, ao serem coletadas dão pontos de habilidades. Esses aspectos ampliam o tempo do jogo e instigam a explorar o reino com mais atenção.

Reimaginando os ladrões de carros

Rustler é a personificação da atualidade na Idade Média de forma completa e interessante, pois grande parte do acervo de missões brinca com essa ideia de forma criativa. Mesmo sendo esta a sua proposta, é surpreendente que tenha dado certo nesse quesito. Por outro lado, Guy pode não ser um Arthur Morgan da vida, mas com certeza sua escolha não é um pecado para a ideia que colocaram no papel. Tirando as questões com a IA dos NPCs, Rustler é um título necessário para os fãs dos clássicos GTA, mas, caso não curta o estilo de câmera ou seja hater da franquia, a recomendação ainda é válida.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Rustler

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Adesão do mundo atual ao medieval
  • Criativo
  • História e missões secundárias
  • Diferentes formas de causar no reino

Contras

  • IA com muitos parafusos a menos