Lançado em 19 de julho, Stray traz consigo uma aventura em um mundo distópico e um gato como protagonista, cuja jornada é acompanhada de perto com o auxílio de companheiros carismáticos e muito coração.
Desenvolvimento: Blue 12 Studios
Distribuição: Annapurna Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5
Duração: 5 horas (campanha)/9 horas (100%)
Uma jornada para a superfície
Stray acompanha as aventuras de um gatinho selvagem que cai acidentalmente em um setor do esgoto de uma cidade subterrânea, construída pelos humanos como última tentativa de sobrevivência após a atmosfera na superfície se tornar inabitável devido ao descarte de lixo desenfreado e os efeitos que esse processo causou.
Ao passar pelo esgoto, o felino segue câmeras, luzes e letreiros eletrônicos que o levam até a parte habitada pelo subterrâneo, onde conhece B12, um robozinho autômato cujas memórias foram perdidas. Juntos, o gato e B12 devem explorar o subterrâneo, buscando a ajuda dos habitantes dali para que possam encontrar uma forma de chegar até a superfície.
A cidade subterrânea é totalmente habitada por robôs. Chamados de Companions, esses robôs foram, em um passado distante, companheiros dos humanos. Sozinhos agora, os robôs vivem em uma sociedade que simula a vida humana, desde atividades e atribuições de cada um até personalidades e modo de se vestir.
Descobrir os segredos de Stray é a parte mais charmosa da história, que tem um ritmo bastante agradável e está a todo momento trazendo respostas e elucidando o mundo e seus personagens para o jogador.
Embora sejam máquinas, os robôs sencientes do jogo conseguem ser bastante carismáticos graças ao design visual de cada um deles. Eles expressam sentimentos não apenas por meio das telinhas e visores que funcionam como seus rostos, mas também por seus gestos, vestimentas e acessórios.
Tábuas, barris e caixas para se esconder
A dinâmica da jogabilidade em Stray envolve a exploração dos cenários para a aquisição de itens críticos para progredir e a solução de quebra-cabeças, que se integram nos momentos de exploração de forma orgânica.
Os quebra-cabeças são simples e intuitivos, e muitos deles fazem bom uso do protagonista felino pois são facilmente resolvidos a partir do princípio de “gato fazendo ‘gatice’ “. Derrubar uma tábua para criar uma passagem entre vãos, derrubar latas de tinta para distrair NPCs e abrir passagem para uma nova área e arranhar uma porta para conseguir entrar em um local específico, são exemplos perfeitos do que o jogo oferece.
Stray traz também momentos de plataforma, que utilizam bem a agilidade felina do protagonista de pêlos alaranjados. Entretanto, saltar em cadeiras, prateleiras, sofás, dutos de ventilação, e tantos outros objetos do cenário, é uma ação feita automaticamente ao segurar X. Nesse aspecto, os saltos são mais uma interação com o cenário do que um desafio em si.
Parasitas comedores de lixo
O “inimigo” em Stray se chama Zurks, uma espécie de parasita devoradora de lixo que evoluiu e agora ameaça a existência dos robôs e do gatinho no subterrâneo. Os Zurks atacam em grupo e têm preferência por ambientes escuros.
A presença dos parasitas é uma forma de trazer um aspecto de desafio para o jogo. Há dois tipos de momento distintos em que eles aparecem: durante a exploração e em menor quantidade, sendo parte de um quebra-cabeça no ambiente; e em momentos de perigo em que o gato e B12 devem alcançar um local específico do subterrâneo para progredir na história sendo que, dessa forma, a quantia imensa de Zurks nos espaços apertados que os dois amigos transitam exige que o felino tenha sebo nas canelas e corra por suas vidas sem olhar para trás.
Visualmente, os Zurks causam desconforto por serem naturalmente nojentos. Há um determinado ponto no jogo que a presença desses seres é potencializada com ninhos acompanhados de figuras grotescas no formato de olhos. Isso é desconfortante, no mínimo, mas é um visual bastante oposto à agradabilidade e segurança que passam os robôs na cidade.
Que gatinho bonito
Stray traz um visual riquíssimo em detalhes. Sabendo que os cenários seriam tão protagonistas quanto o próprio gato, os desenvolvedores capricharam no nível de detalhes, elementos de composição dos ambientes e no design dos personagens. Explorar a favela, os telhados e os interiores das residências ali mostram um nível de fidelidade gráfica admirável para um jogo indie.
O gatinho protagonista é o astro principal. A animação de seus movimentos e interação com elementos do cenário é muito convincente. Seja pulando, caminhando, dormindo, espreguiçando, brincando com bolinhas, se escondendo em caixas de papelão ou enfiando a cabeça em sacos de papel, cada ação do felino reflete toda agilidade, preguiça, inocência e curiosidade encontradas nos animaizinhos da vida real.
É preciso dar grande destaque também para as animações aplicadas nos personagens. Como mencionado anteriormente, a personalidade e o carisma dos robôs passam muito pela gesticulação e design visual de cada um.
Embora consiga ser eficiente e competente nas animações, Stray não está livre de detalhes que mereciam mais cuidado e polimento. O jogo não conta com animações para subir e descer escadas, e algumas transições entre pulos podem ser bruscas. Enfim, são detalhes, e apenas detalhes.
Coração cheio
Stray é uma aventura de muito coração, repleta de carisma e “fofurices” graças ao gatinho protagonista e aos personagens secundários encontrados durante a aventura; em um mundo cuja construção visual é rica, o que potencializa os mistérios e segredos contidos em cada canto dos cenários.
Revisão: Jason Ming Hong