Skul: The Hero Slayer

Review Skul: The Hero Slayer (PC) – Caçando heróis repetidamente

Skul: The Hero Slayer é um Roguelike de ação em 2D que nos coloca sob a pel… digo, os ossos de um esqueleto chamado Skul que se vê no meio de uma guerra entre o Rei Demônio e os Heróis de Carleon, em que precisamos ajudar o primeiro – sim, somos os “vilões”. Como muitos jogos semelhantes, sempre há uma preocupação sobre repetição de iniciar toda jornada do zero sem itens e apenas com o aprendizado, pois cria-se uma linha tênue entre fator replay absurdo e jogabilidade maçante. Por sorte – ou simplesmente criatividade -, Skul apresenta uma mecânica em que essa preocupação pode ser inexistente, mas será que ela realmente funciona?

Desenvolvimento: SouthPaw Games

Distribuição: NEOWIZ

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação

Classificação: 10 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC

Duração: 20 horas (campanha)/21 horas (100%)

Se o crânio servir

A grande cereja do bolo de Skul: The Hero Slayer é a possibilidade de trocar de crânios. Veja bem, Skul é um guerreiro pequeno e não muito habilidoso, portanto, ele recebe a habilidade de trocar seu crânio com guerreiros poderosos que já perderam no campo de batalha – se a carapuça servir, use! São diversas as possibilidades, mas só podemos carregar duas cabeças. Essa mudança é genial, pois cada run pode ser feita com diferentes tipos de esqueletos. Ninja, Mago, Lanceiro, Cavaleiro e Motoqueiro Fantasma são exemplos de crânios que podem ser encontrados, mas infelizmente, não são o suficiente para exterminar a repetitividade.

Em um primeiro momento, essa mudança de personagens com diferentes habilidades e mecânicas me encheram os olhos de emoção. Tudo parece extremamente maravilhoso nas primeiras tentativas, porém, nem mesmo essa mudança de crânios segura a barra quando já conhecemos todas as cabeças comuns. Mesmo sendo possível aumentar o nível destas, isso não amplia muito os ânimos e é algo difícil de se fazer no início. 

Um ponto positivo nessa mecânica de Skul: The Hero Slayer está interligado entre as referências existentes nas caveiras. Podemos jogar com personagens já conhecidos como Guerreiro (Kratos, de God of War), Prisioneiro (Dead Cells) ou o Gênio (Aladdin). Normalmente, esses personagens tão queridos possuem a classificação de raro ou lendário, então é extremamente difícil encontrá-los, mas, quando achados, colocam os ânimos lá em cima e facilitam muito a vida do jogador.

Floresta do Desafio

Cada fase de Skul: The Hero Slayer é divida entre 3 sub-fases com direito a um mini boss e um boss final. Para conseguir avançar é necessário matar todos os inimigos, que podem chegar a dezenas facilmente. Contudo, uma boa estratégia pode derrotar todos, apenas colocando-os em fileiras e batendo em “geral”. Mesmo com essa possibilidade, na maior parte do tempo, o jogador vai se encontrar fuzilando o botão de ataque. 

Muitos inimigos resistentes encontrando uma pequena caveira.

Os inimigos são muito resistentes e possuem valores altos de vitalidade, sendo preciso ficar apertando repetidas vezes o mesmo botão – isso me causou dores no polegar depois de 3 dias jogando, tanto no controle quanto no teclado. Além do mais, Skul é bem fraco de início, mesmo possuindo um crânio diferente. O grande diferencial nessa questão são os itens pegos aleatoriamente em cada final de fase – ou na loja. Eles fazem um upgrade modesto em Skul, facilitando as batalhas, mas ainda há necessidade de sempre apertar inúmeras vezes o botão de ataque para derrotar cada inimigo.

Há também a opção de fazer melhorias utilizando o Quartzo Negro, porém, elas só fazem diferença depois de quantidades exorbitantes gastas. A Bruxa é um dos NPCs responsáveis pelas melhorias em Skul, mas outros podem ser libertados durante a jornada e aparecem no castelo do Rei Demônio, onde é o nosso ponto de partida. A curva de aprimoramento é muito lenta e desgasta quem joga, tendo que repetir múltiplas vezes a primeira fase, cujo processo lembra um pouco a Floresta do Desafio de Grand Chase, o que acabou estragando minha memória afetiva.

Não me levem a mal, os cenários são bonitos, mas são chatos e sem emoção. Por mais que sejam feitos aleatoriamente, os locais nunca parecem mudar muito. Toda essa sensação maçante é ampliada com trilhas sonoras sem graça que, pela repetição, se tornam impossíveis de continuar escutando. Por sorte, algumas vezes o silêncio reinava nas batalhas ou, senão, eu retirava o fone. 

Jogando com um vilão

Skul: The Hero Slayer apresenta uma novidade que anima ao colocar diferentes formas de agir e jogar. A mecânica da troca de crânios é interessantíssima ao ponto de iludir que cada run será versátil, contudo, ela não consegue superar a repetição massiva. O maior erro que um Roguelike não pode cometer – em minha visão – é entregar um combate tedioso. O que transforma essa experiência em algo duvidoso se inicia na primeira fase, onde inimigos são resistentes e Skul é muito fraco. Tendo isso em vista, o jogador é obrigado a fazer com que botões sejam esmagados por muitos minutos – cuidado com o LER -,  e que o mesmo se questione se quer passar por isso novamente. Nem mesmo os crânios lendários salvam, pois, mesmo sendo divertidos, são extremamente difíceis de conseguir.

Por fim, nenhum outro ponto se destaca, os cenários são belos – só porque sou apaixonado por pixel art – mas mesmo assim não trazem o melhor do que há neste meio. As trilhas sonoras parecem desconexas, não se encaixando bem e, às vezes, ficam mudas sem nenhuma razão – só não consigo decidir se é positivo ou negativo. Parte do enredo é bom, colocando uma perspectiva diferente de outros jogos, mas é apenas isso, com momentos melancólicos e dramáticos sem nenhum peso. Portanto, Skul: The Hero Slayer é recomendado para amantes de Roguelike que possuam dedos calejados e vontade bruta em avançar até o final. Para os demais, algo como Dead Cells é uma aposta melhor.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Skul: The Hero Slayer

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Mecânica criativa
  • Referências

Contras

  • Combate extremamente repetitivo
  • Trilha sonora enjoativa
  • Upgrades demoram a acontecer
  • Enredo fraco