Você sabe o que é um tamarin? Acredite ou não, esse simpático macaquinho habita originalmente algumas regiões do norte da colômbia e alguns cantos da Floresta Amazônica. Inspirado no primata de mesmo nome, Tamarin é um jogo que mistura shooter (tiro) e plataforma de uma maneira bizarra. Ajude o pequeno macaquinho a salvar sua família das garras de terríveis insetos mutantes, enquanto se aventura por florestas devastadas pela poluição e o desmatamento.
Desenvolvimento: Chameleon Games
Distribuição: Chameleon Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação indicativa: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Xbox One e PC
Duração: 7 horas (campanha)/ 9 horas (100%)
A floresta pede socorro
No interior de uma vasta floresta cheia de vida, os animais viviam em harmonia na aldeia dos tamarins. Até que um dia, um exército de insetos mutantes chega invadindo e queimando suas casas, levando todos os animais como prisioneiros. Eles destroem tudo que tocam e, rapidamente, transformam toda natureza do local paradisíaco em fábricas e usinas, poluindo o ar, os lagos e os rios.
É aí que o nosso pequeno Tamarin inicia sua jornada. Com a ajuda de um outro amiguinho sobrevivente, o ouriço, nosso herói ganha armas e parte em busca de seus amigos e dos outros bichinhos da floresta.
Sim, isso mesmo que você leu: armado! Embora tenha uma aparência fofa, Tamarin nos remete mais a jogos estilo Conker’s Bad Fur Day ou Ratchet & Clank. Prepare-se para muito tiro explosão, pois o pequeno Tamarin não está para brincadeira! Munido de sua metralhadora, ele irá enfrentar sozinho as tropas de insetos mutantes para salvar seus entes queridos.
Armado até o pescoço
Logo de cara, já é possível notar a forte inspiração que o jogo teve em Jet Force Gemini, de 1999 para o Nintendo 64. O enredo simples trazia, ao jogador, a missão de salvar os habitantes de um planeta que foram levados prisioneiros por um exército de insetos alienígenas. Qualquer semelhança não é mera coincidência! Tamarin foi criado por alguns ex-desenvolvedores da Rare. Um projeto independente que veio para trazer aos consoles atuais um pouco daquela divertida aventura e exploração dos antigos jogos de Nintendo 64.
Tendo muito de sua jogabilidade importada diretamente de Jet Force Gemini, incluindo até alguns inimigos como as terríveis formigas mutantes, Tamarin tenta misturar uma aventura alucinante de tiro com elementos de plataforma.
Porém, a combinação pode ter dado certo anteriormente com o jogo de 99, mas com Tamarin a história é outra. Não fica clara a imagem que os criadores quiseram passar do macaquinho. Destoado entre um animalzinho fofo e um assassino em busca de vingança, da mesma forma acontece com a falta de ligação entre os níveis de plataforma e tiro.
Durante sua jornada, ora Tamarin estará armado, podendo mirar e atirar, ora será um indefeso macaquinho que abusa de seus dotes acrobáticos para escalar montanhas e superar obstáculos. No entanto, as duas coisas não se misturam de forma natural. Armado, Tamarin perde sua capacidade de escalar, enquanto que sem suas armas, ele fica indefeso e vulnerável aos ataques dos insetos mutantes.
Se a ideia é deixar o jogo mais desafiador, ela acaba indo por água abaixo pois, junto com a jogabilidade falha de alguns movimentos (como saltos, ou mira), o jogo se torna truncado em alguns momentos, frustrando jogadores que esperam por uma experiência mais suave.
Todo encanto tem seus defeitos
Tamarin é um jogo pensado na geração atual. O visual é muito bonito, nos entregando vistas de tirar o fôlego, mesmo se tratando de um jogo indie. Seja por florestas vastas ou destruídas, Tamarin consegue passar a mensagem de preocupação com a preservação das florestas e do meio ambiente. O jogador será levado de ricas paisagens verdes para a selva em chamas e fábricas poluidoras em segundos. Entretanto, não espere pelo mesmo vislumbre com a trilha sonora.
Mais uma vez aqui, é fácil notar a inspiração em jogos antigos da Rare. Com músicas que lembram muito outro jogo protagonizado por macacos da antiga empresa, trazendo belas músicas instrumentais com a presença de tambores e flautas. Mas, de uma hora para outra, você irá se deparar com áreas totalmente silenciosas ou, por trilhas genéricas e repetitivas, quase como se você estivesse preso em uma balada eletrônica dos anos 2000. Assim como no resto do jogo, a trilha sonora também parece se perder à medida que o jogador avança.
A falta de checkpoints também é outro ponto a ser notado. Embora não apresente muitos desafios, caso o jogador morra, ou acabe não conseguindo salvar algum dos seus amigos para os ataques dos terríveis insetos, sua única opção será refazer o nível todo, ou voltar até um checkpoint longínquo, o que não deixa claro se o jogo foi pensado nos jogadores casuais ou nos saudosistas da época dos difíceis jogos de plataforma do N64.
A selva pede socorro
Repleto de coletáveis, armas e movimentos para desbloquear, Tamarin pode ser um belo convite aos antigos jogos de plataforma 3D dos anos 2000. Entretanto, não parece mirar no público correto. Sua jogabilidade dura e confusa pode acabar afastando crianças mais jovens atraídas pelo seu visual fofo e infantilizado.
Com controles falhos de saltos e mira, o jogo se perde em ambos os estilos, não sendo bom nem como plataforma e nem como shooter. Os níveis longos e confusos podem afastar jogadores casuais que procuram algo para passar o tempo. Ao se aventurar por Tamarin, tenha em mente que, embora muito tentador aos olhos, a experiência pode não ser tão bonita quanto se imagina.
Esta review foi feita com uma cópia de PS4 cedida pelos produtores.
Revisão: Jason Ming