Assim como o primeiro System Shock recebeu uma nova versão, retrabalhada e atualizada para as plataformas atuais pelas mãos dos talentosos desenvolvedores da Nightdive Studios, System Shock 2: 25th Anniversary Remaster chega aos consoles após um pequeno adiamento, como uma remasterização em comemoração aos 25 anos do lançamento da versão original. Portanto, caso você tenha gostado do remake do primeiro jogo ou já seja um fã de longa data da franquia (e bota longa nisso), mais uma vez será possível se aventurar pelos corredores de uma nave espacial enquanto enfrenta uma nova ameaça.
Desenvolvimento: Nightdive Studios
Distribuição: Nightdive Studios
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, aventura, RPG
Classificação: 16 anos (violência extrema, drogas lícitas, linguagem Imprópria)
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 13 horas (campanha)/22 horas (100%)
No lugar certo, na hora errada
Se passando 42 anos após os acontecimentos do primeiro jogo – no qual uma IA com complexo de deus chamada SHODAN toma o controle de toda uma estação espacial e mata quase todos os seres humanos a bordo, sendo destruída pelo protagonista ao final -, System Shock 2 nos coloca no papel de um soldado recém-recrutado pela UNN (United Nations Nominate), a bordo da Von Braun, a primeira nave de viagem interestelar da humanidade, que está sendo acompanhada pela nave militar Rickenbacker.
Mas é claro que algo teria que dar errado, não é mesmo? O que deveria ser uma missão tranquila se transforma em um pesadelo quando acordamos de um sono criogênico e nos deparamos com uma nave praticamente deserta, repleta de robôs descontrolados e tripulantes mortos ou transformados em monstros bizarros por uma entidade misteriosa. Não sabemos sua origem, apenas ouvimos sua voz em nossas cabeças.
Logo após despertarmos, somos contatados pela doutora Janice Polito, que nos orienta por meio de transmissões ao longo da campanha, ajudando-nos a sobreviver e entender o que está acontecendo, além de definir nossos objetivos para derrotar essa entidade. No entanto, ao finalmente encontrarmos a doutora Polito, somos surpreendidos por uma revelação que deixará os fãs do primeiro jogo bastante impactados – um momento verdadeiramente memorável.
Explorando um ambiente hostil
Um dos principais pilares da franquia System Shock é a sua exploração de ambientes. Jogadores que vasculham cada canto do mapa e prestam atenção aos detalhes são bem recompensados com itens úteis, como armas, munições, kits médicos, pontos de melhoria e muito mais, além de documentos que aprofundam a narrativa por meio de gravações de áudio, assim como no primeiro jogo. Afinal, se quase todos estão mortos, quem mais vai nos contar o que aconteceu?
As diversas explorações ao longo da campanha devem ser feitas com cautela: embora recompensadoras, também são perigosas, e uma decisão errada pode ser fatal. System Shock 2 apresenta uma dificuldade considerável. É fácil morrer em combate, já que muitos inimigos causam grande dano. Saber como enfrentar cada tipo de criatura ou robô é essencial para a sobrevivência. Por isso, o jogador deve estudar o cenário: qual tipo de arma usar? Corpo a corpo ou de longo alcance? Qual munição é mais eficaz? Devo correr e economizar recursos ou eliminar todos os inimigos? Todas essas decisões importam nesse ambiente hostil.
Jogabilidade refinada, mas nem tanto
System Shock 2 apresenta uma jogabilidade sólida, com comandos responsivos na maior parte do tempo, proporcionando uma experiência satisfatória. No entanto, alguns trechos, como escadas ou seções que exigem saltos precisos, podem ser frustrantes, já que às vezes o sistema de pulo nos deixa presos em bordas de cenário. Felizmente, esses momentos são raros.
Outro ponto é que a interface claramente foi pensada para teclado e mouse. Muitos itens e atalhos rápidos não funcionam de forma tão intuitiva ou eficiente nos controles. Mas isso já era esperado, considerando que o jogo original foi lançado em 1999, exclusivamente para computadores. Ainda assim, rapidamente nos adaptamos e conseguimos jogar com tranquilidade. A Nightdive Studios fez um bom trabalho ao adaptar os comandos, permitindo que a experiência seja bem aproveitada mesmo nos controles.
Uma variedade de mecânicas e habilidades
Se há algo que System Shock 2 oferece, é variedade. Já no prólogo, nosso soldado passa por um treinamento no qual podemos distribuir pontos entre atributos e habilidades. São quatro atributos principais: força, resistência, agilidade e cibernética. E várias habilidades associadas aos atributos: hack, reparo, modificação, manutenção e pesquisa. Também é possível melhorar o domínio com diferentes tipos de armas: padrão, pesadas, exóticas e de energia.
Esses atributos e habilidades afetam desde a quantidade de pontos de vida e a facilidade para hackear portas e câmeras até o dano causado por armas e a possibilidade de reparar equipamentos quebrados. Além disso, o personagem possui pontos de psiônica, permitindo o uso de poderes psíquicos – que incluem habilidades ofensivas, defensivas, passivas e de cura.
O maior problema, no entanto, é a ausência de uma lanterna (item presente no primeiro jogo) ou mesmo um poder psíquico que ilumine o ambiente. Considerando que muitos locais são escuros, essa ausência acaba sendo um problema em vários momentos da campanha.
Atualizando um clássico
Considerando o excelente trabalho de preservação que a Nightdive Studios vem realizando com jogos clássicos ao longo dos últimos anos, não é surpresa dizer que System Shock 2: 25th Anniversary Remaster entrega a melhor versão possível do jogo para novatos e veteranos. Com gráficos atualizados, animações mais fluidas e melhorias de qualidade de vida, System Shock 2 é um título obrigatório para quem gosta de um bom jogo de ação e aventura.
Mas, claro, reduzir System Shock 2 a um simples jogo de ação e aventura seria injusto. O título combina elementos de RPG, survival horror e immersive sim, tendo servido de inspiração para diversos clássicos que vieram depois – como o primeiro BioShock, por exemplo. Por fim, mesmo que o jogo não possua tradução para o português brasileiro (ao contrário do remake do primeiro título), ainda assim, eu não poderia deixar de recomendá-lo.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster
Prós
- Gráficos atualizados
- Ótima ambientação
- Exploração recompensadora
- Variedade de equipamentos e habilidades
Contras
- Ausência de lanterna
- Alguns trechos com pulos complicados
- Ausência de tradução pt-br
