Durante a infância, guardar dentro de si o impulso tentador de simplesmente colocar seu peso inteiro sob o carrinho e dar partida pelos longos e cintilantes corredores do mercado era uma tarefa difícil, principalmente para aqueles que cresceram assistindo Jackass e que tinham a obrigação familiar de acompanhar os pais durante as longas idas às compras. Em Supermarket Shriek a ideia é finalmente libertar esse desejo aprisionado por tantos anos. Mas será que ele sustenta toda essa ideia de brincadeira com carrinhos?
Desenvolvimento: Billy Goat Entertainment
Distribuição: PQube
Jogadores: 1-4 (Local)
Gênero: Corrida, Multiplayer
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, Xbox One, PS4 e PC
Duração: Sem registros
Um amigo inesperado
Em Supermarket Shriek, o jogador controla um personagem que tem como companheira uma cabra. Ambos controlam o veículo a base de gritos (literalmente um uníssono de berros animais e humanos misturados), fazendo com que se torne difícil e imprecisa a movimentação dos personagens. Cada um controla um lado do carrinho, o homem no lado esquerdo e seu “amigo” no lado direito. Contudo, com dois jogadores, a movimentação passa a ser totalmente impossível, tornando a experiência de jogar com alguém uma tentativa frustrante e pouco divertida. Se com apenas dois jogadores a tentativa é essencialmente fracassada, acima desse número de pessoas tudo se torna de todo modo impensável.
É apresentado a nós um fator comédia logo de início – que não se sustenta. A medida em que o jogador vai avançando vão sendo desbloqueados chapéus para incrementar o personagem e eles não fazem o jogo ficar mais divertido ou engraçado. Em Supermarket Shriek ambos os protagonistas tem como objetivo entrar em tipos de lojas diferentes e acelerar o máximo contra o tempo para alcançar o caixa. Esses mercados fazem referências a franquias já existentes nos Estados Unidos, tais como Best Buy, Target e Whole.
Você só entra no mercado para fazer compras às vezes
Dentre as várias atividades possíveis dentro do ambiente de um supermercado – pesquisar preços, ver as promoções, comprar o que precisar ou simplesmente dar uma volta, nenhuma se apresenta como realizável durante a gameplay. O jogador tem até a obrigação de comprar alguns itens como batata chips, achocolatado ou detergente, por exemplo, mas o jogo se concentra principalmente na corrida contra o tempo por diversos obstáculos e no duelo contra carros de controle remoto.
Por existirem poucas tarefas a se fazer, logo tudo se torna repetitivo e enjoativo. Ainda assim, mesmo com fator replay que te possibilita jogar quantas vezes quiser até alcançar três estrelas em todos os níveis, a pontuação máxima não é necessária para prosseguir com a jogatina (mesmo que seja aconselhável não deixar muitas estrelas para trás e posteriormente ter que voltar muitos níveis por não ter conseguido pontos suficientes).
Algo está faltando
O jogo em si parece ter algo faltando. Para aprender a jogar, foi necessário utilizar o modo auto escola, já que sem ele seria quase impossível descobrir todas as peripécias que o carrinho de supermercado pode fazer. Outra coisa que pode ser incômoda é o fator da customização que se limita a troca de chapéus para os personagens. Na verdade, deveriam existir mais opções de acessórios para o seu veículo – mesmo que apenas pinturas em cores diferentes – visto que o diferencial do jogo é controlar justamente um carrinho de supermercado.
A trilha sonora é quase imperceptível e toca somente uma mesma música. Enquanto se joga, os níveis te presenteiam com os mesmos efeitos sonoros e uma melodia regada aos gritos dos personagens. Além disso, não existe nenhuma cutscene inicial para contexto da narrativa. O jogador é logo empurrado na rua por um ônibus, que permite a navegação mais rápida entre as ruas, e de imediato começa uma odisseia entre os níveis – sendo até possível entrar em algumas lojas ali presentes.
É um party game?
Não, essa é definitivamente uma tentativa de um “jogo de galera” frustrada. A experiência só é plenamente satisfatória para um jogador e pode até ser divertida em alguns momentos se ele mesmo levar em conta o caráter de jogo casual, tanto pela dificuldade média quanto pelos controles propositalmente confusos. Em um encontro de amigos ou até mesmo para jogar com a família o ideal é que cada um jogue por vez e não em conjunto, já que se divertir com mais pessoas é uma experiência difícil e frustrante dentro do jogo.
O jogo não tem história, pode ser repetitivo e só serve para um jogador. Logo, se você busca por um cooperativo de sofá, Supermarket Shriek definitivamente não é a melhor opção mesmo se o jogador estiver procurando por algo com temática diferente.
Esta review foi feita com uma cópia cedida pelos produtores
Revisado por Bia Bock e Jason Ming Hong