Antes de falar do título em si, acho legal a gente vislumbrar um pouco de todo esse cenário que trouxe o jogo pro ocidente. A máquina vermelha, a China socialista conseguiu um nível de produção de basicamente tudo numa escala gigante, e não seria diferente no mundo dos games: a febre Genshin Impact é de uma desenvolvedora chinesa, assim como Naraka: Blade Point e o aguardado Wukong.

Sword and Fairy: Together Forever é mais um desses jogos da terra do chá Oolong bem produzidos. O game chega ao ocidente durante a maior explosão de produtos asiáticos já vista. Temos séries e novelas, músicas da Coreia do Sul no nosso dia – querendo ou não. Os japoneses vem emplacando sucessos nos videogames e nas animações desde a década de noventa, e os Chineses vem com filmes, novelas e agora jogos que, tendo algum deles as mesmas temáticas de Sword and Fairy ajudaram muito a propagar a obra.

Um RPG de ação muito bem polido, com gráficos lindos e uma ambientação bonita de matar, Sword and Fairy promete se consolidar como um dos bons títulos do gênero, mesmo já sendo o sétimo da franquia, e isso não atrapalha em nada. O jogo nos proporciona boas experiências, mas será que ele é uma boa porta de entrada para o mundo dos games vindos daquele enorme país?

Desenvolvimento: Softstar
Distribuição: E-Home Entertainment Development Co., Ltd
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, RPG
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X/S, PC, PS4, PS5
Duração: 23 horas (campanha)/33 horas (100%)

O que é Sword and Fairy?

O jogo é uma fantasia que aparentemente se passa na China, em algum tempo remoto e cheio de fantasia, o que qualifica o título como uma obra de Xianxia.Podemos dizer que é um subgênero da Wuxia (Histórias de cavaleiros marciais), com pitadas cavalares de sobrenatural, taoísmo, cultivação de chi, seres de outros mundos, magia e etc.

Acho que muita gente já deve ter assistido ao premiado filme O Tigre e o Dragão (2000) ou a Herói (2003), logo devem lembrar daquelas batalhas em que os heróis marciais voam pelos ares e trocam golpes impossíveis com habilidades além da comum. Se colocarem esses elementos mais sobrenaturais, temos o que experimentamos em Sword and Fairy: um universo onde lutadores marciais pulam e levitam, e ainda tem o bônus de serem versados em magia, lutas contra seres de outro mundo e afins. Sendo sincero, talvez por se tratar de um jogo, a obra seja uma boa porta de entrada para esse gênero da ficção.

Era uma vez uma maçã…

Contamos com uma narrativa decente aos moldes asiáticos.

É possível jogar Sword and Fairy: Together Forever sem nunca termos tocados nos outros episódios da franquia? Sim, o jogo é como um capítulo que não precisa dos outros. A história, segue um deus caído na terra após uma falha em sua missão absurda num reino infernal. Seu destino está então ligado ao último membro de um clã de invocadores caídos. Descobrimos as andanças dos dois protagonistas de forma muito fluida e até bem natural. Aqui nosso objetivo é salvar o mundo em uma trama clássica e onde falta criatividade de escrita.

A tradução excessivamente literal para o inglês não ajuda, mas tem o mérito de permanecer compreensível ao longo do título, apesar de erros aqui e ali. Contudo, confesso que isso somado ao fato do jogo não ser dublado em Inglês, nem ao menos em Japonês – com quem o público gamer já tem uma certa aproximação – pode e vai atrapalhar vários players em potencial.

Como o sétimo título da saga, o jogo certamente contém fan service. Mas continua acessível a novos jogadores. Um novato não está totalmente perdido e pode até se beneficiar de um glossário que descreve o mundo e os personagens, bem como as histórias dos lançamentos anteriores. Além da missão principal, o título está repleto de missões secundárias. Eles não são necessariamente emocionantes e geralmente se resumem a seguir instruções e matar monstros, mas são surpreendentemente gostosinhas de serem feitas.

Por exemplo: O jogo possui um jogo de cartas que pode facilmente comer seu tempo, a exploração é gostosa, o sistema de crafting e de forja não são dos piores. Isso não é o pilar do jogo, já que este obviamente é seu combate pitoresco, essas coisas são secundárias, mas devem agradar o consumidor que quer um descanso entre uma batalha e outra.

Descendo a espada

Ótimo sistema de combate — O sistema de batalha do jogo é seu diferencial.

Não sei se podemos colocar a sétima obra da saga Sword and Fairy na mesma prateleira dos RPGs de ação que já temos, já que ele tem lá suas peculiaridades. Há muitas lutas em Sword and Fairy: Together Forever. O jogo varia as situações, no entanto, adicionando passagens de infiltração e partes de plataforma bem divertidas, mas o permanece no centro da jogabilidade são as batalhas que beiram o hack ‘n’ slash.

Em tempo real, encarnamos um dos quatro protagonistas com a possibilidade de passar de um para o outro. Os aliados são então controlados por uma inteligência artificial que não é tão burra. Eles não hesitam em usar movimentos especiais contra os monstros engatilhando pelas belíssimas animações, portanto, regularmente voltamos nas lutas eletrizantes com prazer. Especialmente porque cada um dos quatro personagens tem seus próprios ataques e feitiços; a jogabilidade é bem gostosa e é fácil de alternar regularmente entre cada um dos heróis marciais quase imortais.

O caminho do Dao

Sword and Fairy: Together Forever é, em última análise, um jogo estranho. Ele não é necessariamente o melhor representante da fantasia chinesa (Xianxia), mas está longe de ser o pior. Ele se beneficia principalmente de sua “originalidade”, já que o gênero está sub-representado entre nós.

Dependendo do que você procura, Sword and Fairy pode ser um dos seus jogos favoritos. Ele não está num nível FF 7 Remake ou Plage Tale, mas ainda assim é magnífico graficamente, tanto no Series S quanto no X. A falta de diversidade das missões secundárias é ao menos compensada por um divertido jogo de cartas e personagens bem carismáticos equilibram com a história clichê e pouco aprofundada.

Num mundo globalizado onde temos novels como Mo Dao Zu Shi, filmes tipo o horroroso remake de Mulan e vários dramas e novelas que tratam de temas parecidos com os que vemos em Sword and Fairy, o jogo tem tudo pra se sair bem.

Cópia de Xbox Series cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno