Stranger of Paradise Final Fantasy Origins é um RPG de ação inspirado nos eventos do primeiríssimo jogo da franquia, criado através de uma colaboração entre os desenvolvedores da Square Enix e da Team Ninja, uma divisão da Koei Tecmo. A jogabilidade é incrível, mas é prejudicada por uma quantidade excessiva de problemas técnicos.
Desenvolvimento: Square Enix, Team Ninja, Koei Tecmo
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1-3 (local e online)
Gênero: RPG, Ação, Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 18 horas (campanha)/50 horas (100%)
Matar Chaos, e nada além disso
A narrativa de Stranger of Paradise não foge do melodramático característico da franquia, embora seja menos coerente do que o usual. Assumimos o papel de Jack, um personagem irritado que tem uma única motivação: matar Chaos. O herói se une a outras pessoas que também sentem o mesmo desejo inexplicável de matar Chaos. A aventura pode ser jogada em single player ou com mais dois jogadores, por meio do modo online – que não funciona corretamente devido ao lag extremo que ocorre durante as partidas.
Mas quem é Chaos? A campanha é uma viagem pelo mundo que rodeia Cornelia e uma jornada de determinação e superação para descobrir o que o inimigo realmente é. Com constantes interrogações, diálogos toscos e reviravoltas surpreendentes, a história é apresentada sem tradução alguma para português, em cenas com uma qualidade técnica péssima, com diversas falhas visuais e artefatos de compressão de vídeo.
O que não decepciona é a trilha sonora, a constante de excelência da franquia da Square. As músicas orquestradas e inspiradas pelo primeiro FF tem elementos até de nu metal, combinando com a jornada de Jack, que é frustrante por conta do design de mapas labiríntico.
Performance caótica
É difícil de acreditar que Stranger of Paradise tenha sido lançado no ano passado para consoles de última geração, porque o jogo apresenta gráficos semelhantes a um título de PlayStation 3. Os visuais são inconsistentes, com modelos bem feitos e uma ambientação pobre, sem detalhes e repleta de texturas em baixa resolução. Os filtros anti-aliasing empregados pelo jogo são inúteis, e resultam uma imagem totalmente arruinada por serrilhados.
Mesmo após meses de atualizações, a versão de PC é lamentável. Além de travamentos, as lutas são prejudicadas por quedas bruscas na taxa de quadros quando há muitos efeitos de partículas na tela, o que acontece durante todos os confrontos do jogo. O suporte ao ultrawide não funciona adequadamente, pois inclui barras pretas em momentos aleatórios da jogatina, tapando informações importantes da interface.
Combate incrível
Aprender o combate de Stranger of Paradise é uma tarefa complicada, visto que o jogo não dá tempo suficiente para que os tutoriais sejam lidos e compreendidos, já que a partida não é pausada nesses momentos. No entanto, as mecânicas são excelentes, com a competência da Team Ninja no gênero brilhando mais do que os outros pontos negativos do título.
Os confrontos adotam a filosofia de design popularizada por Dark Souls. Porém, os produtores se preocuparam em entregar uma experiência acessível, com opções que abrangem quem deseja curtir a história até aqueles que gostam de batalhas extremamente desafiadoras. Independentemente da dificuldade optada, é preciso entender como os oponentes se comportam para conseguir suceder, adotando sempre a função correta para cada adversário.
O jogo possui 28 classes disponíveis que podem ser alteradas a todo momento, com habilidades únicas que garantem uma jogabilidade que nunca fica repetitiva. O problema é o esquema de controles do jogo, que é pouco intuitivo e que não pode ser livremente alterado. Por conta disso, as batalhas acabam fluindo de uma forma muito mais satisfatória no mouse e no teclado, que recebeu uma boa adaptação por parte dos responsáveis.
A progressão é simples, já que é fácil achar novos equipamentos e aprimorar as classes. Contudo, o gerenciamento de itens é péssimo, pois inimigos dão muitos objetos duplicados, apenas com um nível maior ou atributo diferente. Além disso, há um limite de 600 materiais no inventário, alcançado com rapidez no decorrer de uma missão normal do jogo, fazendo com que os armamentos verdadeiramente importantes sejam perdidos no caminho.
Perplexante
Stranger of Paradise Final Fantasy Origins é um RPG confuso e bagunçado, cujo único ponto positivo é o seu excelente sistema de combate. O jogo teria sido ótimo se tivesse um desenho de fases menos repetitivo e uma narrativa compreensível, além de um estado técnico aceitável. Do jeito que é hoje, o game é um grande exemplo de um potencial alto, mas que foi incrivelmente desperdiçado.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno